Estrada, mata e cascalho rumo ao Véu da Noiva

André Monteiro conta como foi sua viagem para uma das cachoeiras mais lindas do Brasil.

Por André Jordão

André Monteiro

Era sexta feira, último final de semana das férias, conversava com meu primo sobre o que a gente faria naquela noite. Decidimos dormir mais cedo para no sábado fazer um passeio, ver umas belezas naturais do estado de Pernambuco.Véu da Noiva, a maior cachoeira da região se não do estado, foi à escolhida.

Então fizemos um lanche noturno e eu fui dormir. Meu primo foi para o computador. Não era ele que ia pilotando mesmo então era tranquilo ele dormir mais tarde. No dia seguinte acordei cedo e fiz questão de acordá-lo logo em seguida, mesmo sabendo que ele não tinha muito que arrumar antes de sair. Foi só para mostrar que ele deveria ter dormido mais cedo.

Arrumei a bagagem que era pouca, amarrei na moto e pegamos a estrada, ainda estava bastante frio, pois era muito cedo. Chegando na pista paramos pra abastecer antes de seguir viagem, seriam aproximadamente 50km até lá.

Seguimos viagem subindo a Serra do Retiro, subida com bom asfalto, entretanto sem sinalização e cheia de curvas, além de alguns poucos motoristas imprudentes. Chegando no alto da serra passamos em frente há um castelo e depois de passar pensei: Por que não parar para tirar umas fotos? Então voltamos e tiramos algumas fotos antes de seguir viagem.

Alguns km à frente, chega Bonito e então entramos para seguir rumo a cachoeira. Saindo da cidade, nos deparamos com uma pista cheia de pedras e ainda por cima em reforma. Agradeci pela minha moto ser alta e então encarei o caminho. Como se não bastasse a serra que subimos a caminho da cidade, essa nova estrada era novamente uma subida cheia de curvas e com um lindo cenário cheio de montanhas e matas ao redor.

À medida que íamos subíamos o vento ficava mais forte e frio, já veio logo na minha cabeça, como seria a temperatura da água na cachoeira? Mas me concentrei na estrada e deixei para me preocupar com isso quando chegasse lá.

Depois de poucos quilômetros na estrada de pedra, encontramos uma bela pista bem perto da cachoeira, fazendo com que a gente pegasse apenas uns três km de estrada de terra. Mais a frente havia uma placa que dizia: PISTA EM OBRA! DESVIO A ESQUERDA!

Voltou o sorriso no meu rosto, afinal eu adoro andar em estrada de terra apreciando as belezas que a natureza pode nos proporcionar, e olha que não eram poucas. Seguimos pelo desvio e depois de passar por algumas plantações de flores e de inhame, saímos em uma pequena ponte que passava por baixo de um riacho de águas cristalinas.

Seguimos em frente, pois não tínhamos idéia do tamanho do desvio e estávamos ansiosos pra chegar na cachoeira. Entre subidas, descidas e muitas curvas, chegamos a um trecho de mata fechada, onde a estrada parecia ser engolida pela mata, e novamente me veio o sorriso no rosto e o pensamento: Esse desvio ta me saindo melhor do que eu pensava.

Depois de um tempo dentro da mata lá vem novamente uma surpresa, outra nascente descendo da montanha, com água pura e cristalina. Paramos um pouco para apreciar o lugar, mas, devido ao avanço da hora seguimos a viagem e um pouco à frente nós vimos uma industria de engarrafar água mineral, depois de ver a quantidade de água que tem por lá já estava esperando encontrar algo parecido.

Mais algum tempo na estrada e chega novamente à pista que está em reforma. Entramos nela e uma placa dizia: Cachoeira Véu da Noiva. Entramos e seguimos novamente por uma estrada de terra cortando uma montanha, onde um pequeno riacho nos acompanha até chegar na cachoeira.

Lá, trocamos de roupa e descemos para dar uma olhada. Logo na entrada impressiona, a paisagem de um riacho correndo em meio às pedras e acabando em uma queda d’água que cai em um pequeno lago. Seguimos acompanhando a água que saía do lago e corria para a cachoeira. Quando de repente nós encontramos uma nova cachoeira de aproximadamente 36 metros de altura.

Um grupo de pessoas estava lá se preparando para descer de rapel. Então fui pelo caminho lateral que levava para baixo dela. Quando há vi pensei: “Rapadura é doce, mas não é mole não”. Realmente o caminho da descida é horrível, mas depois de todo sacrifício vem a recompensa.

Chegamos lá em baixo e pude avaliar a beleza daquele lugar, pensei comigo o quanto à natureza pode ser bela, logo corremos pra baixo da cachoeira, outra sensação inexplicável, o bem que faz ficar sentindo a força da água.

Seguindo para baixo a fim de encontrar uma menor, acabamos descobrindo uma linda caverna com uma queda d’água dentro, e novamente o sorriso estava estampado no meu rosto. Ficamos um tempo por lá. Observamos que eram mais de 15h e ainda teríamos que voltar e pegar aquele desvio novamente, que não era nada curto.

Então nos aprontamos e quando subimos na moto perguntamos a um morador se tinha outro caminho, ele apontou para o caminho que continuava a entrar na mata e falou que por ali chegaríamos na pista.

Decidimos então fazer o caminho diferente para aproveitar um pouco mais do local, logo no início era péssimo e cheio de pedras, me senti fazendo trilha com um garupa, mas depois de poucos quilômetros a estrada ficou boa, ai foi só alegria.

Passamos por outro riacho e por outra ponte quando demos de cara com a pista que estava sendo construída, só que um trecho havia sido liberado, nunca peguei uma estrada com tantas curvas e com uma paisagem tão bonita ao redor, aí então foi só rumar de volta para casa maravilhados com a beleza da natureza e um pensamento em comum: Logo, logo volto para esse lugar.

O “motonauta” André Monteiro participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.


Fonte:
Moto Repórter

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