Relato: Minha primeira viagem de moto
Uma pequena aventura pelo nordeste, mas muitas dicas para dividir com os demais motociclistas.
Por Leandro Alvares
Por Leandro Alvares
Germano Silveira
No último domingo, fiz minha estréia de moto nas estradas com minha Honda Bros 150cc, comprada no fim de dezembro. Minha primeira aventura, uma viagem curta, mas muito bem aproveitada em seus 80 km (ida e volta) pelo nordeste brasileiro.
Saí de Fortaleza (CE) às 12h30. Depois de almoçarmos no Las Leñas, fomos subindo pelo Cambeba e depois pelo caminho da Ceasa. Foi uma delícia pegar uma estrada e não precisar parar em sinal.
Olhei para aquele “estirão”, como se diz no Ceará, e pisei fundo, ou melhor, apertei fundo a maneta do acelerador. Os glúteos reclamaram um pouco no início, mas depois se adaptaram bem.
Minha namorada, de carro com uma amiga, acompanhou-me na aventura. Fomos ver os saltos de asa delta. Muito legal. Tem um bar base onde deixamos moto e carro e subimos uma trilha de 200 m.
A pequena cidade de Pacatuba ficava próximo dali, mas não fomos até lá, pois era difícil a subida. A Dani sentiu até gosto de sangue na boca. Segundo ela, que é enfermeira, era resultado do esforço do coração para bombear o sangue por causa da subida.
Mas lá em cima vale a pena o sacrifício, pois a vista é de tirar o fôlego. Durante o trajeto íngrime, Boca, um piloto de asa delta que nos acompanhava, nos disse que os urubus voam em grandes altitudes para matar as bactérias das carniças que comem. Só esqueci de perguntar se as hienas subiam o Kilimanjaro para fazer o mesmo. Mas é provável que o suco gástrico delas seja tão forte que as coitadas não precisem desse inconveniente de subir um monte tão alto depois de uma refeição. Seja como for, tomara que naquela subida algumas bactérias dos niguiris que comi no Lãs Leñas tenham sucumbido por falta de oxigênio no cérebro.
Achei bastante seguro e muito emocionante o vôo da asa delta. Planejamos voar em breve. Agora, minha primeira estrada também não foi pouco emocionante. Alcancei também meus primeiros 100 km/h na moto.
Eu a batizei de Liberty. Aprendi muito nessa pequena viagem. Primeira lição: como minha moto é de apenas 150cc, embora ela chegue bem a 120 km/h, 100km/h foi o suficiente para ela.
Por ser leve, sente bastante a resistência do vento e a partir de 100 km/h atravessa-se (nesta minha moto) a fronteira de segurança. Entre 80 km/h e 90km/h, na minha opinião, é o ideal para andar numa rodovia com esse modelo.
Aos 80km/h, tem-se habilidade para desviar de buracos e animais. Acima disso é perigoso. Motos estradeiras mais pesadas, de 600cc ou mais, andam a 100km/h sem esforço e trepidação.
Segunda lição: estrada implica vestir casaco e capacete com viseira abaixada. Durante o trajeto, recebi três pedradas: dois no capacete e um no casaco. Não sei o que eram, podiam ser apenas besouros. Seja lá o que for, a velocidade faz esses bichos ganharem massa e peso e a pancada parece uma pedra!
O casaco evita uma luxação e a viseira abaixada, um ferimento grave no rosto. A luva é indispensável: garante uma pegada mais firme, segura e não sua. Ela também protege do sol e de alguma pancada de besouro ou detritos, além de uma possível queda, o que não queremos que aconteça nunca, mas é bom estar bem equipado.
Terceira lição: segurar firme a moto à passagem de um caminhão ou ônibus. A força do vento é uma pancada de massa de ar sobre a moto e pode desestabilizá-la. Nunca desconcentrar nisso. À vista de qualquer veículo pesado em alta velocidade, agarre a moto firme.
Quarta lição: percebi que andar próximo a um carro (próximo, não perto) melhora o desenvolvimento da moto se estiver indo contra o vento. O carro “fura” o ar para a moto e evita que algum motorista imprudente faça uma ultrapassagem errada do outro lado e venha na sua direção. O carro faz essa barreira. É claro que mudaria de “barreira” o tempo todo se o carro da frente não fosse o da minha namorada.
Quinta lição: estar atento às marcas de óleo na estrada deixadas por caminhões e veículos em geral. Por isso, na medida do possível, procure nunca viajar à noite.
Seguindo estas dicas e viajando com tranqüilidade (esqueça a pressa), dá para fazer uma viagem tranquila, agradável e inesquecível. E, depois de tudo, se impressionar até onde se pode ir com uma simples moto.
Essa foi minha primeira estrada. Espero que seja a primeira de muitas e muito mais longas.
O “motonauta” Germano Silveira participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.
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