Em Ushuaia com uma BMW HP2

Confira o relato desta aventura rumo à cidade argentina, que aconteceu no mês de janeiro.

Por Leandro Alvares

José Teiga Júnior

O primeiro trecho foi até a fronteira com o Uruguai via Jaguarão, viagem tranqüila até Pelotas pois nos últimos 130 km pegamos uma chuva considerável, mas depois de quatro horas estávamos lá.

Resolvemos ir por Montevidéu para ver se conseguíamos pegar o Buque Bus, mas não conseguimos. Fomos para Colônia para tentar um mais tarde, onde só conseguimos passagem no outro dia.

Dia muito bom, com início em Buenos Aires ao meio dia com trânsito leve. Nos primeiros 450 km, tudo ótimo e os últimos km mais chato e com vento. Incrível, mas os que já fizeram esse trajeto sabem que esse trecho sem vento e chuva é raro. Mas devido aos hotéis de Península Valdez estarem lotados, seguimos em frente até Puerto Madryn.

Já no dia 19 seguimos até Caleta Olívia, muitas retas e sem problemas com o abastecimento da HP. O vento estava vindo do rumo norte e isso aumentou o desempenho.

Neste trecho encontramos vários grupos de moto, mas a primeira HP nestas bandas era a minha! Saímos cedo no dia 20, o objetivo era fazermos a travessia do Estreito de Magalhães, pois não estávamos afim de chegar muito tarde e não conseguirmos o hotel em Cerro Sombrero.

Conseguimos atravessar a fronteira sem problemas e com muita sorte, passamos a balsa do Estreito de Magalhães direto. Na chegada ao hotel, que teve lugar por sorte, encontramos uma dupla de ingleses com duas Dominator da Honda. Seguimos juntos até Ushuaia.

No dia 21 a saída foi cedo, pois tínhamos um trecho de cascalho neste dia, e esse amigo aqui se tornou o primeiro motociclista a chegar ao ponto mais Austral do Mundo com uma BMW HP2!

Ainda neste dia, seguimos até La Pataia para chegar ao final da estrada, o ponto culminante. No cascalho do parque, o Jimi tomou um “buléo” na saída de uma ponte, sem danos.

No dia 22 aproveitamos para passear pela cidade, primeiro subimos o Glaciar Martial e pela tarde fizemos o passeio de barco pela baía e Canal de Beagle. Na data seguinte, começamos o retorno. O objetivo era Puerto Natales.

Saímos cedo de Ushuaia com chuva e vento, situação bem típica da região. Infelizmente, quando estávamos andando dentro da balsa ficamos sabendo de um acidente com um dos nossos parceiros que estavam viajando conosco, estávamos em estradas diferentes e não vimos como realmente aconteceu.

Um dos motociclistas tinha batido em uma van no rípio da 253 e que a moto tinha pegado fogo na batida, com o falecimento do piloto. Ficamos em estado de choque e sem saber se as notícias eram confiáveis.

Já quase em Puerto Natales, onde paramos em um posto policial, é que nos confirmaram o falecimento de um dos pilotos. Com o Jimi ao meu lado, optamos em voltar pelo trajeto mais curto para a casa.

No dia 24, focados em continuar a viagem, acordamos cedo para fazer um dos trajetos mais lindos que já presenciei em minha vida. Primeiro foi o parque Torres del Paine e depois a bela cidade de El Calafate e o Glaciar Perito Moreno.

Na manhã seguinte, seguimos por uma estrada alternativa, o rípio da Ruta 9. A primeira parte nesse dia foi difícil, foi torturante! O vento quente fazia as motos sairem lateralmente e a temperatura de 40 graus estava de matar. Mas apesar das adversidades, chegamos a Comodoro Rivadávia.

No dia 26, saímos de Comodoro e seguimos para Puerto Madryn. No dia 27 seguimos adiante, passando por Bahia Blanca, direto até Tres Arroyos. No dia 28 saímos com intenção de dormir já no Uruguai. Dia de chuva, foram 500 km de total stress, pista com óleo, Buenos Aires com as vias cheias.

O Jimi, como um grande andador de trilha, estava sem a roupa adequada para andar na chuva. Pegamos o buquebus para Montevidéu e jantamos uma carne maravilhosa no Mercado del Puerto.

No último dia, saímos cedo para chegarmos ainda de dia a Porto Alegre, já que o Jimi ainda teria de fazer mais um trecho até Caxias. Viagem realizada! 9200 km e estamos de volta. Um grande e especial abraço ao meu parceiro Jimi, pois além de um grande parceiro, tornou-se meu grande amigo.

Nota: Quando estávamos na estrada, próximo de Bahia Blanca, encontramos dois brasileiros de moto e um casal com uma camionete, que nos falaram a versão final do acidente ocorrido com o inglês. A princípio, pensávamos que era o Tony, mas foi o seu colega Glenn. Contaram a forma que eles ajudaram o nosso amigo na hora do acidente ocorrido pela imprudência do motorista argentino, que foi ultrapassar um caminhão na ruta coberta de pó e bateu de frente no nosso amigo, que teve morte instantânea.

Bem pessoal, não muda nada a perda, mas que isso seja descrito para avisar que essa ruta ao lado de Cerro Sombrero, a Ruta 3, seja desviada pela que vai para Porvenir, que tem menos trânsito e também com o rípio melhor.

Se quiserem ver toda a viagem, entrem no meu fotoblog: http://teigaadventure.ushuaia2008.nafoto.net

O “motonauta” José Teiga Júnior participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.

Fonte:
Moto Repórter

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