Viajar de motocicleta é uma experiência formidável e inesquecível. A única dificuldade enfrentada pelos estradeiros, à medida que o currículo vai engordando, encontra-se na hora de definir qual foi o episódio mais bonito, o que trouxe maiores desafios, o mais marcante.
Pensando nesta árdua escolha, o MOTO.com.br resolveu abrir um espaço especial para os amantes do motociclismo contarem suas histórias, sejam elas construídas em estradas do Brasil ou de outros países.
O relato desta semana trata sobre uma viagem do moto clube mineiro Lesmas do Asfalto, que em novembro de 2004 partiu para uma aventura de 22 dias entre Belo Horizonte (MG) e Valparaíso, no Chile.
A expedição contou com a presença de três máquinas de duas rodas: uma TDM 800, de Maurício Gomes de Melo e Fátima, uma XT600 pilotada por Wagner e uma Virago 535, conduzida por Gerhainer.
Confira o “diário de bordo”:
Nossa primeira ação foi definir uma quilometragem diária a ser percorrida, que acabou sendo de 500 km. Além disso, optamos por não rodar no período noturno e estabelecemos um ritmo de velocidade de 120 km/h.
Saímos de Belo Horizonte no dia 6 de novembro, com destino a Barrinha (SP), onde passamos a primeira noite. De Barrinha fomos até Londrina (PR) e na seqüência Foz do Iguaçu (PR), cidade em que fizemos um tour para conhecer Itaipu, a maior usina hidrelétrica do mundo, e o lado brasileiro das cataratas do Iguaçu, um mundo maravilhoso de água e parque natural.
Entramos na Argentina no dia 10, debaixo de chuva durante 250 km e fomos até Santo Inácio conhecer uma das missões espanholas. Continuamos viagem até Corrientes, chegando por lá à noite, pois a XT furou o pneu e fez com que dormíssemos mais tarde.
Seguimos para Santiago del Estero, onde ficamos perdidos e fomos parar no alto de Puertezuello. Por sorte, tivemos a agradável surpresa da paisagem ao nível dos pré Andes. Saímos para conhecer o Vale de la Luna e o Parque de Talampaia, mas chegando a La Rioja descobrimos que o acesso estava ruim e nossas motos, à exceção da XT, não foram não foram feitas para andar no rípio (cascalho).
Conhecemos o casal Steven (americano) e Ana Maria (colombiana), que estava com uma DR 650 andando pela América do Sul há um ano. Passamos pelo local em que os argentinos reverenciam a “Defunta Correa”, santa para eles. Chegamos em Mendoza dia 13, naquela que foi a nossa última parada antes de entrar no Chile.
Finalmente partimos para Santiago, passando pela Cordilheira dos Andes (árida e com gelo). A alfândega chilena é muito burocrática; demoramos bastante até começar a descida dos “Caracoles” (acesso sinuoso) e, logo após, tomamos uma chuva de granizo (50 km) num trecho que estava em reforma.
Chegamos a Santiago à noite e, no dia seguinte, trocamos o óleo e demos uma geral nas máquinas, partindo em seguida para Valparaíso, conhecendo enfim o oceano pacífico (água muito fria).
Retornando à Santiago para conhecer a cidade, fomos convencidos pelo gerente do hotel a esperar o dia seguinte, pois George Bush (presidente americano) estava na cidade e haveria (como houve) protestos e brigas na região central.
Como estávamos com data marcada para voltar, deixamos o passeio para outra ocasião, indo apenas até o Palácio do Governo, o “La Moneda”, que tem este nome porque é um prédio que deveria ser construído no Rio de Janeiro para ser a nossa casa da moeda, e a nossa casa da moeda deveria ser o palácio do governo chileno. Resultado: nenhum dos prédios funcionou a contento.
Saímos de Santiago rumo a Mendoza, mas na subida dos Caracoles tivemos problema com a TDM (queimou as velas). Como não tínhamos vela sobressalente, ela foi rebocada pela XT até Puente Del Inca, onde pernoitamos.
De manhã providenciamos um reboque em Uspalata até Mendoza, para lá resolver o problema. Rumo à General Lavalle, local em que se encontra a maior represa argentina (Santo Antônio), viajamos sem problemas.
Chegamos em Buenos Aires e ficamos na capital por dois dias, aproveitando para conhecer “Caminito”, “La Bombonera”, “Puerto Madero”, “Ricoleta”, andar no metrô mais velho da América Latina e ver tango de rua na “Cali Florida”.
Saindo de Buenos Aires rumo a Tacuarembó, no Uruguai, fomos multados por não possuir seguro Mercosul. Ficamos no hotel Carlos Gardel (homenagem ao maior cantor da Argentina que era uruguaio).
Em São Gabriel, já no Brasil, ficamos no hotel San Isidro (parada obrigatória dos argentinos que vão para Florianópolis, onde a piscina era tratada com sal). Em Capão da Canoa, relaxamos na praia. Partimos então para Joinvile, Bragança Paulista e retornamos a Belo Horizonte com a sensação de missão cumprida, aguardando o próximo passeio.
Observações:
1) Fazer seguro Mercosul.
2) Levar velas, corda, reparador de pneu, câmara de ar e lubrificante de corrente.
3) Levamos extintor de incêndio, pois em 2003, numa viagem a Buenos Aires, a polícia exigiu o item.
4) Adaptador 220/ 110 volts.
5) O custo da viagem ficou em R$ 100,00/ dia por pessoa.
Envie sua experiência de viagem ao MOTO.com.br, pelo e-mail [email protected]. Teremos o prazer em conferir a aventura e dividi-la com os demais internautas do site.
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