Mário Sergio Figueredo
Naquele mês de novembro, como não consegui conciliar minhas férias com as da minha mulher, e era um período fora de temporada (não havia nenhum companheiro na mesma situação que eu), resolvi ir pra estrada sozinho mesmo.
Saí de Curitiba (PR) montado numa Honda NX-350 Sahara, com a idéia de ir até Porto Alegre pelo litoral (BR-101) e voltar pelo interior (BR-116). Mas a idéia era não ter percurso definido, nem calendário, nem relógio, ou seja, viajar ao sabor do vento. Cada lugar que eu gostava eu ficava um dia a mais pra conhecer melhor.
Entrei em tudo quanto é buraco que encontrei. Vi praias maravilhosas, visitei Floripa com bastante calma, onde comi muita seqüência de camarão e ostras e conheci pessoas maravilhosas também. No meio do caminho meu roteiro mudou. Ao chegar em Tubarão (SC), recomendaram que eu fosse até São Joaquim (SC), pra conhecer a Serra do Rio do Rastro.
Lá fui eu. Putz! Que fantástico, que maravilha! Subi a serra, desci e subi de novo, de tão fascinante e apaixonante que ela é. Recomendo a todos passear por lá um dia. No dia seguinte, resolvi vir embora pra casa, pois eu já estava na estrada há 13 dias maravilhosos.
Tomei café da manhã no hotel em São Joaquim e caí na estrada, preparado pra 500 km. Após umas 2 horas de pilotagem, parei num posto para abastecer (a moto e eu) e logo parou um outro motociclista, com uma BMW 1200 LT, o que chamou a atenção de todo mundo, pois é uma moto incrível e meu sonho de consumo.
Tão logo ele parou e tirou o capacete eu o reconheci. Me aproximei e perguntei: - Comandante Rolin? Sim, era ele mesmo, o já falecido Comandante Rolin, fundador da TAM. Ficamos quase meia hora conversando e ele disse que todo ano ia uma ou duas vezes até o Chile, de moto.
Naquele dia ele havia atrasado a saída de São Paulo e ia encontrar-se com o resto da galera em Porto Alegre pra seguir num grupo de cinco amigos, para a travessia da Argentina e da Cordilheira, em direção ao Chile.
Aquela era, segundo ele me confidenciou, o maior prazer que ele tinha na vida, onde conseguia descarregar todo o stress que a vida de executivo lhe impunha. Fiquei pasmo com a simplicidade e a gentileza de pessoa tão conhecida no cenário nacional. Ele até me convidou pra seguir viagem com ele. Que vontade de ir junto, mas com a minha Sahara, nem pensar. A moto até que agüentava, mas eu não ia conseguir acompanhar a tocada e o preparo financeiro deles. Se estivéssemos de carro, nem sequer teríamos nos olhado. A moto facilita conhecer outras pessoas.
PS: Este é o primeiro de vários "causos" ocorridos na estrada durante a minha longa aventura como motociclista. Pretendo contar outros vários, alguns cômicos e outros tristes. Até nosso novo encontro.
O “motonauta” Mário Sérgio Figueredo participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.
Fonte:
Moto Repórter
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