Caminho do Peabiru: Ao Invés de Voltar para casa... Cidade Sagrada!

Guga Dias resolveu ficar mais um pouco em sua jornada e nos conta tudo sobre o 33º e 34º dia.

Por Roberto Brandão

33º DIA
De : Nasca/PE
Até : Lima/PE
KM Rodado : 455 Km
KM Total : 6771 Km

Nosso roteiro previa iniciar a volta para casa a partir de Nasca, descendo para o Sul até atingir o Chile e depois Argentina antes de entrar no Brasil.

Mas quando voltaremos para estas bandas? Acho que não tão cedo, então resolvemos alterar a rota numa mudança que acrescentará cerca de uns 1000kms a mais.

Ao invés de voltar, resolvemos subir mais e seguimos para Lima.

Estava tudo pronto para sair às 10h (local), mas na hora de pagar eu só tinha Dólares e o Hotel não aceitava. Tive que ir até a praça e entrar na fila do Banco de Arequipa, pois somente os bancos trocam Dólares.

Essa brincadeira me colocou na pista apenas às 11h30, e lá fomos nós em direção a Lima.

Antes demos uma parada no Mirante das Linhas de Nasca, uma torre que fica diante da Árvore e das Mãos... são dois Soles para subir uma torre de menos de 20 metros para admirar dois desenhos.

Sinceramente vale muito mais o vôo, e como tinha muita gente para subir... seguimos viagem.
Esse trecho foi interessante... passamos por cerca de 4 motociclistas (uma dupla e dois solos) rodando as Rutas do Peru, e pelas placas, eram todos peruanos.

O caminho é bem simples, basta seguir a Panamericana rumo ao norte.

A pista é muito boa, mas requer atenção após o Mirante das Linhas de Nasca, pois neste trecho se inicia uma reta de 60kms sem absolutamente nada... pra não dizer nada, contei um pseudo vilarejo com três botecos, uma borracharia e uma antena da Claro.

Posto de gasolina? Nada!

Passado esse trecho, é necessário paciência, pois cruza-se as cidades de Santiago e Ica e seus 30 e poucos kms são repletos de pedestres, trânsito local, caminhões, tratores e o que mais você imaginar.

É um trecho que retarda muito a viagem, mas depois deslancha ate a cidade de Chincha onde novamente o trânsito fica enjoado, mas em menor quilometragem.

Chegando finalmente às margens do Pacífico, a Panamericana sofre duplicação e dá para entortar o cabo.

Mas fique atento ao combustível... nessa altura, meu tanque estava quase vazio e eu me perguntava por que não tinha abastecido.

Quando se está viajando sozinho, isso é um problema seu, mas com garupa... é mais complicado, se você for casado com a garupa... você está lascado se der pane seca.

Por sorte, cerca de uns 50kms chegamos a San Vicente de Cañete e com ele um Grifo (posto de gasolina). O tanque estava vazio e depois de completo, faltavam 110kms até Lima.

Fomos margeando o Oceano Pacífico que, comparando com a costa brasileira, não tem graça alguma. Um ou outro Resort e pasme, dezenas de criadores de frango, assim, na beirada do mar.
O tempo estava encoberto por uma forte neblina, mas que não tocava o chão, então a impressão é que o tempo estava fechado, o que não era verdade.

Ao chegar em Lima, encontramos um trânsito caótico e demoramos para encontrar nosso hotel em Miraflores, um bairro chic beirando o mar, aqui em Lima.

Amanhã faremos um passeio bem distante de Lima, e na volta traremos boas fotos do lugar incrível que vamos visitar... fique com a gente!

CARAL, MAIS ANTIGA QUE OS EGÍPCIOS

34º DIA
De : Lima/PE
Até : Lima/PE
KM Rodado : 455 Km
KM Total : 6771 Km

Como eu já havia comentado no nosso perfil do Facebook (Gugasmc), Lima se assemelha muito com São Paulo, tanto pelo porte de suas avenidas e trânsito intenso, seja por suas inúmeras atrações.

Mas não foi isso que nos trouxe até a Capital.

Para conhecer Lima seria necessário uma semana ou no mínimo uns 4 dias... mas não temos esse tempo e nosso objetivo era outro.

Viemos para conhecer a Cidade Sagrada de Caral que fica a uns 200kms ao norte de Lima e que desde 2002 é um Patrimônio Mundial segundo a UNESCO.

Para se ter um idéia do que é Caral, podemos começar dizendo que estas ruinas possuem mais de 5.000 anos, ou seja, 3.000 anos antes de Cristo, ou 1.000 anos mais velha que a civilização egípcia.

Caral era um santuário de oferendas aos deuses, onde suas pirâmides tinham por função, servir de altar para as autoridades e sacerdotes durante os rituais.

Ao todo são 32 construções entre pirâmides, anfiteatros e casas para elite e salas de oferendas.

Pesquisas revelam que a civilização de Caral era pacífica e nunca foi encontrado um artefato de guerra. E acredita-se que até 3.000 pessoas habitavam o vale nos áureos tempos.

Hoje, 8 pirâmides estão em processo de recuperação que resulta em fotografar, filmar, catalogar e restaurar as paredes que estão prestes a cair, porém, se levarmos em consideração os 5.000 mil anos de existência, Caral suportou muito bem o impacto do tempo.

Em meados dos anos 40 foram feitas fotos aéreas do local, mas imaginou-se que seriam apenas montanhas, uma vez que desmoronamentos e o acumulo de areia, não dava idéia do que se escondia no vale.

Nos anos de 1994 iniciaram-se os trabalhos de escavação e neste ponto realmente Caral começou a ser descoberto. Incrível um sítio a cerca de 25kms do mar levar tantos anos para ser descoberto.

Para chegar em Caral é necessário seguir pela Panamericana Norte cerca de 200kms após Lima e na cidade de Vegeta pegar um acesso de 22kms. Na verdade na altura do 19km existe uma saída á direita que basicamente é uma estradinha de fazenda que te levará por 3km vale adentro até chegar na bilheteria.

A estrada é enjoada com poças de lama gigantes, areia, pedra e um rio com pedras bem redondinhas. Mas o sacrifício e o risco valem a pena o passeio que custa S/.11,00 de entrada mais S/.20,00 do guia que vai explicando tudo, pirâmide por pirâmide, com muita paciência, sem pressa e com riqueza de detalhes nas informações.

Tá aí mais uma dica do Diário de Motocicleta... confira as fotos deste incrível sítio arqueológico.

Informações
Guga Dias
[email protected]
www.diariodemotocicleta.com.br


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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