África do Sul: As montanhas de Sani Pass

Nesta segunda parte, Bruno conta como eles enfrentaram a descida de Bezuidenhoudt's Pass.

Por André Jordão

Bruno Bonotto

Para ver o primeiro relato clique aqui

Imagine o seguinte: Sete motociclistas felizes que acabaram de completar 445km em uma  bela estrada de asfalto, descansando com uma bela vista para  Sterkfontein Dam em toda sua glória. Todo mundo feliz, cansado, mas relaxado — a vida é boa...

Então, nós adentramos ao primeiro trecho de estrada de terra, cerca de 8km após o belvedere, sem pavimentação, sem surpresas... Apenas o “paraíso” para as GS.
 
Nós abandonamos a estrada de terra principal para fazer algumas ótimas trilhas, até então tudo bem, todo mundo feliz.

As coisas ficaram um pouco mais interessantes. No caminho, uma grande poça de lama com um despenhadeiro ao lado, mas todos passaram, sem problemas maiores. Em seguida o caminho fica um pouco rochoso, e ladeira acima ...

Então, de dentro do 4x4, o organizador prende a respiração, na esperança de que todo mundo suba até o topo da montanha, com algumas paradas e estancadas aqui e ali, mas todo mundo atinge o início da descida de Bezuidenhoudt's Pass.

Etienne desce do carro e informa a todos que este é o lugar onde o passe de montanha começa, iríamos morro abaixo agora, por uma difícil e pedregosa estrada. Recebemos alguns olhares feios, mas nada grave, afinal, era uma viagem para GS’s. 

De repente o mundo desabou, pedras soltas, grandes sacudidas, algumas desistências, quedas, terreno íngreme... foi duro, muito duro. O organizador da viagem, com a clavícula fraturada na tipóia, sentia-se muito mal, sentado no 4x4 e vendo motos caindo aqui e ali. Sentia-se culpado de planejar uma rota e observar as pessoas sofrerem sobre ela, sem nem tê-la experimentado.

Drix precisa ser elogiado aqui. Acho que ele foi o que trabalhou mais duro, ajudando a todos onde podia. Nas partes realmente difíceis, Drix e Pieter conduziam suas motos para baixo, voltavam caminhando para cima e levavam algumas das motos para baixo.

Em um trecho mais plano, Drix perdeu algum tempo para alcançar Pieter, Marnus e Shangali. Sendo assim, ficaram Dani, Márius, eu (Bruno) e o 4x4 à retaguarda. Dani pilotou bem em um trecho rochoso e bem gerenciado. Marius teve uma queda, resultando em uma distensão muscular na perna direita.

Ele estava com muita dor e dificuldades para andar. Então, eu conduzi a moto de Marius ladeira e rochas abaixo, sem incidentes, até uma parte plana e, em seguida, toquei minha GS pelo mesmo caminho, até que tive uma queda! Este fato foi motivo de muitas risadas e piadas mais tarde.

E agora o que fazer? Marius não podia pilotar, e não poderíamos carregar a moto, uma vez que os extensores estavam com Pieter adiante (lição aprendida!). Não há recepção de telefone celular no passe, por isso não podíamos chamar Pieter para voltar. Foi quando decidimos que seria Brian a descer com a moto de Marius o resto do passe, enquanto Keegan iria conduzir o 4x4. O problema era que Brian não andava de moto há algum tempo, desde 1978  para ser exato. Ele colocou o capacete de Marius e saiu com a grande 1200cc. Ele fez todo o caminho sem incidentes e, muito bem feito!

Desta forma, todos concluíram a descida. Depois colocamos a moto do Marius no reboque e o paciente dentro do carro. Isso aconteceu lá pelas 17hs, o sol estava se pondo, e ainda tínhamos 140km para andar até Nottingham Road. Levamos 4 horas para percorrer os 10 Km de Bezuidenhoudt's Pass — todo mundo estava exausto.

Decidimos pela estrada de asfalto, autopista N3, para chegar ao Notties o mais rapidamente possível. Chegamos lá após 19h, no frio e com neblina na noite escura. Tivemos um bom jantar... e muito líquido até as primeiras horas da manhã. Cansados, exaustos, doridos, mas muito felizes!

Estávamos convencidos de que a parte mais difícil da viagem tinha acabado. Bezuidenhoudt foi batido e nós esperávamos ansiosamente o dia de amanhã, com a promessa de BOAS e LARGAS estradas de terra, seguido por um agradável passeio até o topo de Sani Pass, no Lesotho. Lá, uma cerveja gelada no mais alto Pub da África e, em seguida, algumas ótimas estradas na volta a Notties. Mal sabíamos o que nos aguardava. Continua...


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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