A chegada no Chile pós pandemia

Confira a viagem do Rodrigo Schmiegelow até o Chile para recuperar a sua motocicleta e continuar a viagem pela América do Sul com sua Kawasaki Versys 300.

Por Thiago Dantas

Eu já estava bem tenso com essa viagem, entre os países que passei na primeira fase, o Chile já havia sido o mais rígido para entrar por terra. Pediram a documentação de seguros que os outros países nem exigiram, e fizeram uma vistoria atenciosa em minhas bagagens, isso antes da pandemia. 

 

Entre os países que já tinham liberado entrada de brasileiros pós pandemia, o Chile era também o mais rígido, como comentei nessa publicação: Viagem de moto.

 

Então, com isso, eu tive uma tensão extra. 

 


Cordilheiras dos Andes vista do avião - Acervo pessoal

 

Já no aeroporto, no guichê na Sky Airlines, me pediram a carta jurada preenchida (um documento onde coloquei os dados da minha vacina, o resultado do exame PCR negativo e o local onde faria a quarentena obrigatória de 5 dias). 

 

O embarque foi tranquilo e no desembarque percebi a organização do país. Logo na primeira curva dentro do aeroporto após sair do avião havia uma fila enorme de profissionais representando o governo do Chile para fazer uma triagem antes da liberação da entrada. Essa fila era organizada em mesas e cadeiras, cada uma com um profissional, e dois outros apontando para os guichês que estavam livres para essa checagem. 

 

Me pediram novamente a “declaricón jurada”, dessa vez mostrei apenas o QR Code do email. Fizeram algumas perguntas para confirmar a veracidade das informações e me liberaram para mais um exame PCR feito gratuitamente ainda no aeroporto. 

 

Logo após fazer o teste PCR a dona do hotel onde tinha reserva, me ligou informando que não poderia me receber pois não era um hotel legalizado pelo governo para esse tipo de quarentena obrigatória. 

 

Isso me estressou muito, em nada que pesquisei falava sobre locais específicos neste momento de quarentena. Isso aconteceu as 17h30. Então estava sem lugar para ficar, com uma “declaración jurada” que já não era mais tão real. O que me estressou ainda mais foi o fato de eu já ter feito a reserva há duas semanas atrás e só no momento que eu cheguei ela veio se atentar a isso. 

 

Não tinha muito o que fazer, então comecei a procurar um Airbnb, o que teria custo um pouco menor para cumprir a quarentena. Os poucos que estavam disponíveis não pareciam muito confiáveis em relação a resposta do proprietário, mas fiz uma reserva e me direcionei ao endereço. 

 

No caminho, como os proprietários não me respondiam, resolvi ligar. Uma mulher atendeu e falou que não o conhecia, que isso já tinha acontecido outras vezes. Cheguei no local, um condomínio grande de kitnets e perguntei para o porteiro, mas não tinha sobrenome nem apartamento no cadastro do imóvel. 

 


Ruas de Santiago - Acervo Pessoal

 

O porteiro me deixou ficar dentro do condomínio por alguns minutos, então encontrei um hotel e me dirigi até lá. Ao chegar o recepcionista confirmou a informação de que não poderia fazer a quarentena em qualquer lugar e me indicou um outro lugar no mesmo quarteirão. Este quarto local era apenas para quem estava com Covid, então me indicaram um outro hotel da rede. Fui até lá e novamente não podiam fazer a quarentena. 

 

Dessa vez a recepcionista ligou para um outro hotel e confirmou se tinham vaga e se poderia cumprir a quarentena obrigatória, então antes de fazer o percurso já tinha essa garantia. Consegui com muito custo, literalmente. Quarentena de 5 dias sem poder sair do quarto com o hotel bem rígido em relação a isso. 

 

Passada a quarentena é tempo de buscar a moto. Eu já estava com muita expectativa para este momento. Meu amigo, onde a moto estava guardada, conectou a bateria e deu partida, tudo certo e moto funcionando! 

 

No dia seguinte ele me recebeu com café e uns sanduíches. Quase chorei quando ele tirou a capa improvisada de cima da moto. E a bichinha estava inteirona mesmo, funcionando, pneus ainda cheios. Braba. 

 

 
 
 
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Manutenção 

 

Minha ideia inicial era guinchar a moto até um mecânico para evitar ligá-la depois de muito tempo parada, mas meu amigo a ligou antes e funcionou bem, então dei sequência e revisão.  

 

Apenas para contextualizar antes de dar sequência, a moto ficou parada no cavalete apenas sem a bateria e algumas lonas a cobrindo em um quintal com bastante sombra. 

 

O tanque estava com pouca gasolina, o suficiente para chegar em um posto e completar sem precisar remover o que tinha. 

 

Antes de vir perguntei para um mecânico de confiança ainda no Brasil se teria a necessidade de tirar todo o combustível para tentar ligar a moto, a resposta foi que o combustível do Chile é mais puro e que neste período que ficou parada não teria necessidade.  

 

Com ela funcionando levei para revisão: trocar óleo, limpar filtros, trocar a relação que havia levado do Brasil (comprei pela metade do preço), e lavar, porque mesmo coberta já estava bem suja com a volta do Atacama e em Santiago também tem muita poeira. 

 

De restante ainda estava tudo ok: mangueiras, pneus, fluídos. 

 

Um mês antes de chegar em Santiago entrei em contato por email com a Kawasaki Chile, sem resposta. Quando já estava aqui consegui o WhatsApp da concessionária, mas também não me responderam, nem atenderam, acho que foi melhor porque consegui uma oficina mecânica mais em conta, Taller de Motos Zona Motor, de alguns venezuelanos que vieram buscar melhores oportunidades de vida e trabalho por aqui. 

 


Manutenção da motocicleta realizada pelo pessoal da Taller de Motos Zona Motor - Acervo pessoal

 

O serviço foi muito bem feito e agora já estou pronto para atravessar para a Argentina semana que vem! 

 

Com uma mistura de relatos e dicas, vou compartilhando essa jornada aqui no Moto.com.br a cada 15 dias. 

 

Você também pode acompanhar pelo Instagram O Mundo em Lanches e pelo site do projeto. 

 


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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