Entrevista com Antonio Cairoli, a grande fera do motocross

Piloto italiano da equipe KTM comemora oito títulos mundiais no MXGP e explica porque ama motocross

Por Aladim Lopes Gonçalves

O piloto italiano Antonio Cairoli, 29 anos, com oito título no Campeonato Mundial de Motocross, é homem a ser batido no momento. A fera das pistas Off Road gosta tanto do que faz que até deixa para trás qualquer fã adolescente. Em 2014, o siciliano está no auge de sua carreira com a conquista de sua oitva taça de campeão no Mundial de Motocross, no Grande Prêmio do Brasil, na pista de Goiânia. Mesmo com a sala de casa repleta de troféus, ele garante que não desgruda da equipe Red Bull KTM Factory Racing nas próximas duas temporadas. Também há uma grande proximidade de Antonio Cairoli para um notável piloto italiano na MotoGP (Valentino Rossi), em termos de alegria, diversão e habilidade nas corridas. Diante de tantas qualidades, a questão que  fica no momento é se há alguém que pode chegar perto da moto 222, em consistência, velocidade e talento para enfrentar praticamente qualquer tipo de condição ou circuito. Antonio Cairoli tem disputado grandes prêmios como piloto profissional desde 2003. Não é à toa que o italiano deve ganhar um filme em breve para contar a sua história de sucesso no motociclismo. (blog.ktm.com)

Pergunta: De onde vem tanta paixão para o motocross e o que esse sentimento pelo esporte, que também é sua profissão, representa para você?

Antonio Cairoli: Eu pratico motocross, de certo modo, porque o meu pai tinha uma grande paixão por esportes a motor em geral e meu primo estava andando de motos com os amigos. Então, eu sempre via as provas de motocross desde muito pequeno e era algo que me intrigava muito. Era algo que via e que queria fazer também. Assim que tive minha primeira motocicleta tudo que eu queria na vida é estar nela o tempo todo.

Pergunta: O que foi você acha que o atraiu para o mundo das motos e do motocross, um esporte tão perigo e desgastante para os competidores?

Antonio Cairoli: Bom, a coisa que mais me deixava contente era fazer o máximo de barulho possível. Toda vez que eu ouvia uma motocicleta passando eu já ficava alerta. Era impossível para mim fazer a lição da escola ou mesmo ficar dentro de casa. Nada podia me segurar. E eu sempre gostava muito de sair para andar de moto quando estava chovendo. Eu não sei por quê? Talvez porque fosse uma novidade para mim ou simplemente porque é algo que não acontece muitas vezes na Sicília! Era uma sensação muito especial. Normalmente eu estava sempre andando na terra e levantando poeira.

Pergunta: Quando você começou a andar e acelerar de moto com mais regularidade, alguma vez você precisou conversar com seus pais para acalma-los sobre os riscos e perigos que você ficava exposto?

Antonio Cairoli: Não! Quando eu era criança eu nunca tive nenhum tipo de lesão e a coisa foi indo assim, maios ou menos, até que comecei a disputar corridas. Eu sempre corria e me sentia bastante seguro o tempo todo. Eu também não me arriscava fazendo coisas malucas. Isso fez a minha família feliz! Nunca dei motivo para alguém dizer que eu tinha que ir com mais calma.

Pergunta: Isso parece difícil de acreditar, porque quando você chegou às competições você costumava andar com sua 250cc como se fosse um brinquedinho. Era ótimo de assistir.

Antonio Cairoli: Eu nunca andei de motocross ou supercross na Sicília. Então, acho que isso foi um reflexo que tive com a moto imediatamente. Eu sempre tento encontrar um pouco de diversão nas diferentes condições de pistas que eu encontro. Não apenas com a moto, mas também brincando com meus amigos. Sempre tive esse desejo de aproveitar as coisas ao máximo desde quando eu era criança.

Pergunta: Se o barato do motocross não é apenas acelerar, fazer curvas, saltar e vencer corridas, já que você tem 72 vitórias, então o que é a adrenalina para você?

Antonio Cairoli: Ah, o que coloca um sorriso no meu rosto agora é acelerar o mais próximo da perfeição. É quase impossível fazer isso em uma volta. Você está pensando em uma curva ou uma lombada ou em outros obstáculos da pista. É difícil e eu sempre busco um melhor traçado na pista quando estou acelerando. Às vezes, quando eu faço um bom trecho eu logo penso: OK, isso parece bom, então, vamos melhorar na próxima. É tão difícil acertar sempre.

Pergunta: E que tal a sensação de vencer?

Antonio Cairoli: Quando você ganha pela primeira vez, ou ganha as suas primeiras corridas, é uma coisa muito especial. Agora quando você vence um monte de vezes torna-se uma coisa normal. Namur (Bélgica) marcou minha primeira vitória e faz tempo que não sinto tão bem assim. O que acontece é que se você vence isso é resultado do seu esforço e você tem trabalhado duro para conseguir isso. Às vezes, se você não ganha, então é porque alguém foi simplesmente mais rápido que você. Tem algumas vitórias que são uma verdadeira surpresa para todos.

Pergunta: A temporada de 2014 não foi fácil, com momentos difíceis (Antonio Cairoli perdeu o pai, repentinamente) e alguns alguns problemas em certas corridas que fizeram você ficar para trás, disputando posições no segundo pelotão de motos. Como você lidou com essas dificuldades?

Antonio Cairoli: Quando eucometo um erro ele podeficar comigo por umas 12 horas. É um longo tempo!Na República Tchecaeu sabia que estava mantendo uma boa tocada na corrida, então a vitória noGPpoderia ter sido minha, mas as coisas às vezes não dão certo e sempre que posso querotentar fazer algo diferente para melhorar.Em algumas pistas como essa vocênão pode variarmuito na pilotagem, mas esse, definitivamente, não é o meu estilo.Eu não gostode acelerar por40 minutoscomo se fosse um robôe semprerepetindo osmesmosmilímetrosde pistaa cada volta. A coisa torna-se chata e,algumas vezes,faz a gente perder ofoco.

Pergunta: Que tipo de satisfação você busca nas corridas?

Antonio Cairoli: Nos últimos dois anos as pistas estão cada vez mais difíceis de serem superadas. Eu consigo me lembrar de algumas largadas ruins, mas que durante a prova viraram corridas boas. Eu gosto de fazer esse tipo de pilotagem em que você pode inventar novas maneiras de fazer curvas e acelerar. É agradável e muito mais emocionante. Muito mais do que simplesmente estar na frente, porque normalmente os três primeiros estão sempre andando na mesma velocidade.

Pergunta: Seu contrato com a equipe está renovado até 2016. Até lá você será quase um vovô nesse esporte. Como você pretende competir no mesmo nível com caras mais jovens e famintos por resultados?

Antonio Cairoli: Bom, eu tenho sorte por não ter sofrido muitas lesões na minha vida e acho que posso continuar sendo competitivo por mais tempo graças a isso. Com certeza, os pilotos mais jovens estão muito motivados para ganhar corridas, mas o campeonato é uma coisa diferente e já estou ansioso para o próximo desafio. Eu até já posso ver alguns lugares para melhorar minha pilotagem em 2015.


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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