Na Estrada: O que você faria se não tivesse medo?

Já parou pra pensar em quantas vezes você deixou o medo guiar as suas escolhas?

Por Alexandre Ciszewski

Ao pedir demissão da empresa que me contratou quando eu estava na pior fase da minha vida, o meu ex-chefe perguntou: a porta da minha sala esteve sempre aberta, por que você não aproveitou pra me pedir um aumento antes de decidir ir pra outra agência? Travei. 

O que eu queria ter dito, mas não tive coragem naquela hora, é que eu não estava indo só pela grana. E por mais que eu seja eternamente grato pela chance que ele me deu alguns meses antes, aquele era o momento de virar a página, por maior que fosse o meu medo trocar o certo pelo duvidoso. 

Já parou pra pensar em quantas vezes você deixou o medo guiar as suas escolhas? Quantas vezes você deixou de fazer algo por receio do que os outros pensariam? Quantas vezes você disse não só por medo do novo ou do desconhecido? 

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Com isso não quero dizer que você tem sempre que ser o bravo, o destemido, o corajoso. Isso geralmente termina mal. 

Passei alguns anos sem moto porque presenciei acidentes com amigos muito próximos que confiaram demais nas próprias habilidades. Depois desses episódios, fiquei totalmente paralisado pelo medo. Vendi a moto, parei de ler notícias sobre o mercado, larguei os capacetes e as jaquetas na casa dos meus pais. Não queria saber nem pensar no assunto. 

Contudo, a vontade de pilotar sempre esteve lá, e quando eu ouvia uma moto acelerar o meu coração acelerava junto.

O meu medo não passou até hoje, mas isso não me impediu de voltar ao motociclismo. Na verdade, quando estou pilotando, o medo é o meu maior aliado. 

Assim como no reino animal, o medo também garante a sobrevivência na estrada. O medo faz você seguir o seu caminho mesmo sabendo que alguma ameaça pode aparecer de repente, um bêbado, um maluco, um irresponsável ou simplesmente alguém no celular, desatento. O medo me faz pilotar muito melhor, mais seguro e mais confiante. Parece um paradoxo, eu sei, mas já escapei de cagadas homéricas graças a esse instinto. 

Pilotando, aprendi que o importante é não deixar esse sentimento te dominar, senão você não faz mais nada. É bom ter medo, mas é você que tem que estar sempre no controle. 

Por isso, não tenha receio de pedir aumento pro chefe, de negociar alvará com a mulher se for preciso, de curtir a sua motoca num domingo de sol ou de fazer a tão sonhada viagem até o fim do mundo. Acima de tudo, nunca deixe o medo fazer da sua vida uma sucessão de oportunidades perdidas.

Tiago Feliziani  nasceu em 1981 na cidade de Sorocaba/SP. É publicitário, redator, escritor e motociclista, e tem medo de fazer curvas para a direita.

 

 

 

 

 

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Fotos: Arquivo Pessoal


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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