Águas da Bahia dão boas vindas a Anabel

Motociclista estradeiro conclui trabalho na ilha de Cajaiba, onde também andou muito de moto.

Por Leandro Alvares

Três da manhã, na maré alta da hora, já era tempo de colocar a Anabel I em cima do piquete. Mestre Zezinho me alerta sobre a manobra, seria arriscado realizar a ousadia depois que o sol iniciasse seus trabalhos de luz do dia.

Vinte homens em volta da escuna levavam duas vigas enormes para baixo da barriga do barco, tarefa inglória e pesada, com a lua vendo tudo sem as sombras da dúvida e de façanha a ser cumprida a todo custo.

Mestre Miro ria e ao mesmo tempo gritava, dando ordens precisas. As peças finalmente estavam colocadas na posição de lançamento.

Era 9 de janeiro de 2008, data em que a bela iria pôr sua face singela e alva na lama negra da praia Cajaibana, na Bahia. Fui dormir já sabendo que na rasa ela iria correr e que o resto seria feito já com ela ancorada a meia nau.

Depois da corrida, muito vento e maré passaram por baixo do casco roliço e liso. Muito trabalho, bons e maus momentos, e criatividade improvisada de quem já sabia que não seria tão fácil assim ver ela boiar.

Agora no final de março, finalmente vamos rodar o motor. Demorou, mas o tempo aqui em Cajaiba é relativo. O relógio tem ponteiros regidos pelo balançar da água e a luz da prata lua.


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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