Paraibuna de Scooter, o maior barato!

Uma visão feminina sobre tudo que envolve a paixão pelo mundo das motos com muitas dicas e curiosidades

Por Paulo Souza

Eliana Malizia 

Essa foi uma viagem diferente; pegar estrada acompanhada de um scooter, foi uma nova experiência. Antes de partir para essa aventura, me  perguntei como seria o conforto e segurança nas estradas no comando de uma motoneta. Como foi minha primeira experiência viajando de scooter, escolhi um trecho próximo da capital de  São Paulo. E acelerando um scooter Citycom 300si, segui rumo à Paraibuna para um bate e volta com total de 276 km.

Perdi as contas das vezes que percorri a Rodovia dos Tamoios sentido litoral, e  notava a placa indicando a entrada para Paraibuna. Sempre fiquei imaginando o que poderia ter de bacana por lá e finalmente chegou o dia do “desvendar”.

Paraibuna ou Parahybuna
Parahybuna é de origem indígena; Para (água), Hyb(rio) e Una (preta). Significa ”Rio de Água Escura”. O município de Paraibuna está situado no Alto do Paraíba, na escarpa da Serra do Mar. Lugar acolhedor, onde se encontra trilhas para off road, opções de pratica de esportes radicais, cachoeiras, casarões antigos, comidinha deliciosa do interior e o melhor de tudo, encontra-se muita simplicidade.

Com a  velocidade media de 120km/h (medidos no GPS), coloquei a mochila debaixo do banco e lá fomos nós, eu e o scooter, sem precisar parar para abastecer e muito menos descansar. O scooter mandou super bem, me senti segura e confortável. Apenas tomei bastante cuidado nas estradas, alguns momentos de movimento intenso de carros e caminhões, todo cuidado é pouco; pilotar uma moto com cambio continuo (CVT), não tem o torque rápido que às vezes precisamos para uma ultrapassagem. Então o tempo de ação e reação tem que ser coerente aos limites da moto, tomando devido cuidado tive uma viagem tranquila e de sucesso, tudo ocorreu perfeitamente bem.

Sagaz Matriz e Casarões da Praça
Apaixonada por igrejinhas e capelas, impossível  não visitar a Sagaz Igreja Matriz,  visita que sempre me passa uma energia muito bacana. O nome da igreja Matriz do Município é Paróquia Santo Antônio de Paraibuna. Toda em Taipa (construção a base de barro) foi inaugurada em sete de setembro de 1886.

Ao lado da igreja, os casarões, prédios em estilo colonial ajudam a paisagem a ficar ainda mais bucólica. Aos arredores visitei também o prédio da Fundação Cultural, qual foi construído em 1878 e já foi uma fabrica de meias de algodão.

Mercado Municipal José Bento Rangel "Zezinho Bento"
Parei para visitar o antigo Mercado, construído em 1880, na época era um barracão com chão de terra e hoje em ótimo estado para atender os nativos e os turistas. E foi no Mercado que parei para almoçar no restaurante do Luís, onde por menos de 10 reais provei o prato típico da região, o famoso Fogado, conhecido também como Afogado, um ensopado de carne de vaca, servido com farinha de mandioca, típico da comida caipira com receita originária do Vale do Paraíba.

Depois de matar quem estava me matando, segui ao box do caldo de cana, onde tomei um caldo fresquinho e bem gelado, neste box você também encontra pasteizinhos de farinha de milho, melado, rapadura e artesanatos locais.

Minha última visita no mercado foi no box Casa Moraes, onde encontrei a famosa cachaça “Marvada Neide” , sempre que posso, levo de volta para casa uma cachaça da região visitada.  Ao lado do Mercado fui até a Bica D'Água, um patrimônio de Paraibuna. Contam que cavaleiros que chegavam de cidades vizinhas e da roça paravam ali para matar a sede e refrescar seus animais antes de entrar no Mercado Municipal para fazerem suas compras.

Até hoje tem sua construção original e um aviso junto à bica “Quem bebe água da bica, aqui fica”.
Depois da refrescada caminhei até o prédio da Prefeitura Municipal, que no passado foi uma cadeia pública. Ao lado, me chamou atenção uma escadaria rodeada por muros grafitados, um trecho bem colorido que deixou Paraibuna com mais vida e mais descolada.  Em 2012, aconteceu o primeiro Festival Internacional de Grafite do Vale do Paraíba.  Mais de 200 artistas de diversos lugares do Brasil, America do Sul, America Central e Austrália, pintaram desenhos nos muros dessa escadaria e alguns prédios públicos da cidade. Me senti em uma galeria de arte ao ar livre. Lindo!

"Nós Que Aqui Estamos Por Vós Esperamos"
Subi no scooter e parti para próxima pausa, a poucos metros do centrinho fui até o Famoso cemitério. Muito curiosa a frase do portal da entrada que diz "Nós Que Aqui Estamos Por Vós Esperamos".

A frase foi colocada ali por um padre que teve a intenção de chamar atenção da população para que rezasse mais pelos mortos, que fizessem mais visitas. Mas a forma que todos interpretam é bem diferente, realmente da entender que os mortos estão esperando nossa morte, nosso enterro. O cineasta Marcelo Massagão, produziu o documentário "Nós Que Aqui Estamos Por Vós Esperamos", que leva o mesmo nome da inscrição do portal, fazendo filmagens dentro do  cemitério.

A caminho das Balsa
A parada final para relaxar; visitar a represa onde se pega a balsa com destino a cidade  Natividade da Serra. O lago da represa inundou varias estradas por ali, por isso balsas foram instaladas para atravessar o lago. Para  seguir até a represa, voltei para Rodovia dos Tamoios, logo na saída de Paraibuna , segui uma estradinha de chão batido, paralela a Tamoios. Fica a dica a placa que aponta a Pousada Recanto dos Pássaros, a partir desta placa começa a estrada de terra. O scooter mandou muito bem na terra, apenas tomei bastante cuidado para não passar em alguns pequenos buracos que apareceram no caminho. Percorri feliz demais curtindo a natureza e sentindo o cheirinho do mato, margeando o rio e passando por portais de fazendas. Mais a frente uma bifurcação, ou direita para pousada ou a esquerda sentido balsa. Neste ponto segui a esquerda e mais alguns quilômetros lá estava eu na belíssima represa.

Nunca imaginei encontrar ás margens da Rodovia dos Tamoios um gigante mar de água doce. São tantas entradas de águas pelos grotões da serra que sua extensão chega a 760 km de perímetro e 204 ilhas. Fiquei deslumbrada com a paisagem. Despedi-me dali feliz, não peguei a Balsa para o outro lado do lago, pois fiz um “bate e volta” no meio da semana e chegou a hora de voltar pra casa. No total ida e volta, foram apenas 14km de estrada de chão.

Amei a viagem, fiquei encantada com Paraibuna e com certeza voltarei com mais tempo para curtir com calma todas as atrações, tomar banho de cachoeira e até me mesmo me hospedar por lá. Vale muito a pena conhecer, fiquei encantada!

Conheça  também:
- Cachoeiras; Cachoeira do Itapeva e Cachoeira da Fazenda São Pedro
- Morro do Remédio  
Está a 18 km da cidade. A lenda conta que neste morro foram mortos  escravos que fugiram de fazendas de Paraibuna. Por isso que por ali tem uma capela em homenagem a padroeira dos negros, a Nossa Senhora dos Remédios.  Dizem que a estrada para chegar ate o alto do morro esta em péssimas condições.
- Fazendas Coloniais  
 Fazenda São Pedro - 14 km / Fazenda Boa Esperança - Rodovia dos Tamoios, km 38 + 16 km
Fazenda Grama - Rodovia dos Tamoios, km 44 + 4 km/ Fazenda Bom Retiro – 1 km/ Fazenda Santa Rita -       Rodovia dos Tamoios, km 38 + 18 km.

Onde comer
-Pastel do Manezinho
Rua Padre Antônio Pires do Prado, 15 e 19 - Rua da Bica - Fone: (12) 3974-0266
-Restaurante e Pizzaria O Casarão
Pça. Mons. Ernesto A. Arantes, 74 -Fone: (12) 3974-4148
-Restaurante do Luís– Dentro do Mercado Municipal

Onde Ficar
Sítio e Pousada Recanto dos Pássaros
Rodovia dos Tamoios, km 35 + Estrada Ribeirão Branco/Capim D'Angola, km 6
Fone: (12) 3974-0145
www.sitiopousadarecantodospassaros.com

Como chegar
Partindo da Capital de São Paulo, segui na Rodovia Ayrton Senna ate Rodovia Carvalho Carvalho Pinto, no KM 96 e entrei na Rodovia dos Tamoios. Paraibuna fica as margens da Rodovia dos Tamoios, na altura do Km 33.

BOX: Eliana Malizia usa uma Triumph Street Triple  675 nessa viagem.
[email protected]
site: www.acelerada.com.br

Eliana Malizia é graduada em educação física, tem formação em fotojornalismo e MBA em Marketing. É colaboradora há vários anos da revista MotoAdventure. Acelerada por natureza, divide o tempo com as responsabilidades da vida profissional com viagens e aventuras de moto. Fundou o site Acelerada.com.br que oferece informação e serviço sobre o mundo das duas rodas e estilo de vida.


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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