Semana Nacional de Trânsito: Médico do HC fala sobre segurança
Marcelo Rosa de Rezende afirma que a maioria das mortes no trânsito é resultado do comportamento imprudente
Por Gian Calabrese
Por Gian Calabrese
O médico Marcelo Rosa de Rezende, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), não tem dúvidas: as mortes e lesões graves sofridas pelos motociclistas são resultado, na maior parte dos casos, do comportamento irresponsável no trânsito.
Motociclista, Rezende participou nesta terça-feira (24) da #live organizada pelo Detran.SP sobre como conduzir uma moto em segurança. Foi a última transmissão feita pelo Facebook da série realizada pelo órgão em parceria com o Hospital das Clínicas acerca de saúde no trânsito.
“O comportamento mais grave de um motociclista é não entender o veículo que está usando. A moto é um veículo bom, ágil, econômico, que ajuda muito no transporte nas grandes cidades. Mas é preciso saber que se trata de um mecanismo extremamente frágil”, diz.
No Estado de São Paulo, 34% das vítimas de trânsito são motociclistas, de acordo com dados do Infosiga SP, sistema de dados do Governo de São Paulo que traz mensalmente informações sobre acidentes.
Nas conversas do dia a dia com pacientes vítimas de traumas graves, Rezende diz perceber que muitos não têm noção a respeito dos comportamentos imprudentes que adotam. Segundo ele, praticamente todos afirmam que não provocaram os acidentes.
Entre os principais comportamentos imprudentes, o médico destaca o excesso de velocidade como o mais perigoso. E nesse contexto, os entregadores de comida integram um grupo de alto risco, segundo Rezende. “Eles deveriam cumprir um tempo mínimo nos trajetos, sem se arriscar tanto.”
Juventude
De acordo com a pesquisa “Causas de Acidentes com Motociclistas”, realizada em 2013 pela Faculdade de Medicina da USP e citada pelo especialista durante a #live, os homens (92%) com idade média de 30 anos são as principais vítimas de acidentes com motocicletas.
“O jovem tem um ímpeto maior, quer mostrar as habilidades, mas é preciso lembrar que moto não é para isso. No trânsito, é preciso dirigir de uma forma absolutamente segura”, defende.
Principais traumas e lesões
Na cidade de São Paulo, onde os motociclistas utilizam os corredores de trânsito, são comuns as colisões laterais, em que os membros inferiores são atingidos. De acordo com Rezende, o HC recebe muitas vítimas de fraturas expostas nos membros inferiores e são frequentes as amputações.
Outra situação comum é a projeção do motociclista, o que causa traumas nos membros superiores, fraturas graves, lesões na coluna e traumas crânio-encefálicos. “Infelizmente, os maiores doadores de órgãos são os motociclistas. É uma estatística muito triste”, lamenta.
Motociclistas vítimas de acidentes costumam ficar longos períodos internados em recuperação. A pesquisa feita USP mostra que, do total de entrevistados, apenas 20% tiveram alta após antes de seis meses de internação e 80% permaneciam em tratamento, com limitações funcionais e sequelas (30% delas definitivas).
Receba notícias de moto.com.br
Envie está denúncia somente em caso de irregularidades no comentário