MV Agusta fabrica apenas 30 motos por dia

Marca italiana de modelos Premium apresenta sua linha de produção, quase que artesanal, em Varese, na Itália

Por Aladim Lopes Gonçalves

Aldo Tizzani

Em uma parede da linha de montagem da MV Agusta, que fica em Varese, próxima a Milão, na Itália, uma foto chama atenção dos visitantes: uma MV Agusta Senna 1000, uma homenagem de Claudio Castiglioni, presidente da companhia ao tricampeão mundial de F1, Ayrton Senna. A imagem evidencia a paixão pelas “macchines” exclusivas e também pelo esporte a motor. Tanto que o nome MV Agusta e a motovelocidade estão intrinsecamente interligados: desde a fundação em 1945, a fábrica italiana coleciona 75 títulos mundiais (37 de construtores e 38 de pilotos), muitos deles conquistados por sua estrela máxima: Giacomo Agostini.

E foi esse sucesso nas pistas que transformou a pequena fábrica do norte da Itália em um ícone sobre duas rodas. Ao longo de sua história, os modelos MV Agusta tornaram-se sinônimos de motos esportivas, reforçando sua herança “racing”.

Com uma produção anual de 4.000 motocicletas, a MV Agusta nem de longe pretende competir com marcas maiores e grandes grupos empresariais. Posicionada atualmente como uma marca Premium, a empresa produz, no máximo, 30 motos por dia e para este artesanal trabalho conta com cerca de 160 funcionários.

Na pequena unidade de Varese, são produzidos atualmente cinco modelos: F4, F4RR CostaCorta e as Brutale 920, 1090R e 1090RR. Com o lançamento dos modelos F3 (esportiva) e Brutale 675 (naked), equipadas com motores de três cilindros em linha de 675 cm³ de capacidade cúbica, a marca deve aumentar consideravelmente a produção desses modelos de entrada, que, na Itália tem preços sugeridos de 8.990 Euros (Brutale) e 11.990 Euros (F3).

“Ano passado consolidamos o nome Brutale, com os modelos 920, 1090R e 1090RR. Agora queremos entrar no segmento de média cilindrada, com um motor três cilindros e 675 cm³ de capacidade. Este é uma faixa de cilindrada com um grande potencial. Por isso, esperamos dobrar as vendas em dois anos e triplicar em três”, afirma o atual presidente da MV Agusta, Giovanni Castiglioni, de apenas 30 anos, que assumiu o posto após a morte de seu pai Claudio Castiglioni, em agosto passado.

O coração das MV Agusta
Na pequena, organizada e limpa fábrica da MV em Varese a produção de suas obras de arte sobre duas rodas começa pela fabricação do motor. Os processos complexos contam com equipamentos de alta tecnologia, mas há também muitas operações manuais feitas pelos funcionários por meio de ferramentas pneumáticas ou de precisão. Depois de o bloco do motor estar finalizado, é hora de inserir os demais componentes. Este é um dos processos que requer maior atenção por parte da equipe. Com a montagem terminada todos os propulsores são colocados em bancadas para testes.

Com o “cuore” batendo forte, agora chegou o momento de montar mais uma MV Agusta. Em uma área que mais parece um grande supermercado de motopeças, um funcionário da MV circula, literalmente, com um carrinho separando o quadro (que é fabricado em outra unidade da MV), a balança, suspensões, para lamas, rodas e pneus montados, além de toda a parte elétrica e dezenas de outros componentes. Na linha de montagem, a nova moto vai tomando forma: todas as peças vão se encaixando, como se fosse um grande quebra-cabeça. E a cada duas horas uma nova MV Agusta ganha vida.

Finalizada a montagem, a nova unidade vai diretamente para os testes dinâmicos. O primeiro é no dinamômetro de rolo, no qual a moto fica numa cabine fechada aferindo os parâmetros de potência e torque em um circuito pré-estabelecido, com várias mudanças de marcha e diferentes patamares de rotações por minuto (rpm). Na sequência, os técnicos da marca italiana conferem o nível de emissão de gases e também toda a parte elétrica. No último estágio, as motos são colocadas em bancadas para um check-list final, para reaperto e inspeção se todos os componentes foram devidamente instalados.

No dia da visita à linha de produção em Varese, a MV iria produzir 22 unidades da Brutale 1090, de um lote total de 120 motos. “Nossa programação funciona de acordo com a necessidade. Trocamos a linha de acordo com o modelo e suas cores. Fazemos uma versão de cada vez”, conta Raffaele Giusta, diretor de exportações da marca italiana.

Além da forma quase artesanal de produção, o que fica evidente ao circular pelos corredores da linha de produção da MV Agusta é o orgulho dos funcionários em transformar sonhos em realidade. E é neste mix entre paixão, design e alta tecnologia que a MV faz da motocicleta sua maior expressão da arte da mobilidade, no melhor estilo italiano.

MV Agusta no Brasil
Desde setembro, as primeiras motocicletas MV Agusta já estão sendo montadas e testadas na fábrica da Dafra Motos, em Manaus (AM). Fato inédito, já que essa é a primeira vez que a MV entra em acordo para a produção de suas motocicletas fora de sua fábrica em Varese, na Itália. Segundo Massimo Bordi, vice-presidente executivo da MV, essa ação é a confirmação da confiança da empresa italiana no desenvolvimento do mercado brasileiro, considerado estratégico pelo executivo.

De acordo com Bordi, a escolha da Dafra foi motivada pelo conhecimento da empresa sobre o mercado de motocicletas nacional e pela possibilidade de se estabelecer uma relação duradoura para projetos futuros. Além disso, a Dafra e a MV Agusta acreditam que o Brasil apresenta e possibilita um horizonte de negócios promissor para o segmento de produtos Premium. Tudo em função da estabilidade econômica e por estar nos próximos anos na vitrine para o mundo, pois será palco de dois grandes eventos esportivos – Copa do Mundo, em 2014, e Jogos Olímpicos, em 2016. Por isso, a expectativa é que em seis anos, as vendas brasileiras representem 20% dos negócios da MV Agusta no mundo, que hoje somam 20 mil unidades.

Segundo Raffaele Giusta, diretor de exportações da marca italiana, as operações se iniciaram com cerca de 60 unidades desembarcando no País, por mês, e as vendas começam em dezembro. Para o executivo italiano, a parceria com a Dafra garantirá mais agilidade, já que coordenará a montagem e também a comercialização dos modelos no Brasil. A meta da MV Agusta é comercializar 1.000 motocicletas no primeiro ano.

“Se esta meta for alcançada, o Brasil será o segundo País que mais venderá as nossas motos. Depois do mercado italiano, o maior mercado consumidor MV é a França atualmente”, contabiliza Giovanni Castiglioni, presidente da MV Agusta.

Para Creso Franco, presidente da Dafra Motos, a marca brasileira tornou o mercado nacional mais interesssante e competitivo. “Além disso, montamos em Manaus três modelos da BMW - G650 GS, F800 GS e F800 R. A parceria com a MV Agusta será realizado de forma sólida e muito bem estruturada, com revendas exclusivas e pós-venda eficiente”, conta o presidente da Dafra.

Serão comercializadas no mercado brasileiro duas versões da naked Brutale (R, R$ 56 mil e RR, R$ 64 mil) e a superesportiva F4 1000 (R$ 68 mil). Durante o Salão de Motos de Milão (EICMA 2011), a MV Agusta anunciou que importará para o Brasil mais dois modelos topo de linha da marca italiana: a F3 Serie Oro e a F4 RR Corsa Corta, consideradas peças de colecionadores. As motos serão importadas com preços sugeridos entre R$ 170 mil e R$ 150 mil, respectivamente.

Fotos: Aldo Tizzani/Infomoto e Milagro/Divulgação


Fonte:
Agência Infomoto

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