Motos da Segunda Guerra Mundial
As motos continuaram com funções importantes e até curiosas!
Por Trinity Ronzella
Por Trinity Ronzella
Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945)
Para entender melhor o surgimento de máquinas incríveis é necessário explicar algumas coisinhas.
As motos que vieram para a Europa na Primeira Guerra Mundial foram deixadas e vendidas como excedente militar. Um dos compradores, Martin Stolle, funcionário da BMW, emprestou sua Douglas, para servir de inspiração para o engenheiro chefe da BMW, Max Fritz, que a usou para fazer a engenharia reversa, ou seja, desmontando a motocicleta Douglas e remontando, usando como modelo para entender e desenvolver a nova BMW.
As duas principais motocicletas militares alemãs na época eram a Zundapp e BMW e, os motores boxer de dois cilindros da BMW começariam em 1921, ou seja, três anos após o final da guerra.
Fritz queria uma moto confiável e que andasse em todo terreno, inclusive na área agrícola, colônias alemãs na África, uso militar e policial. Isso fez com que ele re-orientasse o motor boxer da Douglas, o que melhoraria o resfriamento e a manutenção. Fora isso, conseguia montar o motor e caixa de câmbio posicionados para usar um eixo de transmissão na roda traseira, surgia a icônica R32, a ancestral de todas BMW com motor boxer da série R. Ela entrou em produção no ano de 1923 e passou por algumas atualizações (R42 e R52), mas em paralelo, outros modelos foram criados nos anos 20 e 30 visando o lado comercial, mas também, prevendo necessidades militares que surgiriam rapidamente.
Com a idéia da militarização da Alemanha por Hitler nos anos 30, os fabricantes alemães de motocicletas, principalmente BMW e Zundapp sabiam que iriam precisar ter produtos para atender a necessidade militar. O pedido oficial para a BMW criar uma moto para o exército alemão veio em 1938, foi denominado R75 e teria um novo motor. Para isso foi criado um de 750cc com válvula no cabeçote que se tornaria a base das motos do pós-guerra da BMW. O modelo foi projetado para uso com sidecar, o que exigiu mais engenharia para ter uma diferencial na roda traseira com bloqueios e relação on/off road selecionáveis. Foi um sucesso que tentou ser copiado por britânicos, americanos e russos.
A Douglas fez no pós-guerra a Douglas Mark V no estilo BMW.
Harley-Davidson e Indian "entraram no baile” a pedido do governo dos EUA e criaram a Harley-Davidson XA e a Indian 841, que não foram produzidas em grande escala, foi mais para atender a guerra.
Sorrateiramente a União Soviética importou 5 BMW R75s através da Suécia e, baseado nelas, criou a Dpner M-72.
A M72 veio para substituir as ultrapassadas e pesadas TIZ AM 600 e PMZ A 750 usadas pelo exército vermelho.
Até os chineses, naquela época, fizeram uma cópia que virou a Chang Jiang CJ750, portanto, se existe alguém que ficou orgulhoso nessa história foi a BMW R75 mas, que provavelmente não existiria se não fossem os irmãos Douglas!
Aquele ditado de que “nada se cria, tudo se copia” pode ter surgido dessa época…
Outro modelo para guerra foi feito pela Zundapp, a K800. Uma moto linda, única quatro cilindros da guerra com motor também horizontalmente opostos, 787 cc e 26cv, vinha com câmbio manual de quatro velocidades.
Enquanto isso, do outro lado do Canal da Mancha, o governo Britânico vivia uma negação a possibilidade de outra Guerra Mundial. Deve ser parecido com o que estamos vivendo agora, onde ninguém acreditava que iria começar outra guerra em meio a tanta preocupação com outras coisas. Na época, Winston Churchill recebeu o rótulo de “traficante de guerra” dentre outros mais “carinhosos”. Uma das idéias dele, foi a de se fazer um ataque preventivo para não deixar a Alemanha ficar tão forte. Mas não o levaram a sério…
Com declarações consideradas “politicamente incorretas”, o mesmo Churchill afirmou a respeito do líder nazista o seguinte: “Se um cachorro corre em direção a minhas pernas, eu o derrubo antes que ele possa morder”.
O governo britânico achou que autorizando a Alemanha de Hitler a se armar, eles se sentiriam mais honrados após a derrota da Primeira Guerra e , em paz, promoveriam um desarmamento mútuo do mundo. Isso fez com que a Grã-Bretanha desse uma relaxada, ficando despreparada para uma próxima guerra, como previu Churchill. Com isso, não pensou em se prevenir com planos de melhoria em seus veículos militares, incluindo a motocicleta.
Com a realidade do inevitável chegando, Churchill passou a andar com uma pistola e também, uma pílula de cianeto escondida em uma caneta, caso fosse preso pelo inimigo. Ao mesmo tempo, eles estavam despreparados em relação a motocicletas de guerra e, às pressas, o principal fornecedor foi a Norton com a Norton 16H, onde o H era para o mercado “home” e um outro modelo C, para “colonial”.
Com motor de 490cc, era capaz de atingir 109 km/h, com quatro marchas e tração por corrente. Suspensão por garfos na dianteira e sem suspensão traseira, diziam que os soldados tinham "suspensão traseira" reforçada. Elas também estavam sendo usadas pelas forças ANZAC (Austrália e Corpo do Exército da Nova Zelândia), Canadá e Índia.
Em 1936, o Departamento de Guerra pediu um modelo 16H modificado e, quando iniciou-se a guerra, a fábrica da Norton se voltou exclusivamente para abastecer o exército, utilizando para isso inclusive o Norton Racing Team. Acreditam que foram produzidas 100.000 motocicletas ou mais nesse período, a certeza dessa produção se foi com os documentos que não sobreviveram à guerra.
No ano de 1938, por falta de peças para produzir a DKW RT100, a Royal Enfield foi contactada para produzir algo semelhante. Dois protótipos foram apresentados em 1939 chamados de "Royal Baby”. A ideia era ter uma moto leve para estabelecer uma comunicação entre tropas lançadas de paraquedas com as forças da linha de frente, ou seja, elas seriam lançadas de paraquedas também. Teriam que ser leves, sobreviver ao pouso e fácil de se soltar da armação que as envolvia, simples assim! Os testes feitos em 1942 mostraram que as rodas não aguentavam o impacto e entortavam. Reforços feitos, no mesmo ano entraram em produção para serem entregues em 1943 mas, efetivamente poucas foram lançadas de paraquedas. O transporte acabou sendo feito por aviões, de quatro em quatro, sem armações. Além disso, várias desembarcaram em praias. As WD/RE 125cc ficaram conhecidas como “Flying Flea”.
Após o final das guerras, o papel da motocicleta militar mudou e os jeeps com tração nas 4 rodas, eram mais funcionais no transporte de equipe, equipamentos, armas, do que uma moto com Sidecar. Com finalidades específicas vários modelos foram adotados para o uso militar como as XR250s, KLRs, Harley Armstrong MT500 e MT350, para saber delas clique aqui.
As forças como OTAN vem buscando unificar os combustíveis para todos veículos, ou seja, querosene de aviação ou diesel. Para isso, até foi modificada uma KLR650 com um motor a diesel de 670cc. Uma moto que deve estar preparada para inclusive servir de escudo e ser “imparavel”. Com velocidade máxima de 153 km/h, sua autonomia é outro ponto importante, devido a isso, pode percorrer 653 km a uma velocidade de 90km/h. Quem fez foi a Hayes Diversified Technologies e fornecia suas motocicletas para o Corpo de Fuzileiros Navais, Força Aérea e Exército dos EUA desde 2006.
Não espere encontrar tudo nessa matéria a respeito de motos nas guerras, é apenas uma apanhado de dados e imagens dos modelos que mais se destacaram nesse períodos que infelizmente fazem parte da nossa história e também, nosso momento atual. Qualquer informação adicional ou algum erro, pode falar conosco que adicionamos ou corrigimos. Espero que tenham gostado.
Que continuemos usando nossas motos para o lazer e diversão apenas.
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