Motociclista busca justiça contra a Garinni

Após inúmeros transtornos, Eduardo Sant'Anna quer recuperar o dinheiro gasto em scooter.

Por Leandro Alvares

Leandro Alvares

O que parecia ser uma escolha vantajosa para auxiliar a locomoção pela cidade de São Paulo acabou se tornando um pesadelo, até este momento sem fim, na vida de um motociclista paulistano.

Eduardo Francisco Sant’Anna, professor de educação física de 42 anos, procurou o “MOTO.com.br” para relatar sua nada feliz experiência com a Garinni Motors, marca de motocicletas pertencente a Itapemirim, maior grupo empresarial de transporte de passageiros da América Latina.

Em abril de 2007, o motociclista financiou uma scooter GR 150 PI, movido pela tentação do que aparentava ser um ótimo custo benefício. “A moto me chamou a atenção pela beleza e também por outras características interessantes, como os freios a disco, rodas grandes e motor de 150 cilindradas”, justificou.

Ao retirar o modelo na concessionária, no entanto, a alegria de Sant’Anna começou a se transformar em frustração. “Parece gozação, mas no dia em que fui buscar a moto ela não andou. Apagou. Nada a fazia pegar. Chamaram o mecânico, mas de nada adiantou e pediram para eu voltar em dez dias”.

“Uma semana depois de ter pegado a scooter, fui levá-la para emplacar. Estava na avenida Ibirapuera quando, do nada, me quebra a suspensão. Novamente na concessionária, o pessoal da Garinni me perguntou se eu havia passado por algum buraco. Respondi que não. Disseram que tudo bem e que iriam fazer o conserto, pois a moto estava na garantia”.

Após o segundo transtorno, Sant’Anna vivenciou um outro ainda pior, que o fez “perder” a Garinni GR 150 PI. “No dia 15 de junho, eu estava andando com ela e ouvi um barulho. A moto (de refrigeração líquida) ferveu, deu um baita estouro e eu só via água na minha frente. Para a minha sorte, fazia frio e eu vestia roupas adequadas para a baixa temperatura, além do capacete fechado. Mesmo assim, queimei a mão, um pouco o pescoço e tive que gastar dinheiro com pomadas e antialérgicos, já que posteriormente o meu corpo começou a arder”.

“Na mesma data, levei o equipamento mais uma vez até a concessionária. Até hoje, ela não ficou pronta. Desde então eu ligo para a concessionária que me atendeu, para a Garinni do Rio de Janeiro e até mesmo para a fábrica deles, em Manaus, mas até agora ninguém resolve o meu problema”, indignou-se Eduardo.

“Um representante da empresa no Rio de Janeiro me disse que a Garinni tem um defeito. Quando ela chega a 60 milhas por hora, cerca de 100 km/h, ela pode explodir, porque não foi tropicalizada. Foi assim mesmo que ele me falou, com essas palavras”, revelou o motociclista, que não tem mais planos de reaver a scooter.

“Eu quero o meu dinheiro de volta, mas não querem me devolver. Em agosto, fui ao Procon, mas a Garinni não compareceu a nenhuma das duas audiências marcadas. Nesse tempo acabei ficando a pé, tive que andar de ônibus, bicicleta e o prejuízo caindo na minha conta”, destacou Sant’Anna, que ainda paga as prestações mensais de R$ 567 pelo modelo da Garinni, que não pôde usufruir.

“Mandei um e-mail para a ‘Rádio Bandeirantes’, no espaço Boca no Trombone, e finalmente consegui um pronunciamento da empresa. Para a rádio, a Garinni disse que não estava sabendo de nada e que iria resolver o meu problema. Na prática, a história foi outra”.

Depois de apelar à mídia e ao Procon, Sant’Anna buscou auxílio na justiça. “Procurei um advogado para processá-los. Um novo gasto para mim, mas farei o que for necessário para recuperar o meu dinheiro. Tenho todos os documentos para comprovar o constrangimento que estou vivendo”, avisou Eduardo, que lamenta pela Garinni a encrenca na qual se meteu.

“A fabricante só tem a perder com isso, porque hoje eu não a recomendo para ninguém. Já tirei dois possíveis novos clientes deles. Hoje eu tenho uma Burgman, da Suzuki, e nenhum tipo de problemas. Sou só elogios para essa scooter. Garinni para mim, nunca mais”.

Atualmente, a Garinni Motors conta com uma nova área industrial em Manaus (AM), de 5 mil m², e uma linha formada por motos, scooters e quadriciclo. A meta de empresa é produzir e comercializar 30 mil motos até o final do ano.

Em contato com a Garinni, Fábio Luis Fratucci, gerente de pós-venda, informou ao “MOTO.com.br” que a fabricante está ciente do caso e inteiramente à disposição dos clientes para solucionar eventuais impasses. Além disso, negou haver qualquer tipo de defeito de tropicalização do modelo GR 150 PI. “Isso não existe, ela não explode ao andar a 100 km/h”, afirmou.

O “Canal da Moto” está aberto para novos esclarecimentos por parte da montadora.

Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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