Especial: Mais reflexão do que festa
Motoboys destacam os riscos da profissão, além do preconceito e discriminação da sociedade.
Por Leandro Alvares
Por Leandro Alvares
Leandro Alvares
Um dia comemorado por quem? Esta foi a pergunta feita por vários motoboys quando informados sobre o Dia do Motociclista, uma data desconhecida pela maioria deles, personagens marcantes na “tribo” do motociclismo brasileiro.
“Somos apenas cobrados no dia-a-dia, mas fazer algo por nós ninguém faz”, queixa-se Jairo Oliveira Santos, um dos cerca de 120 mil motofretistas que circulam diariamente pela cidade de São Paulo.
“Precisava mudar tudo, desde a fiscalização das empresas clandestinas até aos baixos salários. A segurança também, pois os políticos só sabem falar que é preciso aumentá-la, mas não fazem nada para isso”, opina. De acordo com o sindicato da classe, somente na região metropolitana de São Paulo operam aproximadamente duas mil empresas de entrega.
Para o motoboy Giovani Cardoso, a falta de segurança é de fato o item mais importante a ser melhorado em sua profissão. “A segurança vem em primeiro lugar, junto com mais cautela por parte dos motociclistas. Respeito e paz no trânsito têm que ser nosso foco. Eu sigo as leis, pois se não fizer assim eu que sairei prejudicado”.
Outro ponto debatido pelos motofretistas foi o do preconceito com a categoria. “Meu pedido para o Dia do Motociclista é de mais respeito, especialmente dos policiais. Somos discriminados por eles, que são severos na abordagem e nos tratam como ladrões”, reclama o motoboy Marco Antônio.
“Eu gosto de moto, mas trabalho mesmo por necessidade. Diariamente corremos risco de roubo, morte e também de acidentes. Muitos deles são ocasionados pela falta de manutenção do veículo, uma coisa que não se pode aceitar. Tudo bem que o nosso tempo é muito escasso, mas temos que parar às vezes para fazer a manutenção periódica”, destaca.
Um dos poucos motoboys que sabe da existência do Dia do Motociclista, Flavio Ribeiro acredita que não há muito que se comemorar. “É uma data para ser refletida, pois fazemos um serviço muito perigoso e discriminado. Eu, em particular, trabalho de moto pela necessidade. Tanto é que só ando de moto de segunda a sexta e não tenho vontade de ter uma motocicleta para o lazer”.
Já Ernando Silva, motoboy com pouco menos de um ano de experiência, encontrou um motivo para celebrar a ocasião. “Cada dia que eu estou na rua é uma vitória. Esse trampo você sabe como é: todo dia vários acidentes. Por isso, a minha mensagem aos motociclistas é de boa sorte”.
Pessimista com relação ao assunto, Sidnei Nunes foi curto e grosso nas palavras ao falar sobre a profissão de motofrete. “Ando de moto há 14 anos. Não tenho opção, tenho que gostar desse trabalho super arriscado. Eu já fui roubado três vezes”.
Quanto ao Dia do Motociclista, o motoboy foi ainda mais duro. “Pobre tem aniversário? Comemorar o quê? Motoqueiro não é visto nem lembrado por ninguém, só na hora de pedir a pizza. Alguns podem pensar que trabalhar com motos é uma alegria, mas não é não. O chão é duro”, finaliza Nunes.
O Dia do Motociclista será comemorado — ou refletido — no próximo domingo.
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