Cinco tecnologias que podem salvar vidas de motociclistas

Cada vez mais presente nas motos e nas roupas dos motociclistas, tecnologia pode fazer a diferença para que os riscos de acidentes e lesões sejam menores

Por Gabriel Carvalho


Foto: Yamaha/Divulgação

De 18 a 25 de setembro acontece a Semana Nacional do Trânsito, que tem como objetivo conscientizar e educar motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres em todo o Brasil na busca por um trânsito cada vez mais seguro. Neste ano, o lema da semana é “no trânsito, o sentido é a vida”. 

Os motociclistas, pelas velocidades alcançadas e por estarem com os corpos expostos, estão mais sujeitos a ferimentos em acidentes – mesmo pilotando da maneira correta e de acordo com as leis de trânsito - do que os motoristas, que estão protegidos pelas carrocerias dos carros, caminhões e ônibus. 

A indústria de motos tem trabalhado há tempos no desenvolvimento e aperfeiçoamento de tecnologias que podem salvar a vida de motociclistas, minimizando os riscos de ferimentos e até mesmo evitando acidentes. 

Boa parte dos avanços tecnológicos estão ligados à eletrônica das motocicletas e, aos poucos, vão se popularizando – alguns mais, outros menos. Neste texto, citaremos cinco recursos que estão disponíveis em parte das motocicletas no mercado para tornar a pilotagem mais previsível e segura, mas não menos divertida. Vamos a eles, pois: 


Foto: Gustavo Epifânio

Freios ABS 

Em 1978 era lançado o primeiro carro do mundo com o sistema que impede o travamento das rodas nas frenagens. Para as motos, o recurso surgiu dez anos depois, na BMW K 100 LT. 

Basicamente, o sistema ABS conta com sensores que detectam a velocidade das rodas e a pressão aplicada nos freios, atuando para que seja aplicado o nível de pressão ideal para evitar uma possível perda de aderência dos pneus em relação ao piso – o que, muito provavelmente, levaria o piloto a cair. 

Dos recursos, o ABS é hoje o que está mais presente nas motocicletas que circulam no Brasil, já que a legislação do país exige desde o começo do ano que motos acima de 300 cilindradas possuam o sistema que impede a perda de aderência nas frenagens como item de série.  

Mas o mercado tem evoluído e o ABS já aparece em modelos de menor cilindrada - até em scooters como Honda PCX 150 e Yamaha NMax 160 – como Honda CB 250F Twister, Yamaha Fazer 250 ABS e nas pequenas trails Yamaha Crosser 150 ABS e Honda XRE 190 – as duas últimas, assim como a nova geração do PCX, contam com o recurso apenas na roda dianteira. 

A tecnologia, no entanto, já evoluiu a ponto de alguns modelos contarem com o ABS atuante em curvas. Em resumo, o sistema considera o nível de inclinação da moto e permite que o motociclista possa utilizar os freios mesmo nas mudanças de direção. Em uma rodovia, por exemplo, o ABS de curva pode ser a salvação em um erro de cálculo da velocidade de contorno, pois o piloto pode manter a motocicleta inclinada ao mesmo tempo em que utiliza os freios para seguir no trajeto ideal. 


Foto: Stephan Solon

Controle de Tração 

Se os freios ABS atuam quando o piloto está diminuindo a velocidade, o controle de tração trabalha quando o motociclista acelera, fazendo com que a força produzida pelo motor seja transferida para o solo e a moto siga em frente. 

Geralmente visto nas motos mais potentes, o controle de tração ajuda o piloto a despejar a quantidade exata de potência de acordo com as condições do piso, reduzindo a entrega em solo escorregadio para evitar a perda de aderência. Imagine dosar a entrega de potência de uma moto de 140 cavalos, sob forte chuva, sem controle de tração. O risco de algo dar errado aumentaria significativamente. 

Felizmente, a tecnologia está entre nós e o recurso já evoluiu a ponto de ser oferecido em versão que, assim como o ABS, leva em consideração o ângulo de inclinação da moto – quando a área de contato do pneu com o solo é reduzida.

Além disso, em muitas motocicletas com controle de tração há a possibilidade de controlar o nível de intervenção do recurso – permitindo ao piloto controlar ele próprio a dosagem de potência que vai para as rodas - e até mesmo desligá-lo, o que é útil na prática do off-road. 


Foto: Bira/Sport Speed

Acelerador eletrônico  

Cada vez mais adotado nas motocicletas, o acelerador eletrônico dispensa o uso do cabo e oferece ao piloto respostas mais precisas no acionamento da manopla: suavidade, controle e economia de combustível são alguns benefícios, mas não para por aí. 

Com o acelerador eletrônico, as fabricantes puderam explorar ainda mais o gerenciamento de potência, oferecendo modos de pilotagem para que o motociclista tenha a configuração ideal para cada situação, seja no uso esportivo, seja no uso normal das ruas – no asfalto ou na terra. 

Há, claro, a possibilidade de o piloto configurar manualmente cada parâmetro em alguns modelos, ajustando a motocicleta exatamente do jeito que desejar, mas as fabricantes oferecem modos pré-ajustados, facilitando a vida do piloto e permitindo ao motociclista mudar a configuração utilizando apenas um botão. 

Em questão de segundos, por exemplo, o piloto pode sair do modo de pista seca para a configuração de chuva, na qual a entrega de força é suavizada, o nível de potência é reduzido e o controle de tração está sempre no modo mais atuante. Assim, o motociclista pode seguir no caminho de forma segura. 


Foto: BMW/Divulgação

Suspensão eletrônica 

Suspensões tradicionais ajustáveis, em geral, exigem o uso de ferramentas para a regulagem de compressão e retorno – alguns modelos possuem um mecanismo para o ajuste da pré-carga da mola traseira que dispensa ferramentas. 

Agora imagine poder configurar a suspensão da sua moto com alguns cliques em botões, enquanto o semáforo indica que você deve aguardar o verde para poder partir? As suspensões eletrônicas, permitem configurar tanto a dianteira como a traseira de acordo com o uso e nível de carga - caso das sport touring/bigtrails. 

Há também motocicletas no mercado com suspensões semi-ativas, que se adaptam automaticamente ao modo de condução do piloto, peso sobre a moto e tipo de piso.

Com isso, o motociclista terá sempre a configuração mais adequada para cada momento da pilotagem. Mais segurança e tranquilidade, onde quer que ele esteja. 


Foto: MotoGP/Divulgação

Jaquetas/macacões com airbag 

Este recurso chegou apenas no ano passado ao Brasil e os valores ainda restringem a tecnologia a poucos, mas é um item que pode fazer a diferença na integridade física do motociclista em caso de queda. 

Desenvolvido há anos nas pistas, os airbags internos nas jaquetas e macacões têm chegado ao mercado com alguns exemplos de eficiência provados nas pistas. Quem acompanha a MotoGP ou Mundial de Superbike já deve ter reparado em como os pilotos levantam ‘inflados’ após quedas. 

O sistema de airbag interno conta com uma série de sensores que monitoram os movimentos da pilotagem. Quando os sensores detectam o menor sinal de algo fora do normal, disparam o cilindro que aciona o airbag. Isso acontece em milésimos de segundo e o dispositivo entra em funcionamento antes mesmo do impacto do piloto com o solo. 

No último GP da Grã-Bretanha de MotoGP, Andrea Dovizioso não conseguiu desviar da moto de Fabio Quartararo e decolou com a Ducati Desmosedici GP19. Após voar, Dovizioso sofreu um forte impacto contra o solo. Exceto por uma perda momentânea de memória, o piloto da Ducati nada sofreu e dias depois participava de uma sessão de testes coletivos da categoria em Misano. O francês também escapou ileso do incidente, que você pode ver no vídeo abaixo: 

 

A fornecedora do macacão do italiano – coincidentemente a mesma de Quartararo – divulgou dados referentes ao acidente em Silverstone. A queda do francês durou 4s7 e o airbag foi acionado 0s060 antes de o piloto da Petronas SRT chegar ao solo. 

Já a queda de Dovizioso durou 4s8 e o dispositivo foi acionado 0s150 antes de o italiano atingir o chão, mas depois do choque com a Yamaha de Quartararo. Além disso, o impacto da queda do piloto da Ducati foi de 35 vezes a força da gravidade – mais um elemento para mostrar a eficiência do recurso. 

Tecnologia não é tudo

A indústria das duas rodas tem feito a parte dela para tornar a pilotagem mais segura. No entanto, é importante ressaltar que nenhum recurso é totalmente eficaz e que os riscos existem. Cabe a nós, motociclistas, pilotarmos de forma segura para aproveitar os prazeres de pilotar uma moto - que a eletrônica não chega para tirar, pelo contrário.

A tecnologia está entre nós justamente para podermos explorar da melhor maneira o que essas máquinas que nos contagiam têm a oferecer. Seja prudente, procure sempre aperfeiçoar a própria pilotagem e esteja sempre atento, seja no perímetro urbano, nas rodovias ou nas pistas. Se uma emergência surgir, você terá habilidade e recursos tecnológicos para voltar para casa são e salvo.


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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