Viagem Surpresa
Colunista escreve sobre viagem surpresa para o Rio de Janeiro com sua parceira de duas rodas e os amigos da estrada
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
Lu Thomaz
Sábado de manhã, solzinho de inverno, quando me dei conta passei debaixo de uma placa: Rio de Janeiro 252 km, como assim?
Vou tentar encadear cronologicamente a coisa toda!
Sexta-feira rolou uma crocodilagem na sede do Balaios ABC, os caras fizeram um churras de jacaré e eu fui conferir. Fiquei com pena do bichinho, mas já estava lá mesmo provei um pedacinho, é bom...
O Celsinho refez o convite: Rio de Janeiro, reinauguração da sede na Rua Ceará, amanhã, vai perder nosso trem??? Vai o pessoal do ABC e do Paraná, vai com a gente?
A proposta embora tentadora era totalmente fora da programação. Logo remendei cá com meus botões: mas que programação? Vai de uma vez e pronto, tá com medo de se divertir??? Qual é a sua??? É boba ou tá fazendo curso??? Sem respostas convincentes para minhas próprias perguntas, topei: Tô dentrão!
Cheguei em casa lá pela 1h30 da madruga, entuchei na mochila um saco de dormir, um cobertorzinho, alguns poucos artefatos causadores de engano (aqueles que nunca uso, mas sempre levo e não vou levar mais).
Acordei cedo, fazia um frio dos diabos, me empacotei toda, amarrei a mochila na garupa da Preta e bora lá encontrar os gentlemans.
Desta vez o ponto de partida foi a casa do Super 15 aqui em São Bernardo, onde ficou o pessoal do Paraná, cheguei quase junto com o pessoal do Abc, após um parada para abastecer, seguimos viajem. O Super 15 não pode ir e deve estar com dor de cotovelo crônica...
Foi um baita trenzão fincado na Dutra, o Marcelão de HD Bad Boy puxou o trem, tive a honra de ser o “oitavo elemento”, explico: para não me “perder” na estrada o Celsinho me colocou entre o Denis e o Russo, e perto do 02, sou uma mimada mesmo!
Foi de novo a Lu e os caras na estrada sem as minas para encher o nosso saco!
E lá fui eu toda metidona acelerando com os caras, fiquei bastante lisonjeada em participar desta viagem, o trem dos “Cangaceiros” vai mesmo nos trilhos, é organizado, imponente, sem buraco, bonito demais de ver e melhor ainda de andar.
Vou confessar que quando o Marcelão imprimiu um ritmo mais forte, foi meio tenso, mas dei conta, sem chorar, sem cair, nem morrer.
Creio que estávamos em 18 motos era HD pra tudo quanto é gosto, desta vez quem se rebelou foi o Harlão do Cassiano, cabo do acelerador rompeu e enquanto era substituído no acostamento, mais dois Balaios se juntaram ao grupo...
Cabo trocado, seguimos viagem, no próximo posto outra Evo se rebelou, desta vez suspensão, e precisou de guincho, neste momento o grupo se dividiu uma parte ficou no posto e outra seguiu viagem, segui com a turma.
A descida da Serra das Araras foi bem tranqüila, agora tem bastante radar, e a velocidade máxima é 40 km/h... é até meio chato, mas melhor assim porque tem belos “cotovelos” neste percurso.
Na Linha vermelha o trafego era intenso, quando chegamos na rua Ceará, centro do Rio, já era noite, recebi as boas vindas de muitos amigos queridos e conheci outros tantos.
Pena que desencontrei do Lobos MC RJ que estiveram por lá mais cedo, há muitos anos não os vejo, mas acho que ainda conheço alguns, não foi desta vez.
A histórica sede da Rua Ceará foi reformada, ajeitada, climatizada e ficou chique para receber os convidados.
O quarteirão estava tomado de motos, era mancha de óleo para todo lado, rolava churrasco e banda, o pessoal do Rio e de São Paulo já estava acelerado na farra, logo a turma que ficou no posto também desembarcou por lá.
Foi festa sem miséria, menção honrosa aos Prospects que ralaram para caramba (n posso escrever palavrões aqui). Lá pelas 3h e trá-lá-lá eu estava só a poierinha do cocô do cavalo do bandido, tinha mais gente lá também em estado de calamidade pública, eu como sou menina, pedi pra sair.
O pessoal resolveu pernoitar na sede e me descolaram a parte de cima de um beliche, com direito a um travesseiro fofinho (segundo a “livre tradução” que o Denis fez dos ideogramas estampados na fronha) joguei lá meu saco de dormir, lavei o rosto, e capotei... nem ouvi marmanjo roncar.
Acordei com crise de rinite, acabada, pior que trombada de lambreta com trem, mas era hora de levantar acampamento e seguir para São Paulo.
Voltei com o trem do ABC exceto o Russo que me matou de inveja seguindo viagem rumo Espírito Santo e depois Brasília e blá... blá... blá...
Os primeiros 80 km foram bem sofridos eu estava moída, pegamos um ventão contra que tornou a pilotagem um tanto desconfortável, mas na primeira parada tomei café (digo cafés) e um pouco de energético para dar um up, aí sim comecei a ver a luz, de quebra ganhei um merecido e acolhedor puxão de orelha do Celsinho: Lu, espera do Denis fechar o fundo para você mudar de faixa... acatei, o Velhinho tinha razão, eu é que estava “apressadinha”.
A subida da serra sentido São Paulo é uma delícia, umas curvinhas boas, dá gosto de fazer.
Mesmo protegida pelo trem, tomei uma fechada de um uno abusado, tive de frear, a Preta não gostou, cantou um pneuzinho, mas nada traumatizante, o bom, foi que o incidente espantou o restinho de um sono teimoso que me perseguia – Obrigado cara do uno grafite!
Na Dutra quase na altura de Taubaté o tráfego estava lento o que nos obrigou a andar um bom trecho pelo corredor, afinal tem que sofrer um pouquinho também!
Logo já pegamos a saída para a Airton Senna, teve ainda uma parada no acostamento para esperar o Celsinho que foi pego para cristo por um guarda no pedágio, e aí foi a nossa vez de tomar uma carcada do policial rodoviário por estarmos parados no acostamento,sem justificativa o Marcelão convenceu o guarda a não aplicar multas, o policial checou documentos “inclusive o seu, mocinha” e liberou a encardidagem.
Acessamos o ABC pelo rodoanel o que foi boa pedida porque não tinha trânsito, e pegar a Rod Anchieta sentido “minha casa” naquela hora me pareceu a melhor coisa do mundo, a noite estava linda nem friozinho gostoso, perfeito.
Já havia me despedido do Marcelão, Celsinho, 02, Denis e Ulissão logo após o guarda gentilmente nos enquadrar, saudei novamente os rapazes e entrei na minha entrada.
A moideira era geral, irrestrita e absoluta, mas quem liga para isto? Difícil, difícil mesmo é tirar este sorriso da minha cara.
É Fato que esta viajem não estava nos meus planos, viajei “de surpresa”, pura expressão de liberdade e foi bom, bom demais!
Making-Off
Fotos? Só na mente.
Balaios ABC – Obrigada pelo convite e cuidado, foi uma honra viajar com vocês
Balaios RJ – Valeu a hospitalidade e a farra, festança sem miséria.
Saudações também ao BMC São Paulo e Paraná
Trem Sobrenatural: Amores, não fiquem com ciúmes, que meu coração é grande e minha vontade de viajar de moto maior ainda ...
Em tempo: Até vou gostar se vocês sentirem um ciuminho, vá!
Saudações encardidas,
Lu Thomaz é uma motociclista inveterada, encardida e “harleyra” de carteirinha, uma verdadeira apaixonada por motos clássicas. Assumiu o guidão em 2001 e não largou mais. Hoje é uma grande colecionadora de viagens e causos sob o ponto de vista feminino. Blog: http://blogdaencardida.blogspot.com Email: [email protected]
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