Taiwan: O paraíso das scooters
País asiático tem uma frota de veículos duas rodas gigante e são elas que ajudam a acelerar o desenvolvimento
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
Aladim Lopes Gonçalves
Se existe algum lugar no mundo que pode ser chamado de paraíso das scooters esse local é Taiwan (também conhecido por Formosa), um estreito de terra no leste da Ásia, que fez parte do grupo dos tigres asiáticos na década de 80, como uma forte potência econômica e industrial, e atualmente é um grande polo tecnológico. E nesse país, que fica do outro lado do planeta, são as motos compactas que comandam o transporte e ditam as regras no trânsito.
A reportagem do MOTO.com.br atestou esse verdadeiro fenômeno do mundo das duas rodas que é Taiwan em uma visita à ilha asiática, no final de março, a convite da Dafra Motos. Essa aventura oriental fez parte da estratégia de lançamento da Next 250, novo modelo naked da marca no Brasil e que foi desenvolvida em parceria com a fabricante taiwanesa SYM (Sanyang Industry). Por lá a moto é chamada de T2 e é considerada uma das mais potentes do mercado local.
Durante essa viagem de cerca uma semana, em uma jornada de norte a sul da ilha, pudemos passar por pelo menos três grandes cidades (Hsinchu, Kaohsiung e Taipei), e comprovamos que a scooter é efetivamente o principal meio de transporte, tanto nas áreas urbanas que mesclam ares de alta tecnologia e modernidade, quanto no interior do país que ainda mantém uma forte expressão da cultura e tradição milenar de Taiwan.
Pois bem, em um país com uma população de cerca de 26 milhões de habitantes e que conta uma frota de veículos estimada em torno de 14 milhões, com ampla maioria de scooters e motos (chegamos a ouvir que há uma scooter para cada dois habitantes), realmente é muito difícil ver um número grande de pessoas andando a pé pelas ruas. Em algumas ruas pequenas e vielas as calçadas são dispensáveis e até parecem nem existir. Um cenário que até poderia assustar se pensarmos na hora do rush (horário de pico).
Mas não é bem isso que acontece em Taiwan. Apesar de um fluxo intenso de veículos nas ruas, o que se é fluidez e não longas filas de carros parados. As vias em geral são largas e contam com túneis, viadutos e vários acessos. O transporte público também funciona bem com metrô, trem de alta velocidade, ônibus e boa frota de táxis. Com isso as scooters e motos transitam em massa e com grande versatilidade pelas vias. Até pode ser que o pessoal nem saiba o significado de congestionamento ou não veja isso há muito tempo.
Vantagens no trânsito
Mesmo com uma quantidade gigantesca de veículos nas ruas, a fluidez no trânsito não é resultado apenas da eficiência no sistema de transporte público e do espaço menor que as pequenas scooters ocupam nas vias, mas também pelas vantagens que as motinhos automáticas e outros veículos de duas rodas desfrutam sobre carros, ônibus e caminhões.
A ordem de preferência de passagem no tráfego urbano é pedestre, bicicleta, moto, ônibus, táxi e somente depois o automóvel. Isso funciona e esse procedimento é “realmente” respeitado por todos em Taiwan em áreas de travessias e cruzamentos. Isso leva a crer que a população em geral segue uma educação exemplar e que as leis e multas são bastante rígidas.
Cada um no seu quadrado
Outro aspecto que favorece o deslocamento das scooters pelas ruas de Taiwan é que elas contam com áreas específicas de espera nos semáforos dos grandes cruzamentos. Esses espaços têm uma marcação na forma de retângulo ou quadrado, dependendo da largura da via, e ficam à frente da faixa de pedestres, separa bem automóveis, pedestres e motos. Além disso, as scooter e motos podem ser estacionadas nas calçadas sem qualquer problema. Acha um lugar fácil para estacionar assim é o sonho de todo o motociclista apressado.
Perfil do motociclista
As scooter em Taiwan cumprem um importante papel social e não parecem ser um veículo dirigido especialmente para atender um determinado perfil da população. O que se vê nas andanças pelas cidades é que jovens, adultos e idosos andam com as motinhos para cima e baixo e para todos os lados. Crianças pequenas e bebês podem ser vistos nas scooters pilotadas por seus pais. Em certos casos, vimos até cachorros sendo transportados com a maior naturalidade.
Em relação à utilização de equipamentos de segurança os motociclistas de Taiwan não parecem muito preocupados, pois o que mais se vê são pessoas nas scooter sem grandes aparatos de proteção. O mais comum é o capacete (obrigatório) e as luvas. Acessórios como calças, jaquetas e botas são encontrados em praticamente todas as lojas de acessórios, mas são poucos os motociclistas que usam. Como não vimos motos andando em alta velocidade e tampouco excessos ou manobras perigosas parece não haver muita polêmica ou discussão sobre o assunto, pois de certa maneira o trânsito se mostra organizado e seguro.
Concessionária típica
Paramos um pouco para conhecer uma autêntica concessionária taiwanesa, na capital Taipei, onde se destaca na paisagem o Taipei 101, uma torre de cerca de 500 metros de altura. A pequena revenda da marca SYM surpreende pela otimização do espaço com funcionalidade e modernidade. Com equipamentos de última geração na oficina, um local de espera confortável e com uma variedade de chás exóticos para os clientes e o showroom na calçada, é impossível não se surpreender como tudo funciona bem.
Apesar de não termos ouvido falar qualquer coisa sobre a incidência de roubos e furtos de motos no período da visitação, havia uma maxi scooter fazendo revisão na oficina com a utilização de um sistema de segurança do tipo "vacina", com o número de chassi estampado em várias partes da moto, o que demonstra pelo menos um pouco de receio do proprietário.
No geral, Taiwan oferece um roteiro excepcional e diferenciado para os turistas ocidentais com paisagens e cenários que retratam o antigo e o moderno convivendo harmoniosamente lado a lado. O povo é extremamente educado e praticamente toda a geração mais jovem fala inglês, o que facilita sensivelmente a comunicação, pois a simples leitura de uma placa de sinalização pode ser um problema.
Se podemos dizer que há algum inconveniente na ilha é a alimentação, pois a culinária local é muito diferente do nosso cardápio ocidental. Os pratos mais comuns são a base de peixes, legumes e massas com preparados de caldos e temperos que podem ser desafiadores até para os paladares mais resistentes. Se você precisar usar um computador local isso também poder virar uma dificuldade. Isto é, se ele estiver configurado apenas para o idioma chinês, aí fica complicado...
Viagem feita a convite da Dafra e da SYM
Fotos: Aladim Lopes Gonçalves
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