Relaxando e curtindo sozinho no deserto

Motonauta conta como encarou este desafio de 5.700km em cima de sua moto.

Por André Jordão

Eldinei Viana

Eu sempre viajo em janeiro, é a época em que tiro minhas férias "solo", aproveito para pensar, relaxar, refletir... Neste ano eu tinha 12 dias livres para curtir. Não tinha definido exatamente para onde eu iria, mas tinha várias opções.

Pensei em conhecer a Região dos Lagos e mergulhar no Rio de Janeiro, Fazer o curso de Mergulho Avançado em Bombinhas(SC), conhecer a região de Mendoza(ARG) e Santiago(CHI), ou ir para Salta(ARG) finalizando no Noroeste Argentino.

Nas duas primeiras opções, eu viajaria “pouco” de moto, mas iria mergulhar coisa que eu também gosto muito. Nas duas últimas opções, eu viajaria “muito” de moto, coisa que eu gosto DEMAIS. Como mergulhar, teoricamente, eu poderia ir a qualquer época, optei por viajar mais de moto.

Como eu não tinha muito tempo, e não queria ter pressa, optei por conhecer a região de Salta e o Noroeste Argentino. Conversei com meu amigo Evandro, que tinha voltado de uma longa viagem por aquelas regiões e ele me disse: “Quem vai até Salta tem que ir até São Pedro de Atacama, é apenas 550 km de distância". Pronto !!! Tinha sido “picado” pelo desafio de cruzar o Deserto do Atacama sozinho.

Eu sempre digo que cada viagem é uma viagem, e que cada um tem o seu estilo de viajar, no meu caso, é "solo". E lá fui eu para uma viagem de quase 6.000 km (fiz 5.700 km no total), conhecendo várias regiões bonitas e paisagens que não vemos no Brasil.

Saí de Pato Branco numa segunda-feira as 09h30min da manhã. No primeiro dia fui até Presidência Roque Saenz Penha, jantei num bom restaurante e dormi num hotel legal. No segundo dia minha intenção era ir até São Pedro do Atacama, mas me perdi numa estrada e fiz 280 km a mais, ainda bem, pois senão passaria pelo Deserto à tardinha, o que não é aconselhável.

Então fui até Tilcara/AR, uma linda cidadezinha bem no estilo de São Pedro, mas onde tudo é mais barato. Mais um dia, e conheci a 'Garganta do Diabo' em Tilcara, o Pucara de Tilcara e fui até La Quiaca, divisa com a Bolívia. Nesse trajeto de 205 km, conheci toda a "Quebrada de Humahuaca" com paisagens belíssimas (vale à pena conferir a galeria de fotos).

Na quinta-feira fui para São Pedro de Atacama. A altitude atrapalha um pouco, mas as paisagens são lindas. Passar pelo Deserto do Atacama sozinho foi uma experiência fantástica. Em São Pedro do Atacama me surpreendi com os preços dos hotéis. Um hotel que eu pagava, na
Argentina, cerca de 40 a 50 dolares para dormir muito
bem, em São Pedro esse valor aumentava para 100 dólares ou mais. 

E lá estava eu, aproveitando. Fui de moto até o Vale da Morte, Vale da Lua, Salar de Atacama e Vale de Jerez. Como eu não queria, e não conseguiria visitar todas as atrações, fiquei contente com estas. Atolei a FJR no Vale da Morte, onde fui socorrido por um simpático casal de alemães, ele de 79 anos e ela de 75, que viajam seis meses por ano, quando é inverno na Alemanha.

No sábado segui para Salta/AR. Novamente deserto, altitude e frio, muito frio no deserto. Salta é uma bela cidade, que “gira” em torno da praça principal. No dia em que cheguei fui caminhar e conhecer a cidade. Próximo dia. Destino, Cafayate, passando pela "Quebrada de Cafayate". Confesso que uma das mais belas estradas em que já passei. Cafayate também “gira” em torno da praça principal.

Saí de Salta de madrugada, minha idéia inicial era ir até Resistência ou Corrientes e dormir por lá, mas acabei quebrando o meu recorde anterior que era de 1.090 km num dia. Fiz 1.654 km de Salta/AR até Pato Branco - PR.

Foram 18 horas e 10 minutos viajando, com direito a pequenas paradas. Saí de Salta/AR as 03h20min da madrugada e cheguei a Pato Branco às 21h30min. A FJR aguentou legal, e eu também. Abraços a todos.

O “motonauta” Eldinei Viana participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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