Relato: Motoviagem até o sul do Chile
O internauta Ary passou por quatro países em um pouco mais de uma mês com sua Yamaha Ténéré.
Por Roberto Brandão
Por Roberto Brandão
Ary
De 19 de dezembro de 2009 a 28 de fevereiro de 2010, empreendi uma viagem de moto de Vila Velha (ES) até Chiloé, no sul do Chile. Nesta viagem resolvi ir até Curitiba, para depois seguir para Santa Catarina passando por Porto União (SC). Porém mudei de rumo e fui por General Carneiro (PR), para chegar a Erechim (RS).
A chuva forte me obrigou a dormir em G. Carneiro, porque sai de Curitiba às 14hs. No dia seguinte fui até Santa Maria (RS), pois o calor estava intenso e o cansaço imperou. De Santa Maria segui por Santana do Livramento (RS) entrando no Uruguai por Rivera, debaixo de um dilúvio que molhou até a alma. Mas quem está na chuva é pra se molhar, então dei atenção à estrada e cheguei a Tacuarembó (UY) e parei.
Na manhã seguinte, sem chuva, fui pra Paysandu (UY) por onde entrei na Argentina, indo dormir em Rosario (AR). Por ser natal, resolvi ficar mais um dia na cidade. Dia 26 de dezembro, parti rumo a Trapiche, mas a beleza do caminho e um pouco de chuva, me fizeram parar em La Toma, na região dos "tornados", que graças a DEUS passaram a noite.
No dia seguinte fui até Trapiche, estância hidromineral da Província de San Luis, ótimo lugar para descanço e passeios de moto. Daí, fui pra Mendonza. Na chegada, a magnífica visão das Cordilheiras dos Andes. Confesso que fiquei emocionado de vê-la "hermosa".
Dia primeiro de janeiro de 2010, presente de ano novo, muita emoção. Creio que somente motociclistas sem alma não ficariam emocionados, pois encontrei uns irmãos de Campinas que instintivamente me renovaram na disposição de atingir meu objetivo.
Próxima parada, aduana no Cristo Redentor, Paso Eva Peron, divisa Argentina\Chile. Depois das 2hs30 de trâmites, nova emoção. Los Caracoles, lugar que representa mais que expressões, visto que conhecê-los ao vivo dispensa quaisquer palavras.
Depois de um dia cheio de atrativos, cheguei em Santiago às 20hs30 e no hotel às 21hs30. Dia seguinte foi de passeios em Santiago. O próximo dia, um tour em Valparaiso e Viña Del Mar e no outro fui trocar o pneu traseiro da moto, diga-se de passagem, um ótimo pneu, chinês com perfeita aderência no asfalto e terra, chegou em casa com mais de meia vida, muito bom.
Dia cinco, estrada outra vez, agora de moto até Valparaiso, Viña del Mar, Algarrobo, onde fica a maior piscina natural do mundo. Daí até San Antonio (derrubada pelo terremoto), onde me hospedei num hotel muito antigo e todo de madeira.
No outro dia segui viagem por uma rota de serra muito linda, até à “Ruta 5”, que corta o país de norte a sul, indo em direção sul até Linares e parando por dois dias, afim de fotografar os vulcões que cercam a cidade e dar um descanso.
De Linares fui até Villarrica, também cercada pelo vulcão do mesmo nome e extremamente fria. Foi difícil dormir na barraca, mas sobrevivi. Seguindo caminho, pretendia chegar a Ilha de Chiloé, mas uma regulagem excessiva de corrente, rompeu o elo da emenda da mesma, me obrigando a andar 50 quilômetros a uma velocidade média de 30 km/h, até chegar à cidade de Fritillar. Ali fui auxiliado pelo Sr. Jorge e sua filha que possuem uma oficina que fabrica silenciosos. Depois de resolvido o problema, cama.
No outro dia, fiz câmbio e segui viagem contornando um lindo lago, até retornar à “Ruta 5”, onde segui até Puerto Montt, pra comprar a trava que havia rompido. Achei numa oficina de moto e logo voltei para a estrada rumo a Chiloé. Uns 50km depois cheguei ao fim do continente costeiro do Chile, de onde se toma uma balsa pra Isla de Chiloé.
Vinte minutos de travessia, a um custo de R$11 aproximadamente, rodando mais 60km até Ancud, minha sede em Chiloé. Me indicaram uma pousada que estava lotada, pra minha sorte, pois achei vaga em uma de frente para o Golfo, de onde pude contemplar um maravilhoso por do sol.
No dia seguinte, rodei 78 km até Castro, a capital da ilha e cidade das famosas "palafitas" e do concorrido mercado municipal LILLO. Visitei o mercado, comprei um cachecol de lã de lhama por R$6, fiz um passeio de barco até as criações de salmão (dentro da água do mar), fiz boas fotos e saltei de banda, de volta para Ancud, pra visitar o mercado da cidade.
Cumprido meu objetivo, estrada para casa, eram somente uns 6.000km até Vila Velha (ES), mas neste dia voltei até Osorno (CH), de onde segui pela Rota 215 em direção à Argentina.
Depois de muitas fotos, cheguei na aduana chilena, trâmites de saída, parada pra fotos no cume da cordilheira, mais 20 km até à aduana argentina. Após me concederem o direito de cortar o país, fui até Villa La Angostura, que, para mim, é a cidade mais bela da Argentina na região dos Lagos Andinos. Simplesmente deslumbrante. Quem tiver oportunidade de visitá-la, não deixe de ir e ficar uns três dias no mínimo.
Daí, fui até à famosa Bariloche, onde também fiquei por dois dias, devido à quantidade de atrativos interessantes para serem visto. Depois do Cerro Catedral, estrada na minha companheira inseparável Ténéré. Dizem que motos velha são problemáticas, mas mesmo podendo optar, não me arrependo nem um pouco de ter escolhido a Ténéré ao invés da DR800. Teria mais motor, mas não teria um trator.
Bom, voltando à estrada, segui para Neuquén, onde tive problemas para achar óleo para a moto (pode?). Depois, seguindo em direção nordeste, fui até General Acha, Laladillo e Buenos Aires, sem grandes atrativos, visto que Buenos Aires é uma velha conhecida.
Atravessei para o Uruguai pelo Buquebuss, e após uma ótima noite de descanso em Montevideo, segui pelo centro do país até Rio Branco (UY), de onde se atravessa para o Brasil pela importante Ponte Internacional Barão de Mauá, até à cidade gaúcha de Jaguarão, no início da BR 116 sul.
Dois dias em Jaguarão, por causa de um “motofest”, fiz alguns amigos e segui viagem até Caxias do Sul, depois Curitiba, com parada pra manutenções de praxe, seguindo até Embú das Artes, pra ver meus grandes amigos, Carlos e a Sueli, com quem fiquei só um “diazinho”.
Dois dias depois segui pelo Rodoanel, pra conhecê-lo e passando pela Rod. D. Pedro I, fui para a Via Dutra e dali em direção ao Rio de Janeiro, pra chegar em Cabo Frio, meu destino do dia. Depois de dois dias de folga com meu pai na beira da lagoa em Cabo Frio, regado a água de coco, estrada pra casa. Desta vez foi pouco, somente 450 km.
Enfim, foram 42 dias na estrada, quatro países, e muita, mas muita adrenalina pelas magníficas imagens registradas na minha mente. Até a próxima.
O “motonauta” Ary participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.
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