Pratos típicos da América do Sul
Contei sobre as estradas, os lugares e um resumo sobre a minha viagem de moto de 5 meses e hoje vou falar um pouco dos pratos típicos da América do Sul.
Por Thiago Dantas
Por Thiago Dantas
A minha maior motivação em viajar é conhecer outras culturas, e uma das formas mais imersivas de fazer isso é pela gastronomia.
Desta forma alimento histórias e o projeto O Mundo em Lanches, um dos focos centrais dessa minha jornada.
Sou Rodrigo Schmiegelow e estou compartilhando um pouco da minha viagem de moto de 5 meses na América do Sul, onde passei pelo Sul do Brasil, Uruguai, Argentina e Chile.
Em uma viagem tão longa é muito difícil conseguir explorar restaurantes regionais todos os dias. Nestes 5 meses também cozinhei bastante, comi muito pão amanhecido e muita sopa (pelo custo benefício e facilidade de preparo), mas é claro que não deixei de explorar os pratos típicos da América do Sul.
Logo no início da viagem passei em Pomerode, a cidade considerada a mais alemã do Brasil, e por lá experimentei o Marreco Recheado.
Um marreco assado servido com batatas salteadas e repolho, muito gostoso e com uma história tão interessante quanto.
Na verdade, a tradição veio dos patos assados aos domingos nas casas das famílias imigrantes da Alemanha. Uma das pessoas com quem conversei comentou que não era considerado domingo se não tivesse esse prato feito pelos avós e a reunião familiar.
Para comercializar nos restaurantes adaptaram para o marreco pelo tamanho menor do animal e possivelmente pela escala de produção.
Mas o que me surpreendeu mais por lá foi o Bolinho de Carne feito com pão amanhecido embebido em leite e misturado com carne moída, muito simples e saboroso. Contei um pouco mais sobre os pratos de Pomerode nesta publicação no O Mundo em Lanches.
Mais para o sul do Brasil, o típico churrasco gaúcho e a cuca foram os pratos em maior evidência.
Paulistano que sou, fui muito julgado por comer churrasco de bife nos encontros com os amigos, e realmente faz muita diferença assar a peça inteira.
Já que comecei a falar sobre o Churrasco vou pular essa coisa de experiência cronológica dos pratos experimentados e ir logo para a Parrilla, o legítimo churrasco uruguaio e argentino.
Além dos cortes das carnes, a grande diferença está no preparo, diferente do que estou acostumado no Brasil, por lá usam lenha ao invés do carvão pronto.
Queimam a lenha em um dos lados da churrasqueira e vão espalhando as brasas por baixo da grelha que fica elevada. Isso faz com que a carne asse aos poucos e fique muito saborosa.
Um dos cortes mais famosos é o chorizo, e não é à toa, a carne fica muito macia e gostosa.
Os pratos típicos da América do Sul também trazem muitas supressas.
Mas essa é a parte que quase todos já conhecem, o que me surpreendeu mais foi a popularidade da morcilla, que conheço no Brasil como chouriço ou linguiça de sangue.
Em quase todas as parrillas que comi nos dois países tinham essa iguaria salgada ou doce (preparada com alguma fruta dentro) disponíveis em destaque. Eu gosto, mas não está no meu dia a dia gastronômico.
Outro item que me surpreendeu logo no meu primeiro churrasco uruguaio foi o pimentão vermelho recheado com uma mistura de queijo com ovo e temperos, esse estava delicioso e recomendo muito.
Já até tentei fazer mas não ficou igual, acho que a vivência da experiência faz diferença ao degustar qualquer prato, e neste caso estava na casa de uma família Uruguaia.
No Uruguai comi muita tarta, em qualquer mercadinho, padaria, banca de jornal, em todo lugar mesmo, era possível encontrar esse item em vários sabores e preparos diferentes.
E sabe o que é tarta? É uma torta salgada. A doce é torta mesmo. Foi confuso no começo.
Neste país e também em boa parte da Argentina o milanesa é outro prato que está em tudo quanto é canto.
Chamava atenção esse bife de carne ou de frango empanado e frito embalado no plástico filme em cima de uma bandeja de isopor acompanhado de batata, salada ou dentro de um pão, ali disponível na vitrine apenas para pegar e comer.
O milanesa é um prato muito popular que comi bastante por lá, algumas vezes por falta de opção mesmo. Peguei alguns deliciosos e outros mais ou menos, mas nenhuma vez acompanhado com arroz branco quentinho, quase sempre era batata frita ou purê de batatas.
No Chile não estou lembrando de nenhum prato tão popular pelo percurso todo que percorri. Lógico, tem empanadas, mas sobre esse item vou falar com destaque daqui a pouco.
O meu projeto chama O Mundo em Lanches mas não é por conta dos lanches que comi, a ideia é transformar toda essa experiência gastronômica em sanduíches deliciosos mas é claro, viajando de moto, com dias e dias de estrada e sem o maior orçamento do mundo, comi muitos lanches. Muitos mesmo.
No Uruguai tem o famoso Chivito, um sanduíche com uma fina fatia de carne e tudo mais o que tem direito dentro. Ovo frito, presunto, queijo, bacon, salada e, às vezes, até batatas fritas.
Com esse lanche eu tive sorte, a primeira vez que comi foi no Chuí, antes mesmo de entrar no Uruguai, e não tinha achado nada demais então não pedi mais por ele.
Mas ouvi tanta gente falar sobre, que tinha que comer de novo, então deixei para o último dia.
Quase na fronteira com a Argentina pedi um desses e foi incrível, ainda bem que deixei para a última hora, senão teria virado meu almoço de quase todos os dias, e por isso acho que tive sorte.
No meu segundo dia no Chile experimentei a Machada, um sanduíche em um pão redondo (tipo de hambúrguer) recheado com carne desfiada cozida por muitas e muitas horas, uma rodela de tomate e maionese temperada. Caramba! Incrível!
E na Argentina comi muito lanche Miga, tipo um pão de fôrma sem casca com um recheio que parece o que minha vó coloca no lanche quando tem festa em casa: só uma sujada para falar que tem alguma coisa dentro.
Imagino que esse você já conheça porque são muito parecidos com o que fazemos no dia a dia em casa.
Mas teve um neste mesmo estilo que comi perto de Mendoza recheado com presunto cru, muito comum nessa região da Argentina, e com um pão mais caseiro, que valeu muito a pena! Esse estava muito saboroso!
Ainda no país dos nossos hermanos era muito popular o choripan, sanduíche de linguiça com algum molho no estilo maionese, tomate e queijo. É gostoso mas também não foi nenhuma novidade espetacular.
Não posso fechar o assunto lanches sem falar dos cachorros quentes:
No litoral uruguaio um pouco mais rústico, isso é, antes de Punta del Leste, era muito comum encontrar comidas feitas com algas do mar .
Algumas pessoas que conheci falaram que eram algas encontradas na praia mesmo, essas pessoas comentaram ter visto um pessoal recolhendo essas plantas pela de manhã pela areia, eu não vi e comi depois de fritar ou cozinhar então para mim não tem problema.
Os dois pratos que mais gostei com essa iguaria:
No Chile precisei provar o Pastel de Choclo, em uma definição simplista é um escondidinho que ao invés de purê de batatas, leva um tipo de um purê de milho.
Não tem como dar errado, mas deu.
O lugar que escolhi era tipo um boteco, cheguei lá no final da tarde, então o prato já não estava tão fresco e não me apeteceu como imaginei - vou provar novamente quando for buscar a moto.
Cada país tem suas particularidades que vou contando melhor no projeto O Mundo em Lanches, aqui encerro o tema com as Empanadas!
Isso é bom e é ruim porque não tem um padrão de qualidade, até a farinha pode variar entre a de trigo e a de milho.
Em geral, no Uruguai, era um item não muito valorizado. Na maioria das vezes que comi por lá, estavam meio jogados e tinham sido preparados de manhã ou no dia anterior.
Por lá só encontrei assado, a massa um pouco mais grossa escondia o recheio, não lembro de nenhuma que chamou tanto a atenção neste primeiro país que passei fora do Brasil.
Na Argentina pareciam mais populares e com mais saída, costumavam estar mais frescas, macias, serem maiores e mais saborosos.
Parei para almoçar em um restaurante de estrada na província de Córdoba e ao fazer meu pedido perceberam meu sotaque e chamaram a dona do restaurante que também é brasileira.
Na reciprocidade ela me ofereceu uma empanada frita, a primeira que comi.
Quando postei no Instagram um amigo tirou um barato falando que aquilo não era empanada, era pastel, e realmente parece um pastel com massa mais grossa mesmo, mas é muito bom de qualquer jeito.
O Chile me recebeu com uma péssima empanada em uma lojinha na fronteira - relembre a viagem entre Argentina e Chile - quase dei meia volta depois dessa empanada amanhecida.
Depois de outras experiências com esse quitute um pouco melhores e muitos outros fritos recheados com frutos do mar, eis que paro para me esticar em uma das estradas alternativas beirando o litoral e vejo uma placa em uma loja bem simples: empanada ao horno.
Fui lá experimentar uma de camarão com queijo. A senhora que me atendeu tirou um pano de prato que escondia várias Empanadas em cima do forno a lenha e me deu a que eu pedi.
A melhor empanada de todas! Massa fina, macia, com gosto de que acabou de ser feita e um recheio incrível. Já fico com água na boca só de lembrar.
Me adapto fácil, mas a cultura do arroz e feijão faz falta sim.
Também tem o pão, que nestes países são bem diferentes do que o nosso pão francês - ou com o nome da sua região - os pães por lá parecem que não fermentam, são meio sovados.
Mas tem exceções, mesmo com esse estilo de pão mais sovado também tive duas experiências em lojinhas de estradas como sanduíches super saborosos com pães que tinham acabado de sair do forno.
Em uma delas só tive a experiência pois acompanhei um chileno que também foi de Santiago a Valparaíso de moto no mesmo dia que eu e parou em um restaurante escondido em umas das curvas dessa linda serra.
Vou encerrar por aqui porque me deu fome e vou comer alguma coisa agora.
Os pratos típicos da América do Sul são diversos, saborosos e cheios de cultura e histórias por trás, qual é o seu favorito?
Ah! Tenho recebido no Facebook algumas perguntas de leitores do moto.com.br, um deles quer saber como eu me preparo para uma longa viagem de moto.
Confesso que não sou o maior planejador, mas na próxima publicação vou falar um pouco sobre os meus preparativos.
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