Duas amigas, duas Harley-Davidson e muita estrada

Valéria e Cláudia já rodaram mais de 320 mil km em viagens de moto pelo mundo

Por Alexandre Ciszewski

Entre as centenas de motos Harley-Davidson que estiveram no feriado de primeiro de maio em Balneário Camboriú (SC), participando do encontro Nacional do H.O.G., grupo dos proprietários da marca, duas Fat Boy chamavam atenção. Brancas e reluzentes as motos ostentavam o símbolo da Harley, cravejado em pedras, no paralama dianteiro. Pareciam típicas “motos de garagem”, aquelas que rodam pouco e apenas desfilam. Mas a realidade é bem diferente, as motos pertencem as mulheres que mais viajaram no HOG do Brasil

Uma é da cirurgiã dentista Valéria Aranha e, a outra, da engenheira Cláudia Fujarra. Amigas de longa data, elas vieram do Rio de Janeiro, cidade onde moram, para festejar os 35 anos de fundação do clube. Para elas os 1.000 km que separam a capital carioca do balneário catarinense “foi moleza”. Em quase 15 anos de amizade a dupla já rodou por centenas de milhares de quilômetros em vários países e ostentam recordes que poucos homens já atingiram. 

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Além de gosto pessoal, as duas amigas têm muita afinidade quando o assunto é viagem. Valéria é ligada em mecânica e trabalhos manuais. “Eu mesmo instalo muitos acessórios e também cuido da manutenção da moto”, conta a dentista. Com muito conhecimento técnico ela fala com propriedade de detalhes sobre a Fat Boy

Sua amiga Cláudia é engenheira e também acumula conhecimentos que usa nas muitas viagens. “Curto demais o planejamento da viagem, é também a chance de explorar roteiros diferentes”, revela Cláudia, que atualmente trabalha como fotógrafa.


Novos roteiros
Na viagem entre o Rio e o Balneário Camboriú, Cláudia e Valéria desviaram do caminho usual pela BR 101 e desceram pela Serra da Graciosa para cruzar a balsa na região de Caiobá, no litoral paranaense. Um roteiro pouco conhecido, mas muito mais agradável do que o percorrido pela maioria das 700 motos que estiveram no evento.

As viagens das amigas começaram em 2004 quando resolveram participar de um encontro no exterior. Elas foram para o Chile e tomaram gosto pelas grandes viagens. Logo depois compraram as primeiras Harley-Davidson. À época, optaram pela Sportster 883. “Apesar do tanque pequeno fazíamos grandes viagens”, relembra Cláudia.

Em 15 anos de amizade e muitas aventuras as amigas já foram para Ushuaia – no extremo sul do continente americano. Foi uma viagem de trinta dias para percorrer 14.450 km, cada uma com sua Harley Rocker. Elas também cruzaram a Cordilheira dos Andes diversas vezes para ir a San Pedro do Atacama (Chile) e Cusco (Peru). Nos Estados Unidos participaram de encontros que acontecem em Sturges, Daytona e Laconia. Ainda na terra do Tio Sam percorreram a famosa Tail of the Dragon (cauda do dragão), na divisa dos estados do Tennessee e da Carolina do Norte. “Viajar para nós é uma forma de manter a mente jovem”, garante Valéria. 



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Recordes em duas rodas
A dupla traz no currículo algumas conquistas significativas no mundo das duas rodas. Entre elas os títulos de Iron Butt 1.000 e 1.500 milhas. “Fizemos um bate e volta entre Rio de Janeiro, Itanhaém (SP), São José dos Pinhais (PR), Jaguaruna (SC) e voltamos para o Rio”, descreve a orgulhosa Cláudia apontando o patch costurado na jaqueta. 

Por falar em troféus de viagem, um pequeno pin, marca a conquista de 200.000 milhas rodadas pelas amigas. Foram mais de 320 mil quilômetros rodados desde que elas entraram no H.O.G., um recorde entre as brasileiras. “Tivemos que desbravar o nosso caminho, em um motociclismo que na época era dominado pelos homens, mas foi uma jornada interessante e cada vez mais divertida” afirma Valéria.
Nessa trajetória elas já tiveram dez motos da marca Harley, sendo que oito do modelo Fat Boy. Todas sempre iguais, da mesma cor. O que se tornou uma marca registrada da dupla. 

Segundo a dentista, hoje são aceitas e muita gente as procura em busca de informações sobre motos, viagens e roteiros. Elas até já fizeram palestras em Belo Horizonte (MG) e no Rio de Janeiro. “Algo que seria impensável quando compramos nossas singelas 883 há 15 anos”, relembra Valéria, antes de pegar a estrada novamente com sua imponente Fat Boy.

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Fotos: Claudia Fujarra e Divulgação/Guilherme Veloso


Fonte:
Agência Infomoto

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