"Causos" da estrada: Neblina torrencial
Perigoso nas estradas não é nem a neblina e sim a falta de sinalização.
Por Adilson
Por Adilson
Mário Sérgio Figueredo
Lá pelas 22 horas de uma sexta-feira qualquer estávamos indo pra Estrada da Graciosa, onde acamparíamos às margens do Rio Nhundiaquara. Seguíamos tranqüilamente com uma noite clara pela BR-116, na época da sua duplicação, quando do nada apareceu uma neblina muito forte.
Para o pessoal do norte e nordeste, que nunca viu e nem imagina o que seja neblina, ela é como se fosse uma nuvem carregada que desce até o nível do solo, mantendo gotículas de água em suspensão. Imagine atravessar a fumaça de uma queimada só que essa fumaça seja bastante úmida, pior, fria e molhada como se fosse a própria chuva, que entra em todo e qualquer espaço da roupa e, principalmente, gruda na viseira sem escorrer.
Percorridos alguns quilômetros, eu tava naquela de não enxergar nada, com a viseira do capacete totalmente coberta de gotículas d’água, e mesmo passando a luva pra tirar o excesso e criar um lugar onde os faróis dos carros em sentido contrário permitissem ver a estrada, a visibilidade era praticamente zero.
De nada adiantou a tentativa de limpá-la, a neblina era muito densa e molhava mais do que eu conseguia limpar e então resolvi abrir a viseira. Foi pior ainda, pois as lentes dos meus óculos também logo ficaram molhadas e opacas. Daí o jeito foi parar porque mal dava pra ver as faixas de sinalização no asfalto bem na frente do meu nariz.
Essa parada é que foi o drama. Ao lado da pista que a gente estava andando eu vi o “borrão” de uma faixa mais escura, que parecia ser o acostamento e foi nessa faixa que eu resolvi parar.
Caracoles, que susto. O desnível entre o asfalto e aquilo que eu achava que era o acostamento dava quase meio metro. Foi um salto e tanto, mas como a parte lá em baixo estava lisa e compactada, consegui manter o controle da moto, mesmo levando uma garota na garupa.
Minha sorte que era uma Yamaha DT-180 e a sua suspensão “trail” absorveu bem o forte impacto, primeiro na suspensão dianteira e depois na traseira. Se eu estivesse com uma “street”, certamente teria me esborrachado no maior chão, com conseqüências imprevisíveis, pra mim e pra minha passageira.
Depois de parar, refeito do susto, as pernas pararam de tremer, limpei os óculos e a viseira e voltei pra estrada, mas tive que andar quase um quilômetro, até achar um ponto onde o "acostamento" e a estrada estivessem quase no mesmo nível e permitissem a passagem. Não havia nenhum tipo de sinalização que alertasse do traiçoeiro desnível.
Continuamos a viagem e não foi fácil chegar ao nosso destino, que seria pertinho se estivéssemos numa noite limpa, mas com aquela neblina demoramos mais de uma hora pra percorrer míseros 30 quilômetros. Motociclista que usa óculos sofre em dias de frio, neblina, chuva ou aqueles com calor abafado que embaça tudo.
Mas o esforço valeu a pena porque acampar com os amigos é muito bom. Fizemos uma fogueira e assamos milho e pinhão (pinhão é a semente da araucária, pinheiro do sul), fizemos café à moda tropeira que tomamos comendo sanduíches previamente preparados e, principalmente, ficamos até de madrugada contando histórias das muitas proezas vividas pelos integrantes da turma.
O que mais aprontávamos naqueles acampamentos motociclísticos, não posso citar, porque o site moto.com.br não é o fórum adequado para esse tipo de relato, o que ensejaria a censura do texto.
O “motonauta” Mário Sérgio Figueredo participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.
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