"Causos" da estrada: A bolha
Ao viajar sob um sol escaldante é mais seguro usar a jaqueta do que tomar um bronzeado.
Por Adilson
Por Adilson
Mário Sérgio Figueredo
Depois de uma série de Saharas, resolvi comprar uma Shadow 600, pra ver se me adaptava as custom. Nossa relação não deu certo e foi o que podemos chamar de ódio à primeira vista. Nossa convivência começou muito mal logo nos primeiros 5 minutos quando quase levei o primeiro tombo ao fazer o retorno numa avenida. Quando deitei pra fazer o retorno ela começou a raspar tudo no chão, sendo que para completar a manobra teria que incliná-la ainda mais e se não fosse um portão aberto de uma loja de carros, teria me estatelado no muro. Só parei dentro do pátio da loja.
Dentro do que eu estava acostumado, a Shadow não andava, não freava, não fazia curva e era dura demais, provocando reclamações da minha esposa e companheira de estrada, pelo desconforto do banco da garupa.
Fiquei com a moto exatos 28 dias até vendê-la e comprar novamente outra Sahara. Mas esse não é o tema desse causo e não quero criar polêmica, pois sei que existem pessoas que amam a Shadow e respeito isso, mas para mim ela não serviu.
Logo que a comprei (a Shadow) fui fazer um breve passeio até o nosso litoral (200 km ida e volta), aproveitando um dia de sol escaldante.
Como estava muito calor e eu estava só passeando em baixa velocidade tentando me acostumar com ela e dando uma outra chance para nos entendermos, tirei a jaqueta e amarrei-a sobre o banco do carona, ficando só com uma camisa de mangas curtas, com os braços expostos ao sol e ao vento.
Minha pele dos braços já estava calejada de outras aventuras, perfeitamente acostumada com o sol e não queimava mesmo com grandes exposições. Só que a posição de pilotagem da Sahara é uma: o punho fica quase reto em relação ao braço, fazendo com que o relógio fique num lugar. A posição de pilotagem da Shadow é outra e faz com que o punho fique curvado para baixo.
Com a nova posição o relógio mudou de lugar no punho e deixou ao sol o ponto que antes ele e a pulseira protegiam. No final do passeio senti apenas um ardor diferente no meu punho esquerdo, nada preocupante. Mas quando acordei no dia seguinte, naquele local havia uma bolha daquelas de queimadura, do tamanho do círculo do relógio e parte da pulseira. Doía, mas era suportável.
Quando a bolha estourou e a queimadura começou a cicatrizar é que o bicho pegou. Tive que ficar sem andar de moto pelo menos uma semana, pois ao movimentar o punho a "casquinha" que se formava pela cicatrização rachava e além de doer muito, sangrava com freqüência.
Demorou mais de um mês pra tudo voltar ao normal, mas aprendi a lição. Está certo que foi do jeito mais doloroso, mas aprendi. Não importa se está frio ou calor, a jaqueta é sempre indispensável na estrada, pois além da proteção solar, numa situação imprevista rala-se o couro da vaca que é menos doloroso que ralar o nosso próprio couro.
O “motonauta” Mário Sérgio Figueredo participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.
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