"Causos" da estrada: 1° contato com as grandes

Quem não gostaria e trocar uma 50cc por duas de 750cc?

Por Adilson

Mário Sérgio Figueredo

Quando tirei a minha CNH, em 1976, o nosso Detran fazia os testes toda quarta-feira, e claro, numa quarta-feira, lá estava eu, todo apreensivo para o dito teste. Correu tudo bem e no mesmo dia eu já estava com ela em mãos - que alegria poder andar em qualquer lugar, chega de ficar zanzando apenas no bairro.

A partir de então, tudo era motivo pra dar uma voltinha de moto, mesmo que fosse apenas para ir buscar um pé de alface na quitanda da esquina.

Na quarta-feira seguinte eu resolvi ir lá no local dos testes, desta vez como platéia, apenas para assistir ao teste e satisfazer meus instintos mais perversos ao ver os outros passar por aquele nervosismo e apreensão que eu havia experimentado na quarta anterior.

O teste era simples: o examinador mandava o candidato dar uma volta em torno de uma pracinha e, ali mesmo, uns 30% eram eliminados. Depois vinha o teste dos cones e por fim um passeio pelas ruas vizinhas, com batedores da Polícia de Trânsito. Num teste fácil desses, pelo menos 50% dos candidatos eram reprovados.

Cheguei cedo com minha Yamaha RD-50, estacionei num canto e logo fui abordado por dois caras perguntando se eu não poderia emprestar a minha motocicleta pra eles fazerem o teste, porque as deles eram muito grandes e não conseguiriam fazer a prova dos cones.

Olhei e vi duas jóias estacionadas lado a lado, uma 750 Honda e uma 750 Suzuki, reluzentes, novinhas em folha. Eles mesmos propuseram que eu ficasse com as motos deles enquanto treinavam com a minha. Eu que de bobo não tinha nada, topei na hora.

Primeiro peguei a Honda e dei umas voltas bem compridas numa larga avenida que havia próximo ao local da prova. Voltei, encostei a Honda e peguei a Suzuki, outra generosa volta. Troquei de moto várias vezes, ora experimentando uma e hora experimentando outra.

Como não pude resistir aos insistentes convites que elas me faziam, até me arrisquei a dar umas esticadinhas - lembrem-se que eu estava com a carteira há apenas uma semana e nunca tinha tido nenhum contato com tanta potência sobre duas rodas. Sem sombra de dúvidas, acho que os caras foram loucos ao me confiarem aquelas preciosidades, que custavam uma pequena fortuna cada uma delas.

Eles demoraram umas três horas até que o teste estivesse concluído e foi esse o tempo que fiquei me esbaldando de curtir motos maravilhosas, as quais nunca havia nem sonhado em poder pilotar.

No final eles também saíram de lá "encarteirados" e tudo graças à minha querida e saudosa primeira moto.

O “motonauta” Mário Sérgio Figueredo participou do Moto Repórter, canal de jornalismo participativo do MOTO.com.br. Para mandar sua notícia, clique aqui.


Fonte:
Moto Repórter

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