Aventura de 1400 km com uma Royal Enfield Continental GT
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Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
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Desde que foi lançada em setembro de 2013, a Royal Enfield Continental GT chamou a minha atenção. No Salão Duas Rodas de outubro 2013 já tinha até uma vermelhinha em exposição no stand da Royal Enfield, mas ainda sem previsão deste modelo vir para o Brasil.
Pausa pra lembranças: Eram os tempos da primeira operação moderna da Royal Enfield no nosso país, via importador, iniciada em 2010. Foi quando comprei minha Classic 500 verde fosca. Em dezembro de 2012 fui de ônibus buscar em Sampa após meses e meses de espera. E voltei rodando pra Brasília (clique para ver o vídeo). Sem seguro, sem assistência técnica oficial em Brasília, sem lenço nem documento. A moto não constava no sistema do Detran, nem na FIPE. Demorou 90 dias pra emplacar e segurar. Paixão é assim mesmo, fazemos coisas inexplicáveis!
Voltando ao tema da Continental GT, em 2012 mesmo começaram os rumores sobre um novo modelo e a moto foi então apresentada na Índia em setembro de 2013. Não era uma Classic bombada, era uma moto totalmente nova! Agora com 535 cilindradas, suspensão traseira com dois amortecedores Paioli, freios Brembo a disco na frente e atrás. Quadro novinho de berço duplo desenvolvido pela empresa inglesa Harris Performance, painel com dois mostradores analógicos e um discreto odômetro digital. Rodas raiadas e pneus de alta performance. E ABS! O lançamento da Continental GT 535 evocava o modelo original de 250cc lançado em 1965, a primeira Café Racer “de fábrica”. Que chegou a ser a 250cc mais rápida da Inglaterra naquela época. Diz a lenda que a primeira produção de 2014 da Continental GT 535 foi toda vendida pra Inglaterra e Estados Unidos, não sobrou nenhuma pro resto do mundo. Um clássico moderno instantâneo!
Agora estamos em 2017, a motoca já se consolidou no mercado mundial e existem fãs ardorosos em vários países. No Brasil está disponível desde abril de 2017 com o lançamento da concessionária oficial da marca, na cidade de São Paulo. As lombrigas se assanharam desde então pra pegar uma.
A AQUISIÇÃO
Peguei a minha GT na loja, sábado cedo dia 9/12/17. Desta vez fui mais inteligente e já levei a placa pronta, para emplacarmos ali mesmo. Não ia arriscar o passeio da moçada ser abordado e atrapalhado devido a minha moto estar sem placa então providenciei tudo. A entrega da moto pelo Luiz foi completa com todas as informações, manual, chave reserva. Uma curiosidade, a GT vem para uso solo, o kit garupa é adicional, vem o banco duplo, pedaleira do garupa e a capa/rabeta, ao custo de 950 reais (confira valores sempre na loja). Enquanto isso o papo animado rolava com outros amigos proprietários das motos. Muito legal conhecer pessoalmente a moçada e sair do virtual. Cada um colocando seu estilo pessoal nas motos, com acessórios e adesivos diferenciados que vão formando aquele caldo legal pros bate-papos. Após o café da manhã oferecido pela loja fomos em comboio para Sumaré, município perto de Campinas, visitar uma coleção de motos antigas. Um passeio de 120 km fantástico, com a presença de 30 motos de todos os modelos RE e alguns outros. Fomos pela Rodovia Bandeirantes, tudo muito organizado e seguro capitaneado pelo Borges da RE e sua GT verde.
Neste passeio já fui iniciando o amaciamento da moto, variando as rotações e velocidades pelo trânsito urbano de São Paulo e depois na rodovia. Relembrei e confirmei todas as impressões do teste inaugural em abril, quando fiz uns 100 km com a Continental GT pelas curvas de Amparo e Morungaba. A motoca é divertida demais de pilotar, adora uma estrada cheia de curvas. Não quis abusar da rotação neste momento inicial, então não testei os limites.
NA ESTRADA
Domingo por volta das 8:20 parti de Santo André/SP, onde Animal e os amigos do Blood Brothers MC me deram grande apoio para o pernoite. Rumo a Brasília, e a meta era chegar em casa ainda no domingo, mas sem pressão de horário. No meio do caminho teríamos a troca de óleo aos 500 km com apoio do grande amigo Adail em São Carlos. A tocada pelas ruas de São Paulo sempre limitada pelos radares, e só na Rodovia Bandeirantes que pude esticar pra 100 km/h. Domingo cedo, várias motos me passando, e eu imaginando pra que essa pressa toda de ir pro Serra Azul! Kkk Acabei chegando em São Carlos as 11:40, encontrei o Adail no Posto Castelo e ali mesmo fizemos a troca de óleo embaixo da sombra de uma árvore. Adail experiente e preparado, trouxe tudo e mais um pouco para fazermos o serviço sem sujar o chão e o meio-ambiente. Apesar de termos lanchado antes para esperar o motor esfriar um pouco, na hora da troca o óleo ainda estava quente felizmente sem risco de queimar a mão. Eu trouxe o kit revisão (óleo, filtro de óleo e o-rings/arruelas). Esgotamos o óleo, limpamos os dois bujões e o filtro secundário. Trocamos o filtro primário. Enchemos com óleo novo no nível correto e voltei pra estrada. Adail e dois amigos do Motomorfose MC me guiaram para a saída rumo a Ribeirão Preto e logo estava acelerando novamente. Era 13:30 aproximadamente. O calor na estrada junto com a jaqueta fechada dava um sono terrível. Nem rodei muito e já parei num posto pra tomar um energético e jogar uma água gelada na cara.
No ritmo que estava tocando, entre 100 e 120, o consumo estava ótimo. A moto fazendo 28 km/l, esqueci de memorizar a capacidade do tanque, então resolvi fazer trechos de 300 km que teria boa margem de segurança. Gosto de rodar até o limite da gasolina, parando pouco e fazendo a quilometragem render ao máximo. O que atrapalha o ritmo numa viagem são as paradas. Então abasteço numa e abasteço/lancho na outra. Com 300 km cada trecho, são pelo menos três horas e pouco em cima da moto sem parar. A postura na pilotagem da Continental GT é Racing mas não é radical. A pedaleira é recuada. A variação de postura não oferece muitas alternativas, estica o braço, encolhe o braço, pisa com a ponta do pé, pisa com o meio do pé, senta encostado no tanque, no meio, ou no fundo do banco. Nessas horas em cima da moto vou testando qual posição fica melhor pra minha altura. Quando necessário, dou aquela esticada de perna, braço, alternada de banda, pra estimular a corrente sanguínea! Mas com 1,78m de altura, em nenhum momento me senti descorfortável.
Anoitecendo já estava chegando em Goiás. A moto completou 1000 km uns 8k antes da divisa dos estados, em uma serra curta com ótimas curvas. Foi onde bati algumas fotos. A nuvem de chuva enorme à esquerda da estrada já tinha passado, deixando o asfalto semi-seco e aquele cheirinho de terra molhada. Já perto de Brasília o asfalto estava bem molhado. Dei sorte dessa vez pois em 2012 peguei bastante chuva. Os pneus Pirelli Sport Demon transmitiram bastante segurança no asfalto molhado mesmo nas curvas. Gostei bastante do farol também, ilumina muito bem a estrada nos dois fachos baixo e alto. Outra coisa que apreciei bastante foi que ela já vem com aeroquip e buzina dupla, duas coisas que sempre coloco nas motos e assim não precisei gastar tempo/dinheiro com isso. Cheguei em casa era meia-noite em ponto.
A Continental GT 535 é uma tela em branco perfeita para customizações em vários estilos. Extrair um pouco mais de potência com venenos de todos os tamanhos, para torná-la mais rápida, é justamente a base de todo o movimento Café Racer. O quadro em berço duplo, bem dimensionado, de topo reto, puro visual anos 60, ajuda muito além de ser tecnicamente ótimo. É comum também encontrar customizações dela para scrambler, resta saber se é apenas visual ou se metem na terra de verdade. Vou customizar a minha, já tenho umas idéias na manga.
ABASTECIMENTOS
1 – 0Km. Posto Talismã (lado Loja RE SP) Sampa, Gasolina BR Grid
2 – 264Km. 9,15L. Posto Vila Mariana Sampa, Gasolina Shell Vpower
3 – 555Km. 9,80L. Posto Castelo São Carlos, Gasolina Shell Vpower
4 – 843,6Km. 10,98L. Posto Prodoeste Uberaba, Gasolina BR Grid
5 – 1133,3Km. 11,61L. Posto Planet Campo Alegre de Goiás, Gasolina Ipiranga Comum
6 – 1453,7Km. 10,41L. Posto Shell SHS Brasilia, Gasolina Shell Vpower
CONSUMO
KM INI |
KM FIM |
GASOLINA |
TRECHO |
KM TRECHO |
LITROS |
CONSUMO |
0 |
264 |
BR Grid |
Misto Cidade/Estrada110 |
264 |
9,15 |
28,85 |
264 |
555 |
Shell Vpower |
Estrada110 |
291 |
9,80 |
29,69 |
555 |
843,6 |
Shell Vpower |
Estrada120 |
288,6 |
10,98 |
26,28 |
843,6 |
1133,3 |
BR Grid |
Estrada100/Serrano |
289,7 |
11,61 |
24,95 |
1133,3 |
1453,7 |
Ipiranga Comum |
Estrada100/Cidade calmo |
320,3 |
10,41 |
30,77 |
Acabei de conferir a capacidade do tanque é de 13,5 litros, o que leva a uma autonomia entre 330 até 400 km conforme a gasolina e a tocada, considerando essas médias de 25 a 29 km/l.
Fotos: Acervo Pessoal
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