As pessoas especiais pelo caminho do moto viajante

Para mim o que faz cada viagem especial são as pessoas que eu cruzo pelo caminho.

Por Thiago Dantas

Texto: Rodrigo Schmiegelow - 'O Mundo em Lanches'

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Lugares até podem surpreender e ser impactantes, principalmente se não pesquisei muito antes, mas as pessoas são imprevisíveis.

Em 5 meses de viagem conheci muita gente, mas aqui vou concentrar nas que foram essenciais para tornar a viagem de moto inesquecível.

Primeira experiência em grupo de moto

A começar pelo grupo de motociclistas que estavam indo do Recife ao Ushuaia e me convidaram para integrar o comboio por um trecho do Sul de São Paulo até um pouco depois de Curitiba.

Foi minha primeira experiência rodando em grupo assim e foi bem legal, apesar de ter decidido seguir o meu rumo no dia seguinte e não acompanhá-los até a Terra do Fogo, meta que iam concluir nos próximos 5 dias.

Falei um pouco mais sobre neste texto aqui.

Muito tempo depois teve um outro grupo desses no Chile, neste caso estavam apenas passeando de moto pelo litoral em um domingo ensolarado.

Me convidaram para um café, conversamos por um tempo e um deles ainda passou o contato emergencial do sobrinho em Santiago, meu próximo destino.

Quem sou eu?

Para você que ainda não me conhece, sou Rodrigo Schmiegelow, e estou contando aqui no moto.com.br um pouco da minha experiência de 5 meses viajando de moto pelo Sul do Brasil, Uruguai, Argentina e Chile para alimentar o meu projeto O Mundo em Lanches

Voltando às pessoas pelo caminho

Logo que entrei no Uruguai fiquei sem sinal no celular e não tinha salvado o mapa offline, estava perdido em Punta del Diablo. 

Pedi dica para um, para outro e avancei um pouco até uma área residencial sem ninguém na rua, apenas uma família fazendo uma parrilla (churrasco da região) no quintal de casa.

Me aproximei devagar, meio tímido por parecer invadindo a privacidade deles. Mas logo me viram e me chamaram para entrar, abriram o mapa no celular e me indicaram o caminho. Com a explicação e a visualização do mapa, logo cheguei ao meu destino graças a essa família acolhedora. 

Reencontros de amizades feitas neste jornada

Eu tinha feito uma amiga na Praia do Rosa, e a reencontrei de motorhome com mais três amigas que me convidaram para trocar a moto por um passeio com elas por dois dias.

Voltamos a Cabo Polônio, onde tivemos que deixar o motorhome no estacionamento e passar a noite em um hostel nesta cidade rústica. Uma experiência muito legal em uma região que não tem energia elétrica, apenas uma casa ou outro com energia solar.

Além dos grupos, conheci muitos Motociclistas viajando solo, assim como eu

Relembre: Viagem Sozinho de Moto pela América do Sul

Em Montevideo um holandês que veio descendo dia EUA e também chegaria ao Ushuaia. 

Sobre a história dele achei duas curiosidades interessantes:

  • A moto tinha placa da Holanda, como seu pai trabalha com importação, despachou a moto do meu amigo e a dele próprio de navio até os EUA sem custos.
  • O outro foi que ele desceu pelo Brasil, outros viajantes que conheci depois, como um americano também viajando de moto sozinho, costumavam fazer a costa pacífica aí invés da Atlântica.

Esse holandes me contou várias histórias legais dessa sua experiência pelo Brasil, inclusive de uma vez que o seu pneu furou e um motorista de táxi passando pela estrada pegou o pneu, levou para arrumar na cidade, e trouxe de volta sem custos para ele.

Neste esquema de viajantes sozinhos, conheci um cara em um passeio em uma serra turística próximo à San Luís, na Argentina, ele é de lá mesmo e estava de férias.

No mesmo momento combinamos de fazer um passeio pelos Andes já que os dois estariam por Mendoza no dia seguinte.

Foi um passeio incrível andando pelos Andes, subimos o Cristo Redentor de Los Andes. Já falei sobre essa pequena viagem neste texto e neste também.

As pessoas pelo caminho que me ajudaram muito

Em Valparaíso, Chile, a corrente da moto estourou em uma subida muito íngreme.

Por sorte foi bem em frente a um dos únicos pequenos grupos de pessoas que estavam na rua neste domingo tranquilo.

Um dos caras tentou fazer um gato, sem sucesso, e por ser domingo não consegui nenhum guincho e não teria para onde levar a moto.

Então a mulher que estava junto ofereceu deixar a moto na casa dela, mas não tinha garagem, então empurramos a moto pela estreita porta que dava para a rua e a deixamos na sala da casa dela.

No dia seguinte encontrei um mecânico e com a ajuda do recepcionista do hostel, consegui um guincho. Viagem que segue.

Neste sentido de ajudas recebidas, tive a mais importante de todas em La Jaula, na Argentina, quando uma tormenta de granizo derrubou vários trechos da antiga Ruta 40.

Eu só não peguei a tempestade na estrada porque um cachorro passou na frente da moto no único vilarejo do percurso e acabei caindo.

A família dona do cachorro me ajudou e sugeriu que eu esperasse a chuva passar, ficando um tempo lá com eles. Até então não imaginei que essa estadia duraria 4 noites acampando em seu quintal.

Sorte também faz parte de um viajante e encontrar com essas pessoas pelo caminho foi fundamental.

A última grande ajuda - as pessoas pelo caminho

Algo parecido também aconteceu quando a crise sanitária causada pelo Covid-19 apertou e dois amigos que fiz alguns dias antes, quando subia para o Atacama, me ofereceram um quarto e onde deixar a moto.

Perdendo o tempo para voltar por terra atravessando a Argentina ou a Bolívia, a minha única opção foi voltar com eles para Santiago.

Lá consegui deixar a moto em um lugar seguro, passar umas noites e voltar para o Brasil.

Além das pessoas pelo caminho, tem outra coisa que me ajudou muito e vou falar no próximo texto: os aplicativos para viajantes.

 

 

 


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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