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Adriano Pereira
No país do futebol, nossa paixão não é ir ao estádio assistir a um jogo no domingo, mas sim encher o tanque da moto, colocar o capacete e macacão, gelo na caixa térmica carregada com muita água e energético e partir em direção ao Autódromo Internacional de Curitiba.
O
trackday ocorre no domingo, porém desde a segunda-feira pré-evento a ansiedade toma conta dos pilotos, você não consegue dormir direito e ao longo da semana a expectativa só aumenta, coração bate cada vez mais acelerado.
Quando eu era criança e ia assistir algum evento no autódromo, sonhava um dia em ser um piloto, porém parecia uma realidade muito distante, nunca imaginei que um dia estaria ali andando na mesma pista que já foi palco de grandes disputas por pilotos brasileiros e estrangeiros.
Encontrei então no trackday uma forma de realizar este sonho e poder acelerar no autódromo com a minha moto e ao lado dos meus grandes amigos.
Para quem não está familiarizado com o termo ou nunca ouviu falar em trackday, trata-se de um evento organizado para que pessoas comuns possam colocar as suas máquinas para andar na pista com toda segurança, equipes de fiscais de pista, ambulância, box para os pilotos, transponder para registrar o seu tempo por volta, grupos divididos em categorias com base no tempo e instrutores/pilotos profissionais para orientar e passar dicas aos pilotos iniciantes.
Para isso, bastam que o piloto tenha uma moto, de preferência acima das 250 cilindradas e em boas condições mecânicas. Equipamentos de segurança como macacão, bota, luvas, capacete e protetor de coluna são itens obrigatórios, além de possuir um par de pneus em boas condições de uso. Para se inscrever no evento o piloto deverá pagar uma tacha que pode variar entre os R$300 aos R$1000 dependendo da pista e da organizadora do evento.
Aqui em Curitiba o preço médio de um dia de pista não passa dos R$400. Além disso, o piloto não deve se esquecer de encher o tanque da moto e levar um galão com gasolina reserva, pois acelerar com vontade na pista faz a moto consumir mais que na estrada. Geralmente eu gasto 1 tanque e meio andando em 6 baterias de 20 minutos cada, para uma moto de 1000 cilindradas.
Outro ponto importante é que os participantes devem levar muita água para se hidratar, além de consumir alimentos leves como frutas, por exemplo, pois o evento não tem pausa para almoço e os pilotos devem alimentar-se ali mesmo no box.
Feito tudo isso, é hora de botar o macacão, apertar a fivela do capacete, fazer os últimos ajustes na moto e partir para a pista. As primeiras voltas servem para reconhecimento de pista e aquecimento de pneus. Conhecer bem o traçado faz muita diferença para aqueles que buscam baixar o seu tempo!
O aquecimento de pneus também é muito importante, pois muitos pilotos acabam caindo já nas primeiras voltas por acelerar a moto sem o devido aquecimento dos mesmos. Um cobertor térmico pode ajudar muito, pois o piloto já vai para a pista com os pneus em uma temperatura de segurança, mas este item pode custar entre R$500 a R$1000, dependendo da marca.
O modelo do pneu também faz muita diferença, andar com o pneu original ou um modelo de pneu duro pode ser muito arriscado, o ideal é andar com um pneu macio, de preferência os modelos de alta performance, como o supercorsa da Pirelli ou o RR da Metzeller são alguns exemplos.
O coração bate forte na hora de entrar na pista, mas a cada volta, a cada bateria você sente a evolução e começa a se sentir confiante para arriscar uns peguinhas com seus amigos, sempre com muito cuidado e respeitando seu oponente para não acabar com a brincadeira.
No momento estou andando com uma Kawasaki ZX10 e o nosso grupo neste dia era formado por outras 3 motos, uma Ducatti Panigale 1299, uma BMW S1000RR e uma Kawasaki ZX6R. Motos de alta cilindrada, algumas chegam aos 200cv de potência e podem passar dos 280km/h na reta principal.
A reta do Autódromo de Curitiba não é uma das mais velozes, porém atingir os 280km é para poucos e segurar a moto no final da reta passa a ser um grande desafio, pois no final existe um S de baixa que deve ser percorrido em segunda marcha e muitos pilotos acabam passando reto nesta hora, indo parar na grama, fora da pista.
Para os iniciantes, um freio ABS pode fazer muita diferença e evitar os sustos na hora de parar a moto. Outra tecnologia que auxilia muito é o controle de tração, pois a cada volta você procura melhorar o seu desempenho e com isso aumenta o risco de queda por andar sempre no limite da sua moto, principalmente nos modelos de 1000cc.
Apesar do risco constante de queda é muito mais seguro andar na pista do que na estrada, pois você pode contornar uma curva sabendo que ao final não vai encontrar um caminhão atravessando a pista, um cachorro, um motorista desatento ou um buraco na estrada. Sem falar que na pista não existe o guard rail, também conhecidos como guilhotina de motociclistas existentes em todas as estradas brasileiras.
Ao final do dia, muito mais importante que baixar o seu tempo na pista é olhar para sua moto e ver ela inteira, é olhar para seus amigos e ver que todos estão bem, que ninguém caiu ou se machucou e que na segunda-feira todos voltaremos aos nossos trabalhos e nossas vidas normais, porém com a certeza de que os dias valem a pena quando estamos do lado dos amigos e fazendo aquilo que amamos.
Fotos: Acervo Pessoal
Fonte:
Moto Repórter
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