Moto 1000 GP: Matthieu Lussiana garante o título em 2014
Piloto francês vence a quarta corrida no ano e torna-se o primeiro europeu a conquistar a competição
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
É de Matthieu Lussiana o título da categoria principal da competição de motovelocidade Moto 1000 GP. O piloto francês da Petronas Alex Barros Racing, largando da pole position, comandou de ponta a ponta no último domingo (14/12) o GP Petrobras, oitava e última etapa da temporada do campeonato, e garantiu o título da GP 1000, que fora conquistado pelo brasileiro Alan Douglas em 2011 e pelo argentino Luciano Ribodino em 2012 e em 2013.
Na etapa final, Lussiana tinha como único adversário na luta pelo título o paranaense Wesley Gutierrez, da Motonil Motors-PDV Brasil, que terminou a corrida em segundo lugar e confirmou o vice-campeonato. O pódio contou com três pilotos argentinos: Diego Pierluigi, que terminou em terceiro, Ribodino, que cruzou a linha de chegada em quarto e ficou em terceiro na pontuação final, e Marcos Solorza, que cumpriu sua quarta participação no Moto 1000 GP.
Foi a quarta vitória de Lussiana na temporada de 2014. Ele ganhou a primeira e a sétima etapa, ambas disputadas em Santa Cruz do Sul (RS), a quinta, em Goiânia (GO), e a prova decisiva, em Cascavel. Gutierrez venceu a quarta, também em Cascavel, e a sexta, em Curitiba. O norte-americano Danny Eslick ganhou a segunda corrida do ano, em São Paulo (SP), e Pierluigi ficou com a vitória na terceira etapa, realizada em Brasília (DF).
“Tive um começo de corrida perfeito, consegui largar e abrir vantagem com um pouco de esforço. Depois administrei a corrida, eu não poderia arriscar sofrer uma queda”, comentou Lussiana. “Vi que o Wesley se recuperou no fim e se aproximou, mas só faltavam duas voltas para a corrida terminar. Ganhar o título do Campeonato Brasileiro é ótimo, o povo daqui é muito acolhedor, até já me sinto em casa aqui. Só tenho a agradecer a todos”, continuou.
Gutierrez, que dependia da vitória e de um quarto lugar do francês para ser campeão, comemorou o segundo lugar. “Dei o máximo para recompensar a minha equipe pelo excelente trabalho de todos durante o ano e para retribuir ao pessoal do Paraná que veio aqui torcer por mim. O campeonato é construído em várias etapas, houve etapa em que eu caí, deixei de pontuar. O lado bom é que estive sempre entre os primeiros, fomos competitivos”, avaliou.
A CORRIDA
Matthieu Lussiana, valendo-se da pole position, manteve a liderança após a largada, pressionado por Diego Pierluigi. Luciano Ribodino perdeu o terceiro lugar para Marco Solorza, que largou em sexto. Wesley Gutierrez, único adversário do francês na luta pelo título, completou a primeira volta da corrida em quarto, depois de ultrapassar Ribodino. Pierluigi completou a primeira volta a 0s156 do líder da corrida.
Depois de duas voltas, enquanto o argentino estava a 0s233 do francês, Gutierrez assumia o terceiro lugar e buscava aproximação em relação aos dois líderes, que já administravam mais de dois segundos de margem – Ribodino, ainda na segunda volta, também superou o compatriota Solorza, que caía para o quinto lugar. A vantagem manteve-se na casa dos dois décimos de segundo na terceira volta. Na quarta, subiu para três.
No complemento da quinta volta, a disputa pelo sétimo lugar trazia em um único pelotão, separados por menos de dois segundos, oito pilotos – Nick Iatauro, Nico Ferreira, Miguel Praia, Lucas Barros, o estreante Martin Solorza, Pierre Chofard e Nassr Al Malki. Lussiana, a essa altura, fazia sua vantagem sobre Pierluigi superar a casa de um segundo e meio. Gutierrez, em terceiro, já estava a quase cinco segundos do duelo principal.
Chofard, no complemento da oitava volta, perdeu momentaneamente o controle da moto do Team Suzuki-PRT, na tentativa de evitar um toque com a moto de Solorza. A experiência na motovelocidade foi suficiente para o paulista evitar a queda, embora ele tenha perdido contato com o pelotão intermediário – na volta seguinte, Chofard, que não competia no Moto 1000 GP desde o fim da temporada de 2011, estacionou nos boxes e abandonou a corrida.
O GP Petrobras chegou à segunda metade com as primeiras posições estabelecidas. O duelo mais acirrado no primeiro pelotão envolvia Gutierrez e Ribodino, separados por menos de meio segundo. Lussiana, a essa altura, já administrava sua vantagem de mais de três segundos sobre Pierluigi, que tinha cerca de um segundo e meio à frente do vice-líder do campeonato. Foi quando Gutierrez assumiu um ritmo mais forte que o do argentino.
Na 16ª das 23 voltas da corrida, a diferença entre Pierluigi e Gutierrez caiu a meio segundo. Duas voltas depois os dois já assumiam linhas alternadas de traçado em disputa pelo segundo lugar. A ultrapassagem do brasileiro foi consumada na 19ª volta, quando, ganhando velocidade na curva do Bacião, superou a Kawasaki do argentino na primeira tangência do S do Saul. Faltavam quatro voltas para o fim e Lussiana tinha 3s626 de vantagem.
A diferença entre os dois candidatos ao título principal do Campeonato Brasileiro de Motovelocidade caiu a 3s093 na volta número 20, a 2s633 na 21ª e a 1s629 na 22ª, quando abriram a última volta da temporada. A quarta vitória do francês foi confirmada com 1s016 de margem. Pierluigi, Ribodino e Solorza completaram as cinco primeiras posições. Lussiana levou as bandeiras do Brasil e da França pela pista na volta de comemoração.
GP LIGHT
O Autódromo Internacional Zilmar Beux, em Cascavel (PR), passou a ser desde o último domingo o preferido do argentino Nicolas Tortone. Foi o palco da segunda vitória do piloto da MGBikes Yamaha Racing na categoria GP Light, que valeu-lhe o título da categoria no Moto 1000 GP. A primeira vitória de Tortone na motovelocidade do Brasil havia acontecido também em Cascavel, na quarta etapa da temporada.
A torcida cascavelense viu quatro pilotos alinharem suas motos no grid do GP Petrobras, oitava e última etapa da temporada, considerando a chance de conquista do título. O líder do campeonato até então era o paulista Rodrigo de Benedictis, da Motonil Motors-PDV Brasil, que cruzou a linha de chegada em terceiro e ficou com o vice-campeonato – o segundo na prova foi o também paulista Lucas Teodoro, da BMW Motorrad Alex Barros Racing.
Henrique Castro, brasiliense que defende a City Service BSB Motor Racing, era outro candidato ao título. Terminou a prova em 12º lugar e ficou em terceiro na pontuação final. O também brasiliense Ian Testa, companheiro de equipe de Benedictis, manteve o quarto lugar na classificação final da GP Light depois de uma queda na primeira volta após a primeira largada – o acidente o impediu de estar no grid da largada definitiva do GP Petrobras.
“Foi meu melhor fim de semana no ano, tanto em concentração quanto no acerto da moto”, exultou o argentino, após a conquista do título brasileiro. “Foi uma decisão incrível para mim e para a equipe. Chegamos a acreditar que não teríamos chance. Espero que a conquista ajude a equipe a conquistar mais patrocinadores, mas sei que essa vitória e esse título vão repercutir bastante e difundir ainda mais o Moto 1000 GP na Argentina”, falou.
Benedictis, vice-campeão, reconheceu a condição difícil de defender a liderança do campeonato. “A gente não mereceu. Eu não quis arriscar. Forcei até onde deu, mas quando vi que a moto começou a escorregar, com o pneu já desgastado, preferi poupar a ter o braço engessado ou qualquer coisa assim”, falou o paulista da Motonil Motors-PDV Brasil. “Foi uma corrida difícil, a pista fazia a gente escorregar. O Tortone pilotou muito, mereceu ficar com o título”.
O segundo lugar no GP Petrobras permitiu a Teodoro assumir o quarto lugar na classificação final do Moto 1000 GP. “Essa aqui é uma pista que cansa muito, na maioria das curvas o piloto anda pendurado na moto. Fiquei muito feliz. No começo, até tentei acompanhar, aí comecei a cansar”, contou o piloto da BMW Motorrad Alex Barros Racing, enaltecendo a vitória de Tortone. “Ele andou muito, teve um primeiro lugar merecido”, reconheceu.
GP 600
Maximiliano Gerardo viveu em 2014 a temporada mais produtiva de sua carreira como piloto de corridas. Já tendo conquistado os títulos argentino e uruguaio da categoria Supersport e feito testes na Europa visando a sequência de sua carreira, o uruguaio da MGBikes Yamaha Racing venceu no último domingo a oitava e última etapa da categoria GP 600 no Moto 1000 GP e obteve o título do campeonato.
A vitória no GP Petrobras, que definiu o título, foi a quarta de Gerardo nas seis etapas que disputou do Moto 1000 GP. Ele também havia conquistado o primeiro lugar nas três primeiras corridas, em Santa Cruz do Sul (RS), São Paulo (SP) e Brasília (DF). Também foi segundo colocado na quinta etapa, em Goiânia (GO), e abandonou a quarta, disputada também na pista cascavelense onde tornou-se campeão brasileiro neste domingo.
O gaúcho Pedro Sampaio, pilotando a Kawasaki da equipe Fábio Loko, terminou a corrida em segundo lugar, a 0s087 de segundo de Gerardo, e ficou com o vice-campeonato em seu primeiro ano competindo na categoria GP 600 – em 2013, ele conquistou o título da série de formação de pilotos GPR 250. O terceiro colocado no campeonato foi o paranaense Joelsu “Mitiko” da Silva, da Paulinho Superbikes, que finalizou a etapa em sexto.
O pódio da etapa cascavelense contou, além de Gerardo e Sampaio, com o paulista Matheus Oliveira, terceiro com a Kawasaki da Procomps Racing Team, o argentino Sebastian Martinez e o paulista André Veríssimo, ambos pilotos da MGBikes Yamaha Racing, que fecharam o GP Petrobras em quarto e quinto. Além das quatro conquistas de Gerardo, a temporada contabilizou três vitórias do argentino Juan Solorza e uma de Silva.
“Foi uma corrida difícil, essa. O Sampaio apertou o ritmo no fim, tivemos que lidar com o tráfego dos retardatários, quase me compliquei”, descreveu o campeão Gerardo. “Ganhei três campeonatos neste ano, o que foi formidável, o Moto 1000 GP foi o mais difícil dos três”, atribuiu. Os planos do uruguaio para 2015 ainda estão indefinidos. “A ideia é conciliar o primeiro ano na Europa e a sequência do trabalho aqui no Moto 1000 GP”, adiantou.
Sampaio definiu o duelo com Gerardo como “divertido”. “Fiz uma largada boa, enfim, conseguir manter um bom ritmo durante a prova toda. Acompanhei o Maxi, tentei pegar o vácuo da moto dele na última volta, mas não deu. Para mim foi tudo muito bom, foi meu primeiro ano na categoria, isso me deixa muito animado para o ano que vem”, declarou o gaúcho, que depois de dois anos no Moto 1000 GP prepara-se para seguir carreira na Europa.
GPR 250
Meikon Kawakami é o novo campeão da GPR 250, série de formação de pilotos que o Moto 1000 GP implantou em 2013. Depois do vice-campeonato na primeira temporada, o piloto paulista da Playstation-PRT conquistou o título no último domingo com a vitória no GP Petrobras, em Cascavel (PR). O triunfo obtido no Autódromo Zilmar Beux foi seu terceiro em 2014 – venceu a primeira etapa, em Santa Cruz do Sul (RS), e a quarta, também em Cascavel.
O pódio do GP Petrobras foi composto por pilotos de duas equipes. Pela Playstation-PRT, os irmãos Meikon e Ton Kawakami foram primeiro e quarto colocados, respectivamente. A Estrella Galicia 0,0 by Alex Barros teve o goiano Brian David como segundo colocado na corrida, além do paulista Lucas Torres em terceiro e do cearense José Duarte em quinto. Torres confirmou seu vice-campeonato, com David assumindo o terceiro lugar na pontuação final.
O campeão Kawakami esteve no pódio em sete das oito etapas da GPR 250 – a única exceção foi a sexta etapa, em Curitiba (PR), onde cruzou a linha de chegada em sétimo lugar. “Foi uma corrida muito difícil, mas consegui essa vitória e esse título, o que me deixa muito feliz. No ano passado perdi o título aqui em Cascavel. Neste ano ganhei duas vezes aqui e fui campeão aqui”, afirmou o paulista, que seguirá disputando o Moto 1000 GP em 2015.
Pole position do GP Petrobras, David protagonizou o revezamento com Kawakami na disputa pela liderança. “A corrida foi boa. Eu é que não fui tão bem quando esperava. Reduzi uma marcha sem querer e o Meikon me passou. Também passei ele algumas vezes, mas nas últimas voltas ele defendeu bem e me fechou todas as vezes que tentei passar. Esse foi um bom ano, só tenho a agradecer à minha equipe”, declarou o goiano.
Torres, terceiro colocado na corrida, confirmou o vice-campeonato do Moto 1000 GP na categoria de formação de pilotos. “Eu cometi alguns erros na corrida que não me deixaram me aproximar, mas foi tudo muito bom. Sou grato à toda a equipe, que fez um trabalho ótimo, me deu muita força para evoluir, o Brian também me ajudou muito. Não tem só esse ano, teremos outros. Devo continuar no Moto 1000 GP, minha vez vai chegar”, falou.
RESULTADO
MOTO 1000 GP – GP PETROBRAS – CATEGORIA GP 1000
(Classificação final em Cascavel após 23 voltas)
1º) Matthieu Lussiana (FRA/BMW), Petronas Alex Barros Racing, 24min32s535
2º) Wesley Gutierrez (PR/Kawasaki), Motonil Motors-PDV Brasil, a 1s016
3º) Diego Pierluigi (ARG/Kawasaki), JC Racing Team, a 6s022
4º) Luciano Ribodino (ARG/Kawasaki), Aclat Racing, a 8s416
5º) Marco Solorza (ARG/Kawawaki), Solorza Competition, a 12s662
6º) Danilo Lewis (SP/Kawasaki), Motonil Motors-PDV Brasil, a 13s580
7º) Miguel Praia (POR/Honda), Center Moto Racing Team, a 27s512
8º) Nico Ferreira (ESP/Kawasaki), Motonil Motors-PDV Brasil, a 29s358
9º) Martin Solorza (ARG/Kawawaki), Solorza Competition, a 30s963
10º) Lucas Barros (SP/BMW), Petronas Alex Barros Racing, a 35s418
11º) Nick Iatauro (SP/Suzuki), Team Suzuki-PRT, a 43s096
12º) Nasser Al Malki (QAT/Kawasaki), MR Lekhwiya Racing Team, a 46s420
13º) Luís Fittipaldi (DF/Kawasaki), JC Racing Team, a 1min00s900
14º) Sergio Fasci (ARG/Yamaha), MGBikes Yamaha Racing, a 1 volta
NÃO COMPLETOU
Pierre Chofard (SP/Suzuki), Team Suzuki-PRT, a 16 voltas
NÃO LARGARAM
Marcos Salles (PR/Honda), Competizione Racing Team
Diego Faustino (SP/Suzuki), Team Suzuki-PRT
Melhor volta: Lussiana, na 5ª, 1min02s773, média de 175,375 km/h
CLASSIFICAÇÃO
A classificação final da GP 1000 no Moto 1000 GP, já considerado o descarte obrigatório de um resultado por piloto, foi a seguinte: 1º) Lussiana, 147 pontos; 2º) Gutierrez, 131; 3º) Ribodino, 97; 4º) Praia, 93; 5º) Lewis, 92; 6º) Faustino, 55; 7º) Pierluigi, 46; 8º) Ferreira, 44; 9º) Andreghetto, 39; 10º) Douglas, 29; 11º) Solorza, 27; 12º) L. Barros, 24; 13º) Fasci, 22; 14º) Salles, 21; 15º) Moura e Al Malki, 19; 17º) Fittipaldi, 17; 18º) Iatauro, 15; 19º) Zerbo, 13; 20º) Thiriet, 12; 21º) Figueiredo, 11; 22º) Pretel, 8; 23º) Andric, 7; 24º) Lenzi, 4; 25º) De Grandi, 3; 26º) A. Barros, 2; 27º) Luvizotto e Eslick, 1.
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