Marco SImoncelli: de 1987 a 2011

A vida e a morte de uma das figuras mais cativantes do campeonato Mundial de Motovelocidade.

Por Roberto Brandão

Quando chegou aos Grandes Prêmios com 15 anos, Marco Simoncelli já contava com grande experiência e títulos, e a sua entrada para o Campeonato do Mundial de Motovelocidade em 2002 foi o início de uma carreira marcada por sucessos, ambição, determinação, algumas controvérsias e muita admiração enquanto progrediu através das categorias para já ser considerado uma das mais reconhecidas estrelas da MotoGP, até sua trágica morte no dia 23 de Outubro de 2011.

Nascido e criado em Coriano, a uns 10 quilômetros do Circuito de Misano, Simoncelli passou a maior parte da juventude correndo na Costa Oeste italiana e foi um dos que andou na frente no Campeonato de Mini-Moto de 1996 a 2000 – competição que venceu por mais de uma vez.

Ao entrar para as 125cc depois dos feitos conseguidos nas mini-motos, Simoncelli não demorou a adaptar-se, competindo no Campeonato Italiano em 2001 e conquistando depois, no ano seguinte, o Campeonato da Europa. Em 2002 estreou no Mundial de Motovelocidade, alinhando em seis etapas da campanha de 125cc antes da primeira temporada completa, no ano seguinte.

O ano de 2004 viu o então piloto de 17 anos marcar sua primeira vitória em GPs – foi também o seu primeiro pódio e primeira pole position – quando venceu a corrida de Jerez embaixo de muita chuva a caminho do 11º posto da classificação geral. A última temporada de Simoncelli na categoria, em 2005, resultou num total de seis pódios, incluindo mais um triunfo em Jerez, e terminou o ano em sexto depois de mais alguns passos em frente.

A passagem para as 250cc em 2006 requereu a Simoncelli dois anos para se acostumar e quando o fez foi em grande estilo. A temporada de 2008 não começou da forma mais positiva, com Simoncelli não pontuando nas duas primeiras etapas. Mas na terceira prova, em Estoril, qualificou-se na pole position pela primeira vez na categoria intermediária e terminou a corrida em segundo – o primeiro pódio nas 250cc. A partir daí o ano de Simoncelli ganhou um ritmo fantástico. Venceu pela primeira vez na categoria em casa, no circuito de Mugello, sexta jornada da temporada, e só ficou fora dos três primeiros mais uma vez enquanto caminhava para o título. Ao vencer seis corridas e conquistar um total de 12 pódios em 2008, Simoncelli tornou-se no primeiro piloto Gilera a conquistar o título das 250cc e no primeiro piloto a sagrar-se Campeão da categoria intermediária sem ter somado pontos nas duas primeiras etapas do ano desde Dieter Braun, em 1973.

Os rumores ligavam o carismático Campeão do Mundo de 250cc a uma mudança para a classe da MotoGP, mas Simoncelli optou por ficar e defender o título. Voltou a apresentar o seu estilo de pilotagem arrojado em várias batalhas, levando a luta pelo título até à última jornada em Valência, onde acabou por perder para Hiroshi Aoyama. Simoncelli terminou a campanha em terceiro depois de ter somado seis vitórias e estava, naquele momento, pronto para passar à categoria rainha.

Os testes de pré-temporada de 2010 foram uma espécie de batismo de fogo para Simoncelli, que foi abalado por um grande acidente no segundo treino de Sepang. Ele voltou à moto para o último teste no Catar e depois terminou a sua primeira corrida na MotoGP, no mesmo traçado de Losail um mês mais tarde, em 11º. Simoncelli ganhou confiança com o desenrolar da temporada de estréia, melhorando de forma estável os resultados de qualificação e corrida, e terminou o ano de 2010 com forte sequência de prestações, em que se incluiu o quarto posto na penúltima etapa em Estoril, onde ficou fora do pódio por pouco.

Com uma temporada totalmente de experiência, o segundo ano de Simoncelli na MotoGP viu o piloto começar o combate em bom plano, convertendo o promissor final de 2010 em resultados em 2011. Após um resultado nos cinco primeiros na etapa de abertura no Catar, sofreu queda e desistiu em Jerez quando liderava a corrida. Na etapa seguinte, Simoncelli estreou na segunda linha do grid de largada, em Portugal, e a primeira pole position surgiu pouco depois na Catalunha com a excitação à volta do italiano continuando a crescer.

Seguiu-se mais uma pole em Assen, mas Simoncelli não consegui conquistar o tão esperado pódio que parecia quase certo sempre que ia para a pista. Na etapa seguinte, porém, o piloto italiano subiu ao pódio pela primeira vez em Brno, quando terminou em terceiro na República Checa.

Seguiram-se corridas fantásticas, terminando em quarto em três corridas consecutivas em Misano, Aragón e Motegi, a última destas após Simoncelli ter-se envolvido em uma luta com o rival de longa data Andrea Dovizioso. Apenas duas semanas mais tarde, em Phillip Island, Simoncelli voltou a bater o compatriota em épica batalha para terminar em segundo, o seu melhor resultado na MotoGP.

Qualificando-se na segunda fila do grid de largada para o GP da Malásia, Simoncelli estava batalhando com Álvaro Bautista pela quarta posição quando sofreu queda na segunda volta da corrida, foi acertado por outras motocicletas contraindo lesões que acabaram colocando ponto final na vida de um piloto e pessoa muito admirada dentro e fora da pista.

Todos nós, amantes da motovelocidade, sentiremos falta de sua presença nos paddocks da MotoGP, nas ações sociais da competição e de seu estilo único dentro e fora da pista. Ciao Sic!

Carreira de Marco Simoncelli no Campeonato Mundial de Motovelocidade:

2002 – 125GP: 33º lugar numa Aprilia, 6 corridas, 3 pontos
2003 – 125GP: 21º lugar numa Aprilia, 15 corridas, 31 pontos
2004 – 125GP: 11º lugar numa Aprilia, 13 corridas, 79 pontos, 1 vitória
2005 – 125GP: 5º lugar numa Aprilia, 16 corridas, 177 pontos, 1 vitória
2006 – 125GP: 10º lugar numa Gilera, 16 corridas, 92 pontos
2007 – 125GP: 10º lugar numa Gilera, 17 corridas, 97 pontos
2008 – 250GP: 1º lugar numa Gilera, 16 corridas, 281 pontos, 6 vitórias
2009 – 250GP: 3º lugar numa Gilera, 15 corridas, 231 pontos, 6 vitórias
2010 – MotoGP: 8º lugar numa Honda, 18 corridas, 125 pontos
2011 – MotoGP: 6º lugar numa Honda, 16 corridas, 139 pontos


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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