Pilotagem com segurança

Veja uma série de itens que devem ser obedecidos, seja nas pistas ou nas estradas.

Por Leandro Alvares

Os fanáticos por competições de motovelocidade não tiveram do que se queixar neste fim de semana: no sábado, a oitava etapa da MotoGP. No domingo, as emoções da sexta rodada dupla do Mundial de Superbike e a terceira corrida do Campeonato Brasileiro. Para fechar a programação, nada melhor do que algumas dicas de como pilotar uma moto de forma segura e com a técnica correta, seja na condução em pistas de corrida ou nas ruas e estradas.

Quem ensina o caminho das pedras é o renomado francês — radicado no Brasil — Hilaire Damiron, piloto profissional de Superbike 600 cilindradas e técnico em pilotagem. “Pilotar bem exige inicialmente muita atenção a todos os detalhes que envolvem o ato de guiar; desde ao bom preparo físico aos cuidados com a manutenção do veículo”, afirmou o instrutor.

“Todo bom piloto deve saber da importância de usar bons equipamentos de proteção e de ter o vestuário adequado ao tipo de uso e estilo da moto. Capacetes, botas, luvas, jaquetas, macacões e roupas especiais precisam ser escolhidos com critério e nem sempre o mais barato oferece a proteção mínima, assim como o mais caro não significa a garantia de qualidade. É necessário pesquisar o produto antes de comprá-lo. Às vezes uma conversa com pilotos mais experientes ajuda bastante”, destacou.

De acordo com Damiron, a vestimenta ideal para passeios em ruas e estradas é a tradicional roupa de couro. “Um belo conjunto de jaqueta, calça e botas de couro, sem esquecer do capacete, é o melhor para os pilotos de fim de semana. Não é preciso mais do que isso. Mas para aqueles que se interessam por adrenalina off-road, o cenário passa a ser outro: aqui, o fundamental é um capacete sem viseira dotado de protetor de queixo, óculos especiais de proteção, roupa de tecido leve e resistente, que facilite os movimentos e a transpiração, além de botas de cano longo, com reforço de aço nos bicos e fecho afivelado”.

Nos autódromos, o capacete esportivo com viseira é a primeira aquisição. “O macacão deve ser de couro, com reforços e protetores especiais para as costas, ombros, cotovelos e joelhos. As botas e luvas têm de ser de couro macio e com reforços especiais. Isso é importante para ajudar no desgaste físico que se sente numa corrida e para a segurança em caso de acidentes”, explicou.

Depois de bem protegido, as atenções se voltam para o equipamento. “Esse ponto vale mais para os pilotos de rua, porque aqueles que competem sempre estão acompanhados da equipe e contam com todos os aparatos de segurança. Por isso, o bom motociclista urbano é o que está sempre muito atento, equipado e com a moto em boas condições”, disse Damiron.

“Todo motociclista deve fazer uma inspeção periódica na moto, checando freios, embreagem, folgas em manetes e pedais, sistema elétrico (farol e pisca), calibragem dos pneus, ajuste dos espelhos e retrovisores, enfim, todos os itens que estão sujeitos a ‘imprevistos’ e que podem prejudicar a pilotagem e a segurança”.

A boa postura é outro fator que merece destaque. “Compreendem a boa postura: coluna ereta, braços relaxados, estando levemente dobrados para baixo, pés paralelos ao solo e sempre próximos ao freio e pedal de câmbio. São detalhes  fundamentais para reações mais rápidas e importantes para o menor desgaste do condutor”, ressaltou o instrutor.

Seja nas pistas ou nas ruas, uma questão que aflige a muitos corredores são as curvas. “Nelas, o principal segredo é entrar sempre em velocidade compatível com tipo de moto e piso. A mesma curva é muito diferente de ser feita com uma motocicleta super esportiva, uma custom ou uma trail. Cada uma delas tem seu limite. Saber disso é dever do piloto”.

Fazer uma curva envolve estudos da física. “Duas forças básicas atuam na moto: a da gravidade, que comprime a moto e o piloto contra o chão, e a força centrífuga, que empurra a moto para fora da curva. Essas grandezas agem sobre a suspensão e os pneus, e é do equilíbrio entre elas e da aderência dos pneus à superfície que depende uma curva bem feita”.

“Quanto maior e mais pesada for a motoca, mais ela sofrerá com a força centrífuga. O mesmo ocorre com a velocidade: quanto mais rápida, mais se sente o efeito da força centrífuga. E quanto mais fechada for a curva, maior será a ação dessa força”, explicou Damiron.

“O segredo de uma curva bem feita é reduzir a velocidade antes de ‘entrar’ nela. Se for necessário frear, use os freios dianteiro e traseiro ao mesmo tempo, antes da curva. O ideal é inclinar a moto e o corpo de acordo com a necessidade, manter a aceleração constante e aumentá-la somente depois de terminada a curva”, alertou.

Uma manobra que vale à pena conhecer, segundo Damiron, é a do “contra-esterço”. “Vamos usar a estrada como exemplo: ao fazer uma curva em velocidade alta, é normal se forçar o guidão para o lado de ‘fora’ do traçado. Essa manobra é chamada ‘contra-esterço’, uma reação natural ao efeito giroscópico das rodas”.

O efeito giroscópico surge em velocidade superior a 35 km/h e se torna mais intenso quanto maior for a velocidade. É um fenômeno físico criado pelo movimento giratório das rodas. Sua tendência é mantê-las em pé e rodando em linha reta enquanto existir
movimento e velocidade.

“A curvatura externa que existe nos pneus de motos também ajuda quando o piloto realiza o ‘contra-esterço’, eliminando a tendência da moto se manter em linha reta, forçando-a a se inclinar e ‘deitar’ para o lado de dentro da curva. Ao forçar levemente o guidão para o lado contrário ao da curva, o condutor facilita o controle da moto, equilibrando as forças que atuam sobre ela. Parece contraditório, mas o ‘contra-esterço’ serve para ajustar a motocicleta à velocidade e ao raio da curva, podendo fazê-la deitar mais ou menos, conforme a necessidade”.

“Quanto mais força de ‘contra-esterço’ o piloto aplicar sobre o guidão, mais a moto deitará e fechará a curva. A manobra é importantíssima para quem pilota em alta velocidade, mas também extremamente útil em situações normais”, garantiu.

Por fim, e não menos importante, entra a perícia e experiência do piloto. “É lógico que isso conta, e muito. Afinal, com o passar dos anos o motociclista desenvolve um estilo próprio de pilotagem e aprende a dominar melhor seu veículo”, concluiu.

Com essa breve aula em mente, só resta pegar a motocicleta e encarar aventuras. Lembrando, claro, do respeito às velocidades nas ruas e estradas.

Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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