Graças às técnicas de restauração, inúmeras motocicletas que marcaram a vida dos amantes do motociclismo ainda se encontram em condições de rodar tranqüilamente pelas ruas e rodovias do país, providas de todo o charme e estilo da época em que foram construídas.
No centro de São Paulo, uma empresa com 20 anos de estrada é especialista em trabalhar no reparo de motocas antigas. Mas a Recar Motos ultrapassa o papel de um espaço de “artesanato”, de venda, reparos e lavagem de equipamentos e peças. É um ponto de encontro para interessados em raridades, de modelos que mexem com o sentimento daqueles que curtem emoções sobre duas rodas.
A loja conta com uma ampla equipe de mecânicos, os responsáveis pelo renascimento das motos judiadas pelo tempo, de todos os portes, tipos e potência. Trata-se de uma verdadeira reconstrução, que envolve desde a restauração de chassi, motor e carburador até o painel, pintura e cromeação. Uma obra de arte.
“Nós, de fato, fazemos de tudo”, contou o mecânico Leandro Vieira, em entrevista ao MOTO.com.br. “Uma restauração completa leva em torno de um a dois meses para ficar pronta, já que não é apenas um trabalho dentro da oficina. Temos também todo o processo de aquisição de peças antigas, e algumas dão trabalho de serem encontradas”, explicou. “Mas há casos mais simples, nos quais apenas fazemos uma maquiagem, como a eliminação do ferrugem”, exemplificou.
Para ele, não há etapa mais ou menos complicada. “Faz parte de um conjunto, cada um com sua exigência, mas nada impossível. Desmontamos a moto, cuidamos de cada parte e os esforços são recompensados pelos resultados. É algo muito gratificante”, completou Vieira.
José Januário da Costa, mais conhecido por Zezinho, está na Recar há cinco anos e já “operou” modelos de várias marcas. “Honda, Vespa, Yamaha, Ducati, BMW, Harley-Davidson, uma série de motos antigas, geralmente dos anos de 1960 para cá”. Piloto de corridas no final dos anos 70 e início de 80, o mecânico fez questão de apontar que não existe segredo para se conservar um equipamento de duas rodas.
“Quer seja nova, antiga ou restaurada, a orientação é única: não deixar a moto muito tempo parada, utilizar gasolina de qualidade, manter os pneus calibrados, fazer a troca de óleo corretamente, não abusar na tocada, enfim, práticas que a maioria dos motociclistas estão cansados de saber. Só depende deles”.
Pertencente ao grupo de admiradores dos ícones raros, Zezinho ressaltou que as motocas antigas levam vantagem em relação às populares e mais novas no quesito índice de roubo. “O ladrão dificilmente acha mercado para essas peças; ele sai em prejuízo”, brincou. “Por isso, são muito poucos os episódios de roubo desses modelos”.
Entre os vários freqüentadores da Recar, observa-se uma curiosa unanimidade em relação à motocicleta de maior cobiça: a famosa Honda 750 Four. Dono de um modelo ano 1975, vermelho, Eduardo Reis não se desfaz da paixão em hipótese alguma. “Ela foi restaurada aqui e é original. Hoje só venho na Recar para lavá-la. Já recebi propostas, mas essa é minha. Nada e ninguém me faz vendê-la”, afirmou.
Maurício Viecili e o filho Leandro são outros visitantes assíduos da loja. Sempre que podem aparecem para namorar as motos charmosas; de preferência a 750 Four. “Essa Honda é demais. Ela une potência, um som maravilhoso e tecnologia surpreendente para época em que foi projetada, na década de 70. Estou de olho em uma amarela e fazendo economias para comprá-la”, disse.
Seria necessário perguntar qual a moto de maior prestígio para outro cliente, o japonês Tsuksa Motomura? “A 750 Four, claro. Ela é macia, potente, única para quem gosta de moto”, detalhou o engenheiro de 53 anos, integrante do Moto Clube de Macaé.
Para Adilson Leme, dono da Recar, a Honda 750 é um caso a parte, detentor de uma legião de fãs. “Nosso público tem idade média de 40 anos e isso explica o alto interesse por uma moto que fez parte de nossa época”. Coincidentemente, a “motoca estrela” foi escolhida para ser a capa da mais recente edição da revista MOTO.com.br.
A Recar Motos, que registra média em torno de 200 visitas por dia, funciona de segunda a sábado e fica aberta para todos os apaixonados por motos. É uma ótima dica para lazer, diversão e “namoro” com as motocicletas históricas. E história é o que não falta neste ambiente.
O endereço é rua dos Gusmões, 777, centro. Informações pelo telefone (11) 3337-2430. Vale a pena uma passadinha — experiência do MOTO.com.br, que esteve por lá no fim de semana.
Fonte:
Equipe MOTO.com.br
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