Marrocos é mágico
Uma visão feminina da aventura que é viajar de moto com dicas e curiosidades do mundo das duas rodas
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
Eliana Malizia
Viajar por Marrocos de moto, foi um grande sonho realizado, uma viagem de 16 dias, onde pilotei uma moto BMW, modelo F650GS, partindo de Sevillha, na Espanha, até o Continente Africano.
As estradas de Sevillha a diante foram todas com curvas bastante difíceis e sinuosas, chegando em Celta, ainda em solo espanhol, tudo pronto para estacionar a moto em um Ferry-Boat e atravessar o mar mediterrâneo, cruzando os continentes Europeu/Africano, e mais ou menos em uma hora estavamos lá, depois de apenas um dia e meio de viagem.
Digo “estávamos” porque essa viagem realizei em grupo formado por uma Agencia de Turismo da Espanha, qual montou todo roteiro, fez reservas de hotéis e nos alugou as motos. Toda a viagem foi reservada meses antes.
A Aventura me levou a Cidades; Chefchaouen, Fez, Marrakesh, Tanger, Merzouga, as Dunas de Erg Chebbi, Ossaoueira e Rabat. Para conhecer todas as cidades, rodamos uma média de 3.000 Kms.
A viagem foi realizada em Fevereiro de 2012. Época de frio em Marrocos, há mais de 40 anos não nevava por lá, mas fui surpreendida com muita neve, que cobriu todas as montanhas e deixaram a paisagem ainda mais exuberante. Mesmo muito equipada e protegida, por alguns momentos passei frio, mas posso afirmar que cada momento de frio que passei, valeu a pena, nunca havia vivenciado uma experiência tão inusitada. As estradas, as paisagens e a cultura local, me levaram a sensações inexplicáveis, tudo é bastante diferente.
Registrei mais de 1.000 fotos das estradas, neve, paisagens, cultura, medinas, artesanatos, culinária, temperos, animais, pessoas nativas.....
A Capital de Marrocos é Rabat. O Dirham marroquino é a moeda oficial de Marrocos, a relação aproximada com o euro é de 1 dirham = 0,10 euro. Brasileiros e portugueses não precisam de visto para entrar no país.
A cidade foi fundada em 1471 e utilizada como base pelas tribos berberes do Rif em seus ataques aos portugueses instalados em Ceuta que fica a poucos mais de 100 quilômetros de lá.
O povoado cresceu com a chegada de refugiados muçulmanos e judeus, que fugiam da perseguição no sul da Espanha, isso em 1494.
A cidade ficou por tempos isolada, mas em 1920 foi ocupada por tropas espanholas. Neste mesmo ano ocorreu a Guerra do Rif, onde os espanhóis foram temporariamente expulsos de Chaouen. Depois voltaram e não se retiraram mais até a independência do Marrocos em 1956.
Foi maravilhosa a sensação de entrar em solo marroquino, de cara já notei burros pelas ruas, pessoas com burcas e placas nas estradas em letras árabes.
Caminhando pelas ruas e ladeiras da Cidade, encontrei muitas pessoas falando perfeitamente o Espanhol. Fiquei impressionada com a cidade toda azul. Na região há um enorme cultivo de quif (cannabis) para fumo, que é um costume antigo e comum no norte do Marrocos. Então já me foi avisado para não estranhar ou me assustar se algum marroquino me oferecesse a erva. Apenas recusar.
Sentei com o grupo do passeio, quatro brasileiros, dois Canadences dois americanos , dois espanhóis ( guias) e um australiano.
O couscous é considerado o alimento mais importante do país, , come-se cozido e acompanha diversos tipos de alimentos, carnes, aves, legumes, com tempero forte, é delicioso. Já o tajine é feito numa panela com mesmo nome, outro prato muito gostoso feito com carnes, legumes cozidos com temperos picantes. Provei também o Kafta de carne de carneiro, essa carne é muito consumida e uma das mais baratas no país. Sempre é servido depois das refeições o chá de menta e se gostar de cerveja a mais famosa e gostosa por lá se chama Casablanca. Claro que os dias que não precisei pilotar a moto, provei da cervejinha bem gelada, aprovadíssima.
Lá visitei a Mesquita de Qarawiyyin ou Karueein, a maior e a mais velha mesquita de África. A arquitetura impressiona.
Fez é formada por duas partes: a Medina e a Cidade Nova, construída pelos franceses depois da ocupação em 1912, com amplas avenidas e construções modernas.
A imensa Medina Fes-el-Bali é um imenso labirinto de ruelas e becos, onde multidões de pessoas circulam todo o tempo. Lá encontrei mulheres usando suas burcas a caminho dos banhos turcos, comércios que vendem tapetes, lenços, artesanatos, chinelos, roupas e bolsas de couro, vários tipos de temperos que se misturaram com o cheiro das carnes a venda, a cabeça de camelo e cérebro de carneiro expostas nas barracas, me assustaram um pouco, mas ali me adaptei a cultura local, era tudo hipnotizante.
Escutei muitos gritos “Balak, Balak”, aprendi que era um aviso para sair da frente rapidamente, as vielas sao muto estreitas, e todo movimento de transporte são feitos por bicicleta, mulas e burros. E os marroquinos gritam pedindo passagem.
Lá dentro da medina, são mais de 9000 mil ruelas, alguns me disseram que passa dos 15.000. Em alguns trechos as vielas possuem 80cm, e passa se por ali um por vez. Achei parecido com um labirinto e confesso que me atrapalhei com tantos sentidos; cheiro, sons, cores, texturas e cenas inusitadas Tudo lá dentro é curioso, interessante e por vezes chocante.
Ainda dentro da imensa Medina de Fez, visitei o local onde fazem as cerâmicas, onde fazem os lenços. Outro cenário interessante é visitar o Curtume , onde se tinge couros. Para ver toda a produção, é preciso subir no ponto mais alto da medina, passei por tuneis e escadas estreitas, passando por dentro de lojas coloridas e apertada com produtos em couro , tudo muito escuro, e de repente uma claridade mostra um enorme espaço ao ar livre , esse espaço é visto repleto de tinas em diferentes cores, gigantes, onde mergulham os tecidos em couro para tingir. O odor é um pouco forte, mas vale a pena, é impressionante os tamanho do cortume e como é feito o tingimento do couro.
Lá tem que pechinchar para conseguir bom preço, algo que não sei fazer muito bem. Também tive que ter muita paciência, pois os vendedores são bastante insistentes e chegam à incomodar, isso em toda parte de Marrocos.
Em Fez el-Jedid, a parte mais nova da medina, as grandes atrações são o Palácio Real, com suas imponentes portas e o mellah, o antigo quarteirão judeu, com suas sinagogas.
Foi o dia inteiro para conhecer os encantos de Fez, sem dúvidas foi um dos lugares mais impressionantes que já estive. Além do choque cultural, me senti no meio de um cenário. Conhecer a medina é um passeio obrigatório, mas não ouse em entrar nesse ”labirinto” sozinho, corre o grande risco de se perder por lá.
Anoiteceu e voltei para o Hotel, a lua iluminou a medina que da varanda do quarto dava para ver de longe. Me emocionei com a paisagem, estava muito grata por estar ali em lugar tão maravilhoso e diferente.
Dormi contente com tudo que vi em Chefchaouen e Fez. No dia seguinte acordei bem cedo com temperaturas a baixo de zero, me preparei para os próximos destinos; Deserto do Saara, Zagora, Ouzarzate, Marraquesh e Essaoueira.
Dicas e Curiosidades
- Não beba agua da torneira em Marrocos e prefira água com gás engarrafadas e fechadas, fui alertada que muitos turistas bebem a agua e passam muito mal. Nao arrisque.
- Mulheres turistas por estarem com o rosto e muitas vezes o colo a mostra, sofrem frequentes assédios pelos marroquinos. Mas nada que nao seja normal aqui no Brasil quando se passa perto de uma obra ( risos). Nao sinta medo, eles nao tocam em você, e também nao roubam. Acho bacana vestir-se com roupas discretas e sem decotes, por respeito à cultura que está a visitar.
- Com exceção dos casacos de couro, não compre presentes e lembranças em Fez. O melhor lugar que encontrei para compras e com menos abordagem dos vendedores, foi em Marraquekech (continuação da matéria parte 2.)
- Os amigos marroquinos se cumprimentam com aperto de mão, que quer dizer “toque no seu coração, representa sinceridade e respeito ao próximo.
- As mãos esquerdas são tradicionalmente consideradas “impuras na religião muçulmana e nas culturas nómadas árabes, pois costumavam ser usadas para higiene nas sanitas. Como em muitas culturas pode ser considerado má-educação dar um aperto de mão, dar dinheiro, oferecer ou aceitar alguma coisa com a esquerda.
Pesquise a data e preço de cada uma dessas agências e escolha o melhor para seu bolso e mês de férias.
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