O vôo livre dos Falcões

Estradeiro fala sobre o 12º encontro de aniversário do motoclube Falcões Raça Liberta.

Por Leandro Alvares

Finalmente anoiteceu. Subi na minha gata, dei partida e saí lentamente. Minha rota era ir até a antiga fábrica da Philips, em Guarulhos, e participar do encontro de 12 anos dos Falcões Raça Liberta, realizado entre os dias 27 e 29 de julho.

No meio do trânsito infernal das avenidas, fui relembrando o número de vezes que já participara desse evento. Foram mais de oito, e a cada ano ele era maior e mais respeitado. Eu já sabia também que iria rever uma “pá” de amigos.

Os Falcões fazem parte da minha vida estradeira. Por inúmeras vezes cruzei com seus integrantes pelas estradas brasileiras, assim como foram várias as ocasiões em que peguei no sono, enrolado em meu saco de dormir, dentro da barraca do consulado dos Falcões.

Lembro também da vez em que fui vê-los em Natal, no Rio Grande do Norte. Sempre fui muito bem recebido. Por esses e outros motivos, eu não poderia faltar ao aniversário de 12 anos, e trocando de marcha entrei na tumultuada rodovia Dutra para finalmente chegar ao encontro.

- Boa noite, você trouxe os dois quilos de alimento não perecíveis?
- Sim, respondi. Era a “moeda” de entrada para o evento.
- E quantos quilos vocês já arrecadaram?
- Já chegamos nas 50 toneladas e acreditamos que vamos ultrapassar a marca de 2005, quando atingimos 110.
- Maravilha, afirmei. E desde já, desejo sucesso absoluto!

A HD tremia de emoção e frio, e eu já sabia que iria aquecer meu coração dentro do Nobre Espaço Coberto, reservado exclusivamente para nós, motociclistas. Um privilégio, pois a grande maioria dos eventos é feito a céu aberto.

Dei muita sorte e consegui pegar o salão, onde aconteceria o show com uma dezena de bandas, quase vazio. Aproveitei para tirar fotos do local, cuja área é do tamanho de um campo de futebol e que lá pelas 10h da noite estava literalmente tomada pelo povo das duas rodas.

Muita animação e muito respeito. Foi o que rolou na sexta-feira até a madrugada, deixando bem claro que a maioria dos motoclubes respeita e dá valor ao já sabido compromisso social que os Falcões têm junto às comunidades carentes. Não é à toa que no salão nobre, junto à praça de alimentação, o número de bandeiras hasteadas era enorme.

Foi mais uma vez sorte a minha poder ver o vôo livre dos Falcões e poder comprovar que eles são Raça Liberta.

Lembrança não por acaso

Na rota das estrelas, finalmente amanheceu. Parado na miúda estradinha de terra, vejo ao longe o sol nascer tímido entre vales e montanhas. Lá no alto, um falcão flutuava, imóvel e sereno, anunciando a alvorada. Que sorte a minha em poder vê-lo em seu vôo livre. E que sorte a dele, pois é Raça Liberta.

Voltei para São Paulo com a imagem gravada na parede da minha memória. Rever os Falcões não foi uma obrigação, e o fato de estar entre eles sempre foi e continuará sendo uma boa viagem.

O tempo passou, as estradas passaram e 12 anos de dignidade transformaram esse motoclube em uma verdadeira lenda viva espalhada por todo o território nacional. Não por acaso, mas fruto de um trabalho árduo, estradeiro e social junto a entidades carentes.

Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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