Na Argentina com a DR 800

Nosso colaborador Reinaldo Baptistucci relembra a sua passagem pela cidade de Diamante.

Por Leandro Alvares

No relato desta semana, Reinaldo Baptistucci, estradeiro do MOTO.com.br, fala sobre a viagem que realizou em agosto de 1999, rumo à Argentina. A companheira utilizada foi uma Suzuki DR 800. Confira os detalhes da aventura:

Estava em casa, preparando a bagagem, quando tocou o telefone. Meu amigo argentino lá do outro lado da linha pergunta: “Está tudo certo? Quando você vem?” Respondi: “Saio hoje à meia noite. Pode gelar o vinho, devo chegar em um dia e meio”.

Maravilha, pensei. Vou despencar para Uruguaiana (RS), cruzar a fronteira e rodar no concreto argentino até chegar ao meu destino. Eu tinha tempo de sobra e a DR 800 estava tinindo e afoita para percorrer, no mínimo, dois mil quilômetros só de ida.

Faria o percurso mais uma vez, e já sabia dos retões que me aguardavam, que também teria de enfrentar os ventos contrários das planícies, mas tudo compensava, pois eu poderia acampar na beira do rio e participar de um encontro diferenciado, com um público apaixonado por motos.

Nessa noite eu mal dormi de tão ansioso para que o relógio soasse as 12 badaladas. A hora “H” do dia “D” enfim chegou. Montei na gata, virei a chave, dei partida e o som grosso do monocilindro explodiu igual a uma música em meus ouvidos.

Saí lentamente e fui para a Régis Bittencourt com destino a Curitiba, debaixo de forte serração e pista molhada. Amanheceu e eu já embalado peguei rumo para Vacaria, indo cada vez mais para o sul, e fui parar em Uruguaiana, onde pousei.

Dia seguinte, após os trâmites da fronteira, entrei com a DR 800 no território argentino. Rodei 200 km e a polícia rodoviária me parou, curiosa para ver a moto e saber o que eu fazia sozinho por aquelas bandas.

Expliquei que estava indo para o encontro de motos na cidade de Diamante, na província de Entre Rios, e que faria uma reportagem para uma revista de motos brasileira. Na mesma hora me liberaram, com desejos de boa viagem, além de dicas de desvio e melhor rota a se seguir.

Agradeci, e com o pisca ligado voltei para a rodovia que estava totalmente vazia. Nela, somente eu, a DR e o pensamento flutuando sereno naquele retão sem fim.

Depois de muitos quilômetros, lá estava o Diamante procurado, uma cidade pequena, charmosa, com um povo receptivo e muito educado. O encontro foi ótimo e por cinco dias passei acampado às margens do rio Paraná, preparando churrasco, escutando histórias andinas e tomando vinho nacional. Afinal de contas eu estava de férias, e o tempo gasto foi muito bem aproveitado.

No fim do encontro, fui convidado para subir com um grupo rumo ao povoado de Frank, no oeste argentino. Passaríamos em Santa Fé, sendo que de lá mais 600 km nos aguardavam. Não recusei a proposta, e no dia seguinte já estávamos na estrada.

O tempo mudou e o frio chegou com tudo. Rodamos com temperaturas variando entre 5 a 10 graus, mas o visual e os vilarejos transformaram essa viagem em momentos inesquecíveis.

De Frank, voltei para o Brasil com destino certo. Com muita chuva e estradas ensaboadas, fui para Jaraguá do Sul, onde rolaria um encontro do qual eu estava disposto a participar. Por isso não deu outra: numa sexta-feira de arrepiar cheguei e encontrei com o pessoal do Motogiro MC, que pra variar me recebeu muito bem.

Depois de alguns dias de estrada, cheguei a São Paulo, entrei em casa e o telefone estava tocando. Um amigo de Maceió fez a pergunta: “E aí, quando você vem pra cá?”. Respondi: “No fim do mês subo na DR 800 e vou tomar uma água de coco  com você. Abraços aos irmãos estradeiros aí de cima”.

Reinaldo Baptistucci viaja com apoio do MOTO.com.br e da EBC BRAKES.

Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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