Eu, a XT E O MT

Reinaldo Baptistucci fala do teste de 10 mil km que fez com o pneu da Pirelli, pelo Brasil.

Por Leandro Alvares

Setembro de 2001, no meio do trânsito da Marginal Tietê, meu celular toca, paro a moto e atendo. Era o pessoal da revista confirmando o teste da Yamaha. O objetivo seria viajar dez mil quilômetros no menor espaço de tempo possível e registrar o fato.

Conosco, iria a Casa Fernandes de Pneus, que estava disposta a nos dar apoio técnico, em troca do teste do composto Pirelli MT 60, que equipa a roda traseira da XT 600cc.

Na época a durabilidade do pneu era contestada. Diziam que o MT 60 não passava dos oito mil quilômetros, por isso tivemos o cuidado de medir o sulco do pneumático novo antes de partir e o resultado foi de 8.2 mm.

Topei o desafio e, dois dias depois, na madrugada, eu já estava na estrada com a XT 600 e minha habitual bagagem de viagem, que incluía uma calça, duas camisetas, um pulôver, uma meia, um abrigo de chuva, um saco de dormir, uma barraca iglu, ferramentas básicas, elo de corrente e 20 metros de cabo grosso para um eventual reboque.

Meu destino de ida seria Natal, no Rio Grande do Norte, mas antes passaria em Campos (RJ) para a primeira e necessária revisão, que foi feita a toque de  caixa. Esse primeiro dia rendeu e fui encostar a valente XT já bem próximo da cidade de  Ubaitaba (BA).

Dia seguinte amanheceu e eu já estava bem longe, com a meta de chegar o mais próximo possível de Natal. No caminho, muita chuva, muito buraco, acidentes e péssima sinalização, fazendo do trecho uma prova a mais para todos os três envolvidos na viagem: eu, a XT e o MT.

A gentil e poderosa Yamaha não tomava conhecimento dos obstáculos, e depois de alguns desvios completei os primeiros quatro mil quilômetros sem problemas. Neste intervalo, participei do encontro Natal Motorcycle, organizado pelo Moto Tribo Potiguar MC, que aliás foi um verdadeiro presente de natal fora de época, tamanha a dedicação e atenção dispensada a todos os participantes.

Fim do encontro, e voltei viajando em dupla com Reinaldo de Carvalho, Presidente da Federação dos Motoclubes do Estado de São Paulo, que estava a bordo de sua Gold Wing 1500. Seguimos juntos até a entrada da cidade de Recife, onde nos despedimos.

Eu tinha muito a garimpar até os dez mil quilômetros. Entrei pelo interior indo parar na Chapada Diamantina (BA) e depois de ter rodado um trecho no Estado do Tocantins, rumei para a tão bem falada Chapada dos Veadeiros, seguindo por estradas de terra até o Portal Oeste da Chapada, na pequena e charmosa Vila de São Jorge.

Por ali, nas estradinhas e picadas levadas no meio do mato, percebi que a XT e o MT eram extremamente competentes, pois me levavam com segurança aos “points” lunáticos da Chapada, que é sem duvida um programa imperdível.

Pra onde eu vou agora? Abri o meu velho mapa rodoviário e decidi: vou para Brasília e depois Goiânia. Vai ter encontro por lá. Depois, sigo para Minas, atravesso um trecho de terra para Vitória (ES) e por dentro do Rio de Janeiro vou  garimpar quilômetros no Estado de São Paulo.

Foi exatamente isso que eu, a XT e o MT fizemos. E 9583 km depois, com 16 dias passados em estradas esburacadas, cheias de lama, areião, lombadas e retões intermináveis, fui pousar a XT 600 inteirinha e sem nenhum arranhão na fábrica da Yamaha, em Guarulhos.

O MT 60 foi medido e conferido pelo pessoal da Casa Fernandes de pneus com os seguintes resultados: desgaste igual a 4.5  mm, o que significa uma média de 2130 km por milímetro de consumo de borracha. Ou seja, o MT passaria dos 14 mil km rodados, comprovando a qualidade indiscutível deste Pirelli.

Outra apuração feita nesta jornada foi do consumo de gasolina:

- a 80 km/h rodei 171 km, com média de 6,5 litros de combustível.
- a 90 km/h foram 175 km rodados – 7,8 L.
- a 100 km/h, 180 km rodados – 8,6 L.
- a 110 km/h, 170 km rodados – 9,6 L.
- a 120 km/h, 175 km rodados – 10,4 L.

Finalmente, com a cabeça feita e apoiada no meu travesseiro, comecei a pensar na próxima viagem...

Reinaldo Baptistucci viaja com apoio do MOTO.com.br e da EBC BRAKES.

Colunas anteriores:
- Techno Bikers 2006
- Encontro das aves encharcadas
- Viagem à Península de Maraú
- O Futuro foi ontem
- Parceiro das estradas

Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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