Há duas semanas, nosso colaborador das estradas, Reinaldo Baptistucci, iniciou a descrição dos momentos mais marcantes de sua ida à Península de Maraú, na Bahia.
Nesta segunda parte da reportagem, o paulista mostra que alimenta uma outra paixão, além da motocicleta. Confira:
Vamos continuar a viagem. Estamos em Camamu, e embarquei na escuna Flor das Candeias com destino a Cajaiba. Esse povoado é conhecido no mundo todo, pois é nele que se produz a grande maioria das escunas e saveiros que hoje estão espalhados pelo Brasil e fora dele.
A construção é artesanal e o esmero no acabamento é, no mínimo, impressionante. O núcleo de carpinteiros fica à beira d’água e todos vivem da construção naval. Para quem gosta de barcos, trata-se de um programa imperdível.
Passei cinco dias em Cajaiba reformando o Saveiro Anabel. Ao fim da pintura, levei sozinho por uma hora e meia a embarcação para o Povoado de Itaipus de Dentro, uma colônia de pescadores artesanais do lado interno da Península de Maraú.
Fica muito difícil falar sobre esses vilarejos, pois é tudo muito maravilhoso e com uma vegetação que mistura coqueiros, dendezeiros, jaqueiras centenárias e um povo franco, muito alegre e sorridente.
Desembarquei da Anabel e peguei carona com a Escuna Ponta da Baleia até a Ilha de Sapinho, onde existe uma comunidade de Albinos, que sobrevive da pesca e da criação de caranguejos e lagostas. Eles estão por ali há muitas gerações e vivem em harmonia com uma quantidade enorme de árvores frutíferas, que com o passar dos anos foram plantadas pelos mais antigos — tem até a famosa Fruta Pão.
Outros locais que vale a pena conhecer são: Aldeia Velha, Ponta de Caieira, Barcelos e Porto do Canto, cada um com seus encantos e diferentes dialetos do falar arrastado e sem pressa do “bom baiano”. A maior diferença de toda a Grande Baia de Camamu, porém, está em Barra Grande
Por lá é mais fácil escutar francês, italiano e inglês do que o nosso idioma. Foi neste ponto que o turismo diferenciado escolheu para se estabelecer; lembra muito o início de Porto Seguro nos idos da década de 1980. Com uma natureza privilegiada e um mar azul turquesa, é quase impossível você não ficar de queixo caído.
Hora de voltar. Fui pra Camamu e lá estava a minha moto tranqüila a me esperar. No primeiro dia de viagem, um sol de derreter o asfalto. Como era domingo, tinha pouco trânsito, o que proporcionou uma tocada mais rápida e segura.
Contudo, no segundo dia, o caldo entornou de vez. Entrei na chuva e por duros mil quilômetros rodei encharcado, com toda a atenção voltada para os buracos traiçoeiros já cheios de água. No caminho, cruzei com os Canibais MC e com outros dois caras com bicicletas que rodavam de volta para o Rio de Janeiro.
Ultimo dia! Volta o sol e com ele o calor. Cruzei a ponte Niterói-Rio com destino certo: Aparecida do Norte. De lá, uma última esticada para São Paulo.
No total, rodei 4898 km entre idas e vindas. A moto fez em média 22 km/L, e eu fiz a minha cabeça.
Reinaldo Baptistucci viaja com apoio do MOTO.com.br e da EBC BRAKES.
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