Paralisação no Japão não deve afetar mercado brasileiro
Após terremoto e tsunami, Honda, Yamaha e Suzuki suspenderam a produção. Principal preocupação é com fornecedores
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
Aldo Tizzani
As cidades de Fukushima, Miyagi e Iwate foram as mais afetadas pelo terremoto e posterior tsumani que devastaram parte da costa japonesa em 11 de março. Localidades litorâneas, como Futaba e Minami Soma, também foram muito castigadas pela catástrofe. O último balanço do governo japonês contabiliza 9.700 motos e 16.500 desaparecidos. Além das vidas que se perderam, para muitos sobreviventes não há mais casa, família e trabalho. Ou seja, regiões inteiras desapareceram do mapa.
O Banco Central japonês estima que serão gastos mais de US$ 300 bilhões (R$ 512 bilhões) para a recuperação das sete províncias da região nordeste do país. Muito se falou na paralisação total ou parcial de um grande número de indústrias no Japão. Mas quais são os impactos deste desastre natural sobre os tradicionais fabricantes de motocicletas instalados na “Terra do Sol Nascente”? E quais os dobramentos para o mercado brasileiro?
Em comunicado oficial, a Honda anunciou a suspensão das operações até 27 de março tanto para carros como para motos, que são produzidas na fábrica de Kumamoto (Ozu-machi, Kikuchi-gun, Kumamoto).
A decisão sobre o retorno das operações acontecerá a partir do dia 28. A prioridade é a recuperação do fornecimento de peças e estabilizar a produção. “Nós lamentamos profundamente qualquer inconveniente que isso possa causar aos nossos clientes, e pedir a sua compreensão durante estes tempos difíceis. Nossa fábrica de moto fica mais ao sul do Japão e não foi atingida diretamente. Porém muitos fornecedores foram e de uma forma ou de outra a paralisação vai nos afetar", finaliza o comunicado da multinacional, líder no mercado brasileiro.
Segundo a assessoria de imprensa da marca no Brasil, a linha esportiva (CBR 600RR e CBR 1000RR Fireblade) e a VFR 1200F chegam ao País via Japão, mas os principais fornecedores estão na Europa. No caso específico da VFR 1200F, o lote destinado ao motociclista braseiro já havia sido fabricado. A recém-lançada XL 700V Transalp e a CB 600F Hornet já são montadas no Brasil e contam com componenetes fabricados na Itália e também por outros fornecedores espalhados pela Europa. Já a GL 1800 Gold Wing vem diretamente dos Estados Unidos.
Na Yamaha, a maior preocupação está voltada para o fator humano, já que a empresa fabrica, além de motos, motores de popa, wave runners e instrumentos musicais. Em seu último comunicado a marca dos três diapasões informa que um funcionário do departamento de vendas ficou ferido. Segundo a Yamaha, não houve danos nas fábricas e instalações na área do terremoto. A grande preocupação da montadora era com as instalações da divisão de competição (Motorsports), que fica em Sugo, cidade mais próxima do epicentro do terremoto (Miyagi). Logo após a catástrofe as operações foram temporariamente suspensas.
Segundo informou a Yamaha, não há sinais visíveis de danos aos edifícios, mas trechos da estrada em volta da fábrica desabaram. Para verificar a real situação da rede de concessionários e instalações das marinas foi criada uma equipa de emergência, que irá avaliar a extensão dos danos.
A partir de 23 de março todas as fábricas e escritórios da Yamaha no Japão voltaram a funcionar, só que em ritmo mais lento, ou seja, finalizando alguns modelos. A montadora também irá cooperar com o racionamento de energia elétrica, e tomará medidas para economizar eletricidade - restringindo o uso de eletricidade industrial, aquecimento dos escritórios e desligando os letreiros. Além disso, a Yamaha disponibilizou geradores, bicicletas elétricas, água e alimentos para auxílar às vitimas. Como na Honda, o problema está no fornecimento de peças.
Segundo a assessoria de imprensa da Yamaha no Brasil, a superesportiva YZF-R1 e big-trail XT 1200Z Super Ténéré são importadas do Japão, além dos quadriciclos e de modelos específicos para o off-road. No Brasil o estoque regulador de motos e de peças está dentro do programado e a filial aguarda orientação da matriz no Japão.
Ritmo lento
Em 21 de março as operações na Suzuki foram interrompidas. Hoje a montadora atua em ritmo mais lento, finalizando as unidades que estão na linha de montagem. As plantas de Toyokawa e Takatsuka trabalham apenas no período diurno (normalmente são três turnos). A empresa fez doações de mini veículos, scooters, água e remédios. Além de doação em dinheiro para a Cruz Vermelha.
A situação mais confortável é a da Kawasaki. A linha de montagem da marca fica em Kobe, província de Hyogo. Ou seja, bem distante do epicentro do terremoto. A fábrica emprega mais de 32 mil pessoas que, felizmente, não foram atingidas pelas catástrofes naturais que destruíram parte do Japão. Em Kobe a produção não parou e a vida tenta seguir seu curso natural. Segundo a assessoria de imprensa da Kawasaki do Brasil, “o cronograma de 2011 segue inalterado”. Ou seja, podemos esperar novas motos destinadas aos motociclistas brasileiros. Além disso, este ano a “Kawa” deve ampliar o número de modelos produzidos no País.
Agora, o que restou aos japoneses foi a dignidade e a força de vontade de reconstruir novamente o país, já que em 1945, em plena Segunda Guerra, a bomba atômica lançada pelos americanos vitimou milhares de pessoas e riscou Hiroshima e Nagasaki do mapa. Apesar do triste epsódio, o Japão se transformou em uma das principais economias do mundo.
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