Motociclismo põe a boca no trombone

Entidades do setor falam sobre as ações polêmicas adotadas pela prefeitura de SP.

Por Leandro Alvares

Aldo Tizzani

Para tentar diminuir o número de acidentes graves e mortes de motociclistas nos dois principais corredores da cidade de São Paulo, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) restringirá a circulação de motocicletas nas pistas expressas das marginais Pinheiros e Tietê (SP).

A medida restritiva, que passa a vigorar a partir do dia 11 de fevereiro, foi anunciada, no último dia 15, pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM). A multa para o motociclista que não cumprir a nova determinação é de R$ 85,00.

Na visão dos motociclistas, a medida fere o direito de ir-e-vir. “Esta medida é um atestado de incompetência do poder público em lidar com este problema. O Estado e suas instituições não ouvem os usuários. Só escutam os burocratas que não entendem nada de motos”, revolta-se Reinado de Carvalho Bueno, advogado e presidente da Federação dos Motoclubes do Estado de São Paulo, dizendo que é preciso repensar todo o processo de educação de trânsito antes mesmo de o cidadão ter sua carteira de habilitação de motos.

Hoje, segundo Carvalho, muitas pessoas compram uma moto como segundo veículo da família e, principalmente, para ter mais agilidade e fugir dos engarrafamentos.

Ricardo Santos, motociclista há mais de dez anos, segue a mesma linha de raciocínio do presidente da Federação dos Motoclubes de São Paulo. “Estas ações não serão suficientes para reduzir o número de acidentes. Os governantes têm que investir na educação e na convivência pacífica entre o piloto de uma moto e o motorista de um carro”, conclui.
 
Segundo Lucas Pimentel, presidente da Associação Brasileira de Motociclistas, a medida é preconceituosa. “Do ponto de vista legal, a proibição é ‘questionável’. Vamos verificar juridicamente se fere ou não o direito do cidadão motociclista de ir-e-vir. Além disso, a transferência do volume de motocicletas da via expressa para a via local, em virtude da proibição, resultarão em transtornos, tumultos e poderão fazer aumentar os acidentes envolvendo motociclistas que circulam na via local”, completa.

Já o presidente da Associação Brasileira dos Motoboys, Adauto Gomes, terá uma atitude mais enérgica. “Vamos entrar com pedido de liminar na justiça para que garanta a agilidade em nosso trabalho e também o direito de ir-e-vir”.

A categoria já havia marcado duas manifestações para este mês, dias 18 e 22, para protestar contra o aumento do valor do seguro obrigatório e as novas normas do uso de capacetes.

Fotos: Caio Mattos.

Fonte:
Agência Infomoto

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