Honda CRF 1000L Africa Twin para grandes aventuras
Aventureira da marca japonesa chega ao Brasil como modelo nacional para encarar a disputa no acirrado segmento bigtrail
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
Herdeira da filosofia de “ir a qualquer lugar” de sua antecessora, a nova Honda CRF 1000L Africa Twin acondiciona um inovador e potente motor de dois cilindros paralelos em um compacto chassi pronto para encarar qualquer aventura, seja na estrada ou fora dela. Um dos modelos mais aguardados do ano, a bigtrail teve todos os seus detalhes técnicos divulgados recentemente pela fabricante japonesa. Inclusive, a produção e venda do modelo no Brasil já foi oficialmente confirmada pela Honda durante o Salão Duas Rodas 2015, realizado em outubro.
Mas enquanto ninguém em todo o mundo pôde pilotar a nova Africa Twin, só nos resta conhecer os detalhes técnicos da bigtrail japonesa. Afinal, tudo é novo nessa Honda, que promete conforto de uma moto touring combinado com a agilidade e o desempenho off-road de uma trail.
Conjunto motriz
De acordo com a Honda, o caráter da nova Africa Twin começa pelo motor, projetado para render bem tanto fora-de-estrada como em longas viagens pelo asfalto. Para isso o bicilíndrico paralelo de 998 cm³ utiliza o mesmo sistema de comando de válvulas SOHC Unicam, já utilizado na família CRF 250/450R, as máquinas de motocross da Honda.
Seu design contribui para as dimensões compactas do motor, que ainda traz cárter seco com tanque de óleo embutido para garantir a excelente distância livre do solo: 250 mm. Com a bomba de água acomodada dentro da caixa de embreagem, o motor é um dos mais compactos 1.000 cc já criados pela marca. Eixos balanceiros primários foram adotados para diminuir as vibrações características dos bicilíndricos.
Com intervalos de ignição de 270° (o tal virabrequim crossplane), a Honda almejou uma entrega linear do torque em uma ampla faixa de rotações até atingir seu pico de 10 kgf.m a 6.000 rpm. Dotado de quatro válvulas por cilindro e alimentado por injeção eletrônica, o motor produz 95,1 cv de potência máxima a 7.500 rpm – que podem parecer pouco se comparado a outras bigtrails que, entretanto, têm motores de maior capacidade e são mais pesadas.
Para completar o conjunto motriz, duas opções de transmissão. Uma com embreagem “deslizante” e câmbio de manual de seis marchas; e outra versão com dupla embreagem automática, o tal DCT que, segundo a Honda, trará uma função off-road.
A marca confirma que haverá, portanto, três versões da Africa Twin: uma standard, praticamente sem controles eletrônicos; outra equipada com câmbio manual, freios ABS e o Honda Selectable Torque Control (HSTC), que permite selecionar o torque transferido à roda traseira em três níveis – mas que pode ser traduzido simplesmente como controle de tração para evitar que a roda traseira derrape; e ainda a versão com dupla embreagem (DCT), ABS e o HSTC.
Ciclística
O quadro tipo berço semiduplo feito em aço foi escolhido por proporcionar equilíbrio perfeito entre estabilidade em altas velocidades e agilidade no fora-de-estrada. Afinal, praticamente todas as motos trail utilizam esse tipo de quadro, o que deixa claro a intenção da Honda em fazer da nova Africa Twin uma moto que realmente possa andar na terra.
Na dianteira, os garfos telescópicos invertidos Showa com tubos de 45 mm são completamente ajustáveis. Dois discos de 310 mm em formato de “pétala” com pinças Nissin de quatro pistões completam o conjunto dianteiro. Na traseira, um amortecedor hidráulico da mesma Showa oferece ajuste na pré-carga da mola, com um único disco de freio de 256 mm e pinça de um pistão.
Confirmando sua vocação mais off-road, a Africa Twin pegou emprestada as rodas raiadas com aros de alumínio que equipam a CRF 450R Rally nas medidas 21’’ x 2.15, na frente; e 18’’ x 4.00, atrás. De acordo com a Honda, essas medidas permitem a instalação de diversos pneus off-road, além dos de uso misto nas medidas 90/90-21 e 150/70-18, que vêm de série.
Seguindo a filosofia de uma aventureira sem limites, a nova Africa Twin foi projetada com pouca roupagem plástica – o mínimo para reduzir o peso e ainda assim proporcionar proteção aerodinâmica ao piloto. O conjunto óptico duplo na dianteira usa LEDs, assim como a lanterna traseira.
O corpo esguio e o baixo peso a seco (208 kg na versão standard e 212 kg com ABS) deixam claro que o objetivo da Honda foi criar, na medida do possível, uma moto ágil para o fora-de-estrada. Para isso o banco oferece duas posições de ajuste: 870 e 850 mm de altura – praticamente a mesma da trail Yamaha XT 660R. Porém, com um tanque bem maior com capacidade para 18,8 litros. De acordo com dados divulgados pela Honda, o consumo médio fica em torno de 21 km/l, o que resultaria em uma autonomia de quase 400 km.
Mercado
Embora atrasada, a Honda entra para valer no mercado de bigtrails com a nova Africa Twin. Entretanto, com uma abordagem mais off-road que as concorrentes, como o modelo referência, a BMW R 1200GS. Vem com menos peso, motor de menor capacidade e menos eletrônica embarcada, o que pode agradar aos motociclistas mais aventureiros e puristas. Por outro lado, a bigtrail Honda não traz diversos itens de conforto como manoplas aquecidas, piloto automático, que já foram incorporados ao segmento e são importantes para os motociclistas que não irão enfrentar mais que uma estradinha de terra até o sítio com sua moto.
Mas acredito que o preço competitivo deva ser uma vantagem da Honda. Nos Estados Unidos, o modelo com câmbio manual, ABS e HSTC vai custar a partir de US$ 12.999, enquanto a BMW R 1200GS é vendida por US$ 16.175 em um pacote equivalente à versão Sport, montada e comercializada pela marca alemã no Brasil por R$ 60.900.
Como a intenção da Honda é nacionalizar a Africa Twin, o preço deverá ser competitivo para o segmento. Se mantida a mesma proporção do mercado norte-americano atualmente (e se a taxa de câmbio se estabilizar), podemos esperar a bigtrail da Honda chegando ao Brasil por um preço em torno de R$ 50.000.
- Confira o vídeo de Marc Marquez e Joan Barreda com a Honda CRF 1000L Africa Twin
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