Harley-Davidson Road Glide Special, nem dá vontade de parar!
Foram quase 700 km rodados de curvas, serras e também cidades.
Por Trinity Ronzella
Por Trinity Ronzella
A Harley Davidson tem um história longa e um público fiel mas, quem não tem uma HD normalmente é um crítico ferrenho da marca.
Os argumentos são inúmeros e muitos com razão, porém, nada melhor que o tempo para que as coisas mudem e os produtos evoluam.
Eu particularmente tive uma experiência com uma HD na estrada, mas foi nas estradas da Califórnia, portanto, já estava envolvido devido ao lugar e estradas, gostei bastante!
De lá para cá, mais de 20 anos se passaram e muita evolução aconteceu com a marca e também comigo, me tornei uma pessoa mais exigente, principalmente com motos.
Tive a oportunidade de testar alguns anos atrás uma 883 e confesso, por não ter o “espírito Harleyro" não tive como gostar da moto. Essa foi minha última “experiência” com uma HD, até porque algumas vezes depois disso, recusei o “job”.
Harley-Davidson Road Glide Special - Foto: Trinity Ronzella
Uma nova tentativa
Chegou a nova Big Trail Panamerica e, como gostei bastante, me deu esperanças que as coisas poderiam mudar, evoluir e melhorar na Harley, assim, fiquei curioso para uma nova tentativa!
A marca tinha disponível uma Road Glide Special que confesso, não sabia qual modelo era, mas tudo bem, trabalhamos com isso e testamos todos os tipos de moto, muitas vezes sem escolher.
Mas quando cheguei na concessionária Autostar e vi a Road Glide pensei: “Putz, não podia ser uma menorzinha?”.
Uma breve explicação sobre a moto e alguns detalhes a respeito de comandos, chave presencial no bolso e pronto, estava eu pilotando aquela grandona pelos 7 quilômetros que separam minha casa da loja.
Os comandos, distribuição de peso, sensibilidade dos freios, torque, aceleração, aquela carenagem toda, enfim, é muita coisa para se adaptar em pouco tempo. Mas foi.
Deixei a moto na garagem pois iria pegar estrada no dia seguinte.
Harley-Davidson Road Glide Special - Foto: Trinity Ronzella
Partiu Ilhabela
De casa até a Rod. dos Imigrantes são infinitos 10 km de trânsito pesado e espaço apertado mas, mesmo um pouco tenso, fluiu. A moto me surpreendeu positivamente por ser “fácil” de conduzir em meio ao trânsito pesado. Veja bem, não disse que foi gostoso. Como primeira vez, foi desafiador e esperava que fosse sofrer, o que não aconteceu.
Pesando 371 kg e com torque de 158 Nm, o motorzão Milwalkee-Eight de 1868 cm3 faz o serviço com facilidade, podem acreditar, é só uma questão de se acostumar.
As duas malas laterais tem espaço suficiente para bagagem e não ocupam tanto espaço nas ruas, talvez pela frente ser bem grande, nem me preocupei com eles. Até me diverti com o desafio.
Outro ponto que estava preocupado eram os freios, pois bem, estava. A conduta ao pilotar e a posição das pedaleiras são diferentes das bigs, obviamente levei algum tempinho para me acostumar com a sensibilidade e eficiência dos freios combinados REFLEX Brembo com ABS.
Por não ser uma moto alta, os 695 mm do assento ao chão me deixaram mais seguro e confortável para seguir sem pressa pela avenida 23 de maio, passar o aeroporto e entrar na Imigrantes, ufa! Agora o cenário iria mudar.
Me foi explicado que, se fosse colocar garupa, o ideal seria ajustar a suspensão traseira, e isso deve ser feito manualmente, mas não precisei. Natural sentir “falta" de amortecimento durante o uso urbano, pois as ruas são muito irregulares e a moto foi projetada para estrada.
Paisagem de Ilhabela - Foto: Trinity Ronzella
Rodovia dos Imigrantes
O cenário mudou completamente quando entrei na Rod. dos Imigrantes. Baixou a tensão, aumentou o espaço e comecei a relaxar. Para ajudar já tinha deixado um Pen Drive “espetado" na entrada USB com uma playlist escolhida a dedo. Tem Bluetooth e monitoramento de pressão dos pneus também, dá para emparelhar o telefone , mas não curto tanto essa tecnologia.
Na tela TFT colorida de 165 mm escolhi a entrada auxiliar e a lista de músicas estava lá, aumentei o volume e comecei a prestar atenção em tudo. Precisava me acostumar com o posicionamento das setas que por sinal, desligam automaticamente. O botão da buzina não tem como dar aquele “bi bi” curtinho, está mais para um “fóóó fóóó” mais longo que chama mais atenção mas, parece menos amigável, sei lá, deixei a buzina para ser usada em última instância.
Piloto automático, velocidade cruzeiro da via, e comecei a curtir. Música em volume “normal” que me deixava escutar o ambiente, comecei a reparar na vibração da moto. Ela parada funcionando chamou a minha atenção, mas já melhorou bastante quando lembro de minha última experiência e, na rodovia, não me chamou atenção, estava ótima! Uma delícia!
Exposição de Gilmar Pinna - Ilhabela - Foto: Trinity Ronzella
Rodovia Rio-Santos
Quando entrei na Rio-Santos a paisagem, o espaço e o trânsito mudaram. Entrei no modo “relax total”, sem pressa e curtindo muito. Curvas suaves e mais fechadas, eram feitas com suavidade e tranquilidade, mesmo a moto tendo ABS e Controle de tração otimizados para curvas. Mesmo não percebendo a atuação deles, sabia que estavam lá.
A distância das pedaleiras para o solo já são um limitador natural e, venhamos e convenhamos, a proposta da moto não é de raspar as pedaleiras e sim, curtir as curvas numa boa. Foi isso que fiz.
O motorzão com 93 HP a 5.250 rpm e “torqudo" facilitam as coisas nesse tipo de terreno, não havendo a necessidade de mudanças frequentes de marchas e até, permite usar o freio motor constantemente, é só uma questão de acertar a mão. As paisagens a cada curva convidam a achar esse ritmo e permanecer nele.
Cruzando as cidades do caminho é impossível passar sem ser notado, chega a fazer bem para o ego! A cor dessa moto que eu estava pilotando realmente estava linda, o conjunto ficou muito bonito, mesmo eu não gostando da frente desse modelo.
Não senti incomodo de calor do motor na estrada e, na cidade, esquentou, mas nada que incomodasse a ponto de reclamar.
Parque Municipal Fazenda Engenho D'Água - Foto: Trinity Ronzella
Ilhabela
Esse lugar é sempre um destino incrível e, dessa vez, a proposta era apenas passear com a moto. Devido a isso, escolhi que, depois de cruzar pela balsa, iria pegar sentido Norte da ilha e iria até onde tivesse asfalto, mesmo com uma vontade de pegar uma terrinha, me contive. Passei pelo centro, estradas de bloquetes, lombadas, valetas, trânsito, enfim, várias paradas para foto e cheguei ao final do asfalto. Bem mais longe do que achei que estaria, a Ilha está sendo invadida e calçada.
Fiz a volta e segui para o Sul, com o mesmo objetivo: passear, curtir o visual e fotografar.
Achei um lugar para dormir e, depois do dia inteiro, praticamente 9 horas pilotando e fazendo paradas para fotos, não estava me sentindo cansado ou com dor em algum lugar, foi super tranquilo e confortável. Muito bom!
Vista do estacionamento do Restaurante Pedra do Sino - Foto: Trinity Ronzella
A volta
No dia seguinte, sem pressa, conversei com amigos e ssegui para fazer o caminho de volta, no mesmo ritmo e com o mesmo objetivo. Parei no meio do caminho para conversar e comer alguma coisa e cheguei em casa já sem luz natural. O farol dianteiro em LED é bastante amplo e ilumina super bem, facilita bastante e dá segurança.
Foi necessário fazer um abastecimento na volta desse roteiro, com 312 km rodados. Dos 22,7 litros que cabem no tanque, gastei 17,7 litros de gasolina, o que deu uma média muito satisfatória de 17,6 km/l para uma moto desse porte, afinal são 1868 cm3.
Pier da Praia Grande de Ilhabela - Foto: Trinity Ronzella
Minha opinião
O principal é que mudei minha idéia a respeito da Harley e suas motos, gostei bastante do passeio e a moto colaborou bastante para isso com seu conforto e facilidade para pilotar. É uma moto para curtir a estrada sem pressa, encher os bagageiros de tralhas e sair para rodar.
Já penso em breve experimentar outros modelos!
Ilha das Cabras - Foto: Trinity Ronzella
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