Harley-Davidson entra na onda do revival

Fabricante americana lança duas novas motos com inspiração no passado para atrair novos adeptos e fãs da marca

Por Aladim Lopes Gonçalves

Carlos Bazela

Como criar um modelo novo sem desagradar aos fãs mais tradicionais e, ao mesmo tempo, não ficar no “mais do mesmo”? A aposta da Harley-Davidson para resolver esse dilema foi simplesmente voltar ao passado. Apresentadas na mesma semana, as novas XL1200V Seventy-Two e Softail Slim são homenagens às choppers da década de 1970 e às Bobbers dos anos 1950, respectivamente.

A mais nova integrante da família Sportster, XL 1200V, ganhou um visual marcante. O guidão mais alto, o corpo esguio e a pintura cristalizada se juntam aos cromados do motor e escapamento para fazer uma homenagem aos tempos onde as atenções se dividiam entre o Corvette Stingray e as estilosas choppers. O ano era 1972 motivo pela qual a Harley-Davidson escolheu esse número para batizá-la.

A Seventy-Two (setenta e dois) também apresenta outros elementos diferentes da sua família, como as rodas dianteiras raiadas de 21” no lugar das menores com liga leve que equipam as demais Sportsters. O estilo chopper também está presente no assento único e nos pedais, que estão posicionados mais para a frente e oferecem uma pilotagem mais confortável em conjunto com o guidão.

Se a primeira remete a um tempo no qual as motos literalmente brilhavam ao sol, a Slim prima pela discrição. Disponível em tons de vermelho e também em preto fosco, a nova Softail tem poucos itens cromados no motor. Ao contrário da sua “prima”, a proposta da Slim é a simplicidade. Uma moto básica, como eram as bobbers da década de 50.

Mecânica tradicional
Quando falamos de uma Harley-Davidson, uma coisa é certa: por mais inovações que a moto tenha, sua mecânica será a mais tradicional possível. Com os novos modelos não foi diferente. A Sportster Seventy-Two conta com o mesmo motor Evolution refrigerado a ar com dois cilindros em “V” da XL 1200C Custom. O propulsor de 1200cc tem torque máximo de 10 kgf.m a 3.500 que são levados até a roda traseira com o auxílio de uma transmissão final por correia dentada.

Os freios do modelo são dotados de disco nas duas rodas – com diâmetro de 292 mm e pinça de pistão duplo, na dianteira, e disco de 260 mm e pistão único, na traseira. Na frente, a suspensão tem garfo convencional com curso de 145 mm, enquanto atrás, a balança retangular conta com sistema bichoque com ajuste na pré-carga da mola e curso de 54 mm. Todo o conjunto está montado por um chassi tubular de aço e pesa pouco mais de 240 kg.

A Softail Slim, por sua vez, está equipada com o clássico propulsor Twin Cam 103B, um bicilindrico em “V” refrigerado ar de 1690 cm³. O propulsor tem torque máximo de 13,6 kgf.m a 3000 rpm – lembrando que a Harley-Davidson tem como política não divulgar a potência máxima de suas motos. A transmissão final por correia dentada (belt drive) também está lá e o câmbio conta com o auxílio da sexta marcha para diminuir a vibração e economizar combustível na estrada.

Na nova Softail, a Harley-Davidson optou por utilizar discos de freio com os mesmos 292 mm de diâmetro nas duas rodas. Diferenciados apenas pelas pinças de freio, sendo quatro pistões no dianteiro e dois pistões no traseiro. Diferentemente da Seventy-Two, a tecnologia ABS está disponível para a Slim a fim de otimizar a frenagem. O conjunto de suspensão segue os mesmos padrões da família, com a mola montada de maneira horizontal oculta na rabeta e curso de 109 mm, enquanto o garfo dianteiro tem curso de 130 mm. A softail Slim pesa pouco mais de 300 kg.

Novos motociclistas
Embora ambas as motos sejam alusivas ao passado, o objetivo da Harley-Davidson com os dois lançamentos é justamente atrair novos motociclistas. No caso da Slim, ela se apresenta como uma alternativa para a Blackline, sendo um outro modelo de entrada da família Softail, uma vez que ambas partem dos mesmos US$ 15,5 mil.

Já a Seventy-Two, embora não seja um modelo de entrada para a família Sportster, tem como função atrair um outro tipo de público: as mulheres. Disponível também em um tom de cereja cristalizado – ou Hard Candy Big Red Flake, como preferem os norte-americanos – e com uma posição de pilotagem mais confortável do que os outros modelos de preço semelhante, a moto tem agradado muito às motociclistas.

É o que confirma Fred Harrell, diretor da HD Las Vegas, maior loja da marca no mundo, situada no ponto mais “quente” do deserto de Nevada. “As mulheres estão, gradativamente, aumentando sua participação de mercado. E a XL 1200 V Seventy-Two foi feita principalmente para a mulher moderna, que gosta de sofisticação e de seguir seus próprios caminhos”, conta.

Para 2012, a Harley-Davidson confirmou a vinda de oito novos modelos no último Salão Duas Rodas realizado em outubro de 2011. Portanto, dependendo do sucesso das novas motos nos EUA e considerando o interesse da marca no Brasil como mercado consumidor, a chance delas rodarem por aqui é grande.

Fotos: Divulgação


Fonte:
Agência Infomoto

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