Harley-Davidson Electra Glide faz 50 anos de estrada
Modelo da marca americana para o turismo foi o primeiro de série a contar com partida elétrica injeção eletrônica
Por Aladim Lopes Gonçalves
Por Aladim Lopes Gonçalves
Aldo Tizzani
Estados Unidos, 1965. Nascia em Milwaukee, estado de Wisconsin, um modelo que se tornaria um icône da linha Harley-Davidson: a Electra Glide. A moto, que acaba de completar 50 anos, praticamente inaugurou o segmento “Grand Touring”. A moto já apresentava ar imponente e malas laterais rígidas. E meio século depois, continua servindo de inspiração para a fabricação de motocicletas desta categoria. Por isso, o estilo é cultuado em várias partes do globo, inclusive no Brasil.
A família Touring da Harley teve sua grande ascensão nos anos de 1960. A marca introduziu a partida elétrica na FLH e criou a FLHB Electra Glide, em 1965. A inovação foi fundamental, pois se tornava cada vez mais difícil ligar os motores de dois cilindros em “V” de grande capacidade no pedal de partida. Como eram necessários uma bateria maior e um sistema elétrico de 12V para executar o acionamento do motor, o tanque de óleo teve de ser redesenhado. Inicialmente, a H-D manteve o pedal de partida, já que os saudosistas tinham dificuldades para se adaptarem aos “novos tempos”.
Ainda em 1965, o visual da Electra Glide ganhou destaque com a adoção de elegantes paralamas, banco solo mais ergonômico e alforjes feitos em fibra de vidro, que no início era equipamentos opcionais, depois disponível no pacote chamado “King of the Highway”, traduzindo, rei das autoestradas. O modelo tinha escapamentos duplos, além de uma combinação de engate de marcha na mão e embreagem com acionamento com o pé.
Novo motor
Em 1966, a Electra Glide ganhou o famoso motor Shovelhead, de 1.200cc, que oferecia 10% a mais de potência. Três anos mais tarde, a fábrica pensou em incrementar a vocação estradeira do modelo. Criou uma carenagem em formato de “asa de morcego”, conhecida como “BatWing”, que era montada nos garfos e vendida como opcional. O acessório fez tanto sucesso ao melhorar a proteção aerodinâmica que, algum tempo depois, virou item de série e, hoje, é sinônimo da família Touring da H-D.
Com o passar dos anos o modelo evoluiu. A moto ganhou freios a disco na dianteira e a tambor com acionamento hidráulico na traseira ao longos dos anos de 1970. Mais tarde viriam a transmissão final por correia dentada e um painel com sistema de som montado na própria carenagem.
Ganhando cada vez mais tecnologia e conforto, em 1986, surgiu a Electra Glide Classic. O modelo já se parece com as atuais motos Touring vendidas pela H-D. No final da década de 1980, chegou uma versão mais ágil e compacta: a FLHS Electra Glide Sport. O modelo não trazia top case, mas tinha um parabrisa removível.
Injeção eletrônica
Em 1995, no 30º aniversário da Ultra Classic Electra Glide, a moto foi a primeira da linha H-D a adotar injeção eletrônica de combustível. Já em 2009, a Electra Glide e todos os outros modelos Touring da Harley receberam um quadro totalmente novo, com centro de gravidade mais baixo e maior distância entre-eixos. Isso melhorou consideravelmente a dirigibilidade da moto.
No Brasil, a partir de 2012, a versão Ultra Limited, a mais completa da família Touring, substituiu a Electra Glide Ultra Classic. No ano seguinte todas as versões da família turismo da H-D receberam as inovações – mecânicas e tecnológicas – do Projeto Rushmore. Assim, a “Grand American Touring” se tornou um dos modelos mais vendidos pela HD no País.
Projeto Rushmore
Reformulada em 2013 pelo Projeto Rushmore, a “Grand American Touring” ganhou mudanças que vão do visual à ciclística, passando pela ergonomia dos assentos, central multimídia e, principalmente, um novo motor. O Twin Cam 103 High Output Twin Cooled, de 1.690 cm³, foi o primeiro na história da marca a receber um sistema de refrigeração líquida. Mas vale ressaltar que o arrefecimento “esfria” apenas as válvulas de escape – segundo a Harley isso foi feito para não abafar o tradicional som dos dois cilindros em “V”. Claro que também houve ganho de desempenho: o torque aumentou para 14,3 kgf.m a 3.750 rpm.
O conforto do piloto e passageiro também foi aprimorado, com assentos maiores e encosto mais alto para a garupa. A tradicional carenagem estilo “BatWing” foi reestilizada em túnel de vento: ganhou um duto de equalização para reduzir a turbulência.
Na parte ciclística, a linha Touring passou a contar com sistema de freios Reflex com ABS, que evita o travamento das rodas e distribui a força de frenagem.
Nos quesitos entretenimento e informação, os modelos finalmente se renderam à modernidade. Desde 2014, ganharam tela touchscreen e sistema de navegação por satélite, além de software de reconhecimento de voz, que permite controlar o som e o GPS usando a fala.
Hoje, no Brasil são comercializadas três motocicletas da família Touring: Road King Classic, Street Glide Special e Ultra Limited. A Ultra Limited custa a partir de R$ 87.200.
Mesmo com todos os refinamentos e atualizações, a Electra Glide manteve a essência do turismo, aliado ao espírito de liberdade, características cultuadas pelos harleyros do mundo todo nesses 50 anos de história.
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