Arthur Caldeira
Diferentemente de outras motos de competição, a Yamaha YZ 250 de Cyro de Oliveira não foi preparada para “andar” mais, mas sim para voar mais alto, literalmente.
Piloto de motocross freestyle há sete anos, Cyro foi um dos cinco pilotos brasileiros que competiram na categoria Moto-X Best Trick no X Games Brasil, realizado entre 25 e 27 de abril, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo.
“Na moto, tudo é feito para facilitar as manobras”, explicou o piloto paulista de 27 anos. Para começar retira-se a espuma do banco e faz-se uma abertura na tampa lateral da moto para melhorar o “grab”, ou seja, a pegada em manobras como superman seat-grab, na qual o piloto salta, estica as pernas como o super-herói e se segura no banco da moto em pleno ar.
Outra modificação é o guidão. Segundo Cyro, troca-se o original por outro mais alto e estreito. “Assim dá pra passar as pernas por cima do guidão em algumas manobras”, justificou.
Na parte mecânica da moto de Cyro não é feita nenhuma preparação especial, uma vez que o desempenho não é fundamental no motocross freestyle. Assim como outros pilotos, Cyro opta pelo motor dois tempos. “Ele é mais arisco, entrega potência mais bruscamente. Ideal para dar impulso e saltar”, disse o piloto. Os freios também são originais. Mas uma atenção especial é dedicada às suspensões.
Elas precisam ser bastante rígidas para absorverem o impacto após os saltos. Tanto o monoamortecedor traseiro como as duas bengalas dianteiras são muito mais duras que as convencionais.
A preparação é feita pela oficina do também piloto Jorge Negretti, lenda do motocross nacional que há alguns anos vem se dedicando ao motocross freestyle. Cyro de Oliveira, inclusive, é um dos integrantes da equipe “Negretti Motocross Show”.
Pela primeira vez
A experiência de Cyro na modalidade — já foi campeão latino-americano de motocross freestyle em 2005 — lhe rendeu o cargo de consultor para a construção da pista de Moto-X no X Games Brasil, além da participação na prova de Best Trick, a melhor manobra.
Antes da prova, marcada para o sábado (26) à noite, Cyro reclamava de torcicolo. Um tombo? “Não, tensão mesmo. Pela primeira vez vou executar o back flip em público”, revelou.
A manobra, comum entre os pilotos estrangeiros, é realizada por poucos brasileiros, exatamente dois: Gilmar Flores, o Joaninha, e agora por Cyro de Oliveira, que a executou com perfeição durante a competição.
“Sei que não é suficiente para vencer a disputa. Mas para mim é uma realização pessoal. Não preciso nem vencer, só ‘ganhar’ a galera já é recompensador”, declarou eufórico o piloto.
Fotos: Renato Durães.
Agência Infomoto
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