Entrevista: KTM cresce no mundo e está de volta ao Brasil

Hubert Trunkenpolz diz que a empresa está de olho nos mercados da Ásia e da América do Sul para crescer mais

Por Aladim Lopes Gonçalves

Os clientes e fãs da marca laranja KTM certamente sabem que o nome Trunkenpolz tem uma estreita ligação com a fabricante austríaca, além do que simplesmente a letra “T” entre o “K” e o “M”. Se o tio de Hubert Trunkenpolz foi uma dos responsáveis pela criação da empresa em Mattighofen, na Áustria, então agora com 54 anos de idade ele tem nas mãos a chave para a expansão da KTM em todo o mundo. A atitude mais recente nesse sentido é a volta da KTM ao mercado brasileiro por intermédio de uma parceria industrial e comercial com a Dafra Motos, com comando de gestão da própria KTM e que começa a oferecer as primeiras motos no final de 2014 e início de 2015.

Como a influência da KTM vem se espalhando nos esportes e no mercado global de motos em ritmo acelerado, acompanhando a renovação do seu catálogo de produtos nos últimos tempos, essa é uma boa oportunidade para saber mais da sua conexão com a KTM, assim como conhecer histórias pitorescas durante suas andanças por diferentes países nos últimos 15 anos. Hubert Trunkenpolz está no Conselho de Administração da marca austríaca desde 2004, mas figura na lista de funcionários da KTM desde 1998, além de ser um associado de Stefan Pierer desde 1992. (blog.ktm.com)

PERGUNTA: Há uma ligação muito especial da KTM com você. Conte um pouco mais sobre isso? 

HUBERT TRUNKENPOLZ: "Então, na verdade foi meu tio (Hans Trunkenpolz) que fundou a empresa. Quando jovem eu era piloto de moto, e claro, as motos que eu acelerava eram KTM. Sempre tive vontade de fazer parte da empresa e em 1998 apareceu essa chance, após um telefonema de Stefan Pierer." 

PERGUNTA: Qual foi sua reação com essa ligação? 

HUBERT TRUNKENPOLZ: "No decorrer da conversa, Stefan (Pierer) perguntou se eu poderia dar suporte à equipe de vendas com a minha experiência. Eu fiquei extremamente grato pela oportunidade. Minha primeira função foi a de cuidar dos novos distribuidores que tínhamos estabelecido na Europa Oriental e na Ásia e, posteriormente, na América do Sul. Eu estava envolvido - desde o início – no processo de expansão da KTM. Depois disso eu fui promovido para cuidar do quadro global de distribuição e, em seguida, em 2001-2002, fui nomeado como Diretor Executivo da KTM Reino Unido. Passei bastante tempo na Inglaterra, em Brackley, muito próximo da BAR Racing (que é agora a equipe Mercedes) e da pista de Silverstone. Eu também era encarregado das relações com algumas subsidiárias e a mais difícil delas era a KTM Japão. Eu fiquei por lá como CEO (diretor executivo) por um bom tempo. E não devo ter ido tão mal assim nessas funções, porque eu consegui ser promovido para o Conselho de Administração em 2004 no comando da área de vendas e marketing." 

PERGUNTA: Voltando no tempo, era difícil ver a KTM passar por anos difíceis antes da chegada de Stefan Pierer? 

HUBERT TRUNKENPOLZ: "Sim, ainda mais diante de uma tragédia familiar. Passei um bom de tempo da minha juventude - certamente todas as férias de verão - em Mattighofen com os meus primos e nós ficávamos andando de moto de manhã até a noite. Era tudo muito divertido. Nós éramos jovens e estudantes, mas mesmo assim pudemos ver que o meu tio estava procurando diversificar o negócio, e meu pai também estava envolvido. A indústria de motos estava sofrendo muito naquele momento e meu tio estava à procura de novos rumos para dar aos negócios. A ideia inicial era produzir radiadores para motores no setor automotivo. O projeto era bom, mas ainda precisava acertar alguns detalhes e o mercado era muito impaciente. A empresa não estava em boa forma, mas também não ia assim tão mal. Então, em 24 de dezembro de 1989 meu tio faleceu de ataque cardíaco. 

A partir daí a empresa ficou nas mãos de bancos e de um dos gerentes, o Sr. Taus do GIT Trust Holding, que assumiu o controle e durante seus três anos no comando ele simplesmente reduziu o volume de negócios pela metade e ainda conseguiu dobrar a dívida da empresa. O negócio foi à falência. A primeira vez que encontrei Stefan Pierer foi em 1992. Ele era um cara jovem, mas muito ambicioso. Ele não era o único com os recursos (para assumir), mas ele tinha as melhores ideias. Eu e toda a família ficamos muito felizes, pois ele pretendia reunir os distribuidores e outros parceiros para recomeçar o negócio a partir do zero. No primeiro ano, apenas 6.000 motos foram construídas em Mattighofen. Naquela época, eu trabalhava para outra empresa da família, que também passou a fazer parte do Grupo Pierer em 1992." 

PERGUNTA: Depois desses episódios, no período em que você esteve trabalhando internacionalmente para a empresa qual foi o seu lugar favorito? 

HUBERT TRUNKENPOLZ: "No Reino Unido, teve um momento que tivemos que fazer uma revisão do programa de gerenciamento porque a solução adotado por lá não pareceu ter sido a melhor escolha. Tivemos alguns problemas de qualidade. Lembro bem da primeira reunião com os revendedores locais. Alguns representantes pareciam bem irritados; um deles ainda jogou algumas peças de motor na minha mesa! Foi uma experiência e tanto... Mas tivemos alguns grandes representantes e recuperamos a confiança de novo e provamos que os nossos produtos estavam evoluindo. Tivemos representantes muito leais no Reino Unido e pessoas que realmente confiavam na marca - apesar de um início conturbado - foi um período muito bom na minha vida. Eu realmente gosto de ir para a Inglaterra, e ver as pessoas com suas motos e assistir corridas." 

PERGUNTA: E agora, que papel você está fazendo na KTM? 

HUBERT TRUNKENPOLZ: "Estou trabalhando na sede, em Mattighofen, como membro do conselho de administração e fazendo a supervisão das vendas globais da KTM. Eu sou um cara abençoado cercado por um grupo de pessoas que trabalham comigo. Nosso principal projeto no momento é manter o processo de globalização da KTM. Temos um grande espaço para crescer na Ásia e na América Latina. Isso é possível graças à nossa parceria e aos produtos desenvolvidos juntamente com a Bajaj (fabricante indiana); essa era a ligação que faltava para esses atingirmos novos mercados. Também criamos oportunidades para nós não só na Europa mas também nos Estados Unidos, que ainda é o maior mercado único da KTM e parece que permanecerá assim por mais um tempo. Porém, o ritmo de crescimento real está vindo da Ásia e da América Latina. 

A razão para isso? Anos atrás, um típico concessionário KTM nessas regiões era um grande entusiasta de motos. Ele pretendia comprar uma KTM para ele ou para os amigos ou então tornar-se representante da marca, mas ainda assim não parecia um tipo de negócio adequado. Isso porque nós simplesmente não tinhamos na linha de produtos algo que poderia ser vendido no volume necessário para esses lugares. Agora, com as motos 125cc, 200cc e as de 390cc fazendo parte da nossa cooperação com a Bajaj passamos a ter uma linha adequada para atender os requisitos e as necessidades desses mercados. 

Temos negócios em desenvolvimento para distribuidores e revendedores na Ásia e na América do Sul. Eles podem vender uma quantidade de motos KTM em um mercado onde podem se desenvolver e isso nos dá mais qualidade e segurança nessas regiões. Isso representa um crescimento nos negócios em função de mais vendas, melhores parceiros de negócios etc. e isso tudo gera mais interesse para a marca que se torna mais conhecida e respeitada. Francamente as vendas que estamos fazendo agora nessas duas áreas estão em sua fase inicial. A nossa expectativa é de crescimento em todas essas regiões e eu acho que podemos crescer ainda mais, sem esquecer o nosso potencial nos Estados Unidos e na Europa." 

PERGUNTA: Atualmente, o que você tem na sua garagem? 

HUBERT TRUNKENPOLZ: "Para ser sincero, eu tenho três produtos KTM. Uma 1290 SuperDuke R, que é absolutamente a minha moto favorita: eu adoro ela. A segundo é uma Freeride E, nossa bicicleta elétrica que é ideal para um cara velho como eu, e que pode me levar para fazer um Off Road em lugares que eu já pensava que não seria mais capaz de andar. O terceiro veículo é um KTM X-Bow, mas esse é um grande brinquedo, porque eu continuo a participar de algumas corridas. O roadster não está na garagem, ele fica em Graz, onde está sempre preparado para a próxima corrida."

>> Clique aqui e confira o cronograma de lançamentos da KTM da no Brasil


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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