Confira os mitos e verdades sobre óleos lubrificantes

Especialista em óleos desmistifica este universo e dá dicas para uma melhor utilização destes produtos

Por Paulo Souza

Não basta lavar, encerar e completar o tanque de combustível para manter o veículo em dia. A conservação dos itens básicos, como o óleo lubrificante, é essencial para garantir o bom funcionamento de todos os componentes do carro ou motocicleta. Nesse sentido, vale lembrar que a troca de óleo regular é um dos procedimentos mais importantes para assegurar o desempenho do veículo, uma vez que a lubrificação adequada atenua o atrito entre as peças dentro do motor, garantindo assim a sua potência.

Entretanto, poucas pessoas dão a devida atenção ao óleo lubrificante e, sobretudo, à marca utilizada, periodicidade de troca e utilização de produtos menos agressivos ao meio ambiente. Confira agora com a Consultora Técnica da Total Lubrificantes do Brasil, Fabiana Rodrigues, alguns mitos e verdades sobre este, que é um dos elementos mais importantes para o pleno funcionamento de um veículo.

Quando utilizamos um óleo de qualidade, ele nunca fica velho e pode ser utilizado por muitos anos. (Mito)

Todos os lubrificantes possuem um período de troca pré-determinado pela montadora do veículo e informado no manual do proprietário. Este período de troca pode ser determinado em função da quilometragem ou prazo do produto no motor do veículo.

Quando a troca é determinada pela quilometragem, normalmente, está relacionada com o tipo de condução do motorista, ou seja, se sua forma de condução é “severa/leve” ou “cidade/estrada”. E no caso de troca por período, quando o veículo não atingiu a quilometragem estipulada pela montadora, porém atingiu o período determinado, também é necessário realizar a troca do óleo. Por exemplo, algumas montadoras estipulam 6 meses para período de troca do óleo, caso o veículo não tenha atingido a quilometragem necessária.

Esta substituição é necessária, pois o lubrificante oxida-se em contato com oxigênio e na presença de calor (condições normais dos motores), além de se contaminar, o que faz com que o lubrificante perca suas propriedades.

O óleo recomendado pelo fabricante do veículo é sempre a melhor opção na hora da troca. (Verdade)

Sempre deve ser seguida a recomendação do fabricante do veículo, com relação à viscosidade e API/ACEA do produto. A viscosidade do lubrificante pode ser identificada na embalagem do produto e normalmente aparecem da seguinte forma 40, 50, 5W30, 10W40, 20W50, etc.
Estes números correspondem à viscosidade de produtos automotivos, conforme regulamentado pela SAE – Sociedade de Engenharia Automotiva. Para motores automotivos os óleos multiviscosos são os mais comuns. Identificamos lubrificantes multiviscosos pela letra W entre duas numerações. As numerações referem-se ao comportamento do lubrificante, de acordo com o funcionamento do motor.

A primeira numeração refere-se ao comportamento do óleo ou faixa de viscosidade do lubrificante no momento da partida a frio do veículo. Sabe-se que 75% do desgaste do motor ocorre no momento da partida, em função dos poucos segundos que o motor trabalha a seco, sendo assim, neste momento é essencial que o lubrificante flua o mais rápido possível, para lubrificar o motor. Esta é a importância de se utilizar produtos com viscosidade menor no momento da partida. A letra “W” significa “winter”, que é inverno em inglês, e está relacionado à viscosidade do lubrificante na partida a frio. Já a numeração após a letra “W”, informa como o lubrificante comporta-se com o motor quente. O óleo tem tendência a perder viscosidade com o calor, o que faz com que seja extremamente importante seguir a viscosidade recomendada pela montadora. Quanto maior a numeração, mais viscoso é o óleo, e consequentemente, maior será a resistência à temperatura.

Outra informação importante no momento da escolha do óleo é o API/ACEA do lubrificante. Estas especificações referem-se ao desempenho do produto que está relacionado com o pacote de aditivos do lubrificante.

Nos dois casos, ocorre uma regulamentação mínima do pacote de aditivos para atender aos veículos, sejam de linha leve ou pesada. O modo do cliente identificar o pacote de aditivos/desempenho do produto, seguindo a norma API, é através da junção de duas letras, sendo a primeira a letra “S” que vem de “spark”, cuja tradução é centelha, o tipo de combustão do motor de linha leve. A letra seguinte informa o nível de desempenho, seguindo o alfabeto. Por exemplo, no Brasil, os mais comuns são os produtos API SF, SL, SM e o de maior desempenho SN. Para a linha pesada, a API regulamenta o desempenho através da letra “C” que vem do inglês “compression” (compressão), ou seja, o sistema de combustão de veículos a diesel. A próxima letra informa o pacote de aditivos, sendo o API CF o mais baixo atualmente e o CJ-4 o de maior desempenho. A ACEA é similar a API, pois também regulamenta pacote de aditivos, onde sua base de regulamentação são ensaios em motores europeus, como Renault, Peugeot, dentre outros. Para linha leve, a ACEA utiliza a letra “A” e o número seguinte é a referência ao nível de desempenho, por exemplo, ACEA A3. Para a linha pesada utiliza-se a letra “E”, para diesel leve a letra “B”, e a letra “C” para motores Euro V.

Todos os óleos lubrificantes são iguais e podem ser utilizados em qualquer tipo de motor. (Mito)

Os lubrificantes não são todos iguais. Conforme já explicado, existem diferenças de viscosidade e pacote de aditivos, que estão relacionados a performance do produto. Para cada tipo de veículo existe uma especificação de produto a ser utilizado. O consumidor deve sempre verificar a recomendação da montadora no manual do proprietário.

Não posso misturar óleo sintético ou semissintético ao mineral. (Mito)

Em casos de emergência, podem-se misturar as bases, ou seja, a mistura pode ser realizada entre um óleo sintético/semissintético com o óleo mineral, porém esta pratica é recomendada apenas em casos de força maior. Os lubrificantes sintéticos ou semissintéticos possuem óleos básicos com características superiores aos óleos minerais. A mistura entre eles gera um desbalanceamento da formulação e, em alguns casos, perda de viscosidade e aditivação, fatores que podem comprometer o desempenho do óleo e deficiência de lubrificação no motor.

Não existe diferença entre os óleos lubrificantes para carro e moto. (Mito)

Todos os lubrificantes são compostos por óleo básicos e aditivos. Os lubrificantes para carros e motos são semelhantes, mas não possuem a mesma aditivação, apesar de serem regulamentados pela mesma norma API.
Os lubrificantes para motos possuem uma aditivação diferenciada dos carros, em função da embreagem ser lubrificada pelo óleo de motor. Sendo assim, a utilização de óleos de carros em motos, por exemplo, pode ocasionar problemas na embreagem da mesma.

Aditivos melhoram o desempenho do motor. (Verdade)

Os aditivos que fazem parte da formulação do produto melhoram o desempenho do mesmo e estão de acordo com as regulamentações API/ACEA.

Os aditivos “avulsos”, que são comercializados no mercado, não são recomendados pelos fabricantes de lubrificantes, pois todos os lubrificantes de boa qualidade são formulados com a quantidade de aditivos necessária para que o produto desempenhe perfeitamente sua função. O uso de aditivos avulsos pode desbalancear a formulação do óleo, ocasionando borra ou, em casos extremos, lubrificação ineficiente do motor.

O motor deve estar frio na hora de verificar o nível e quente na hora da troca de óleo. (Verdade)

Para medir o nível do óleo é importante aguardar, aproximadamente, 10 minutos após parar o veículo para que o óleo retorne ao Carter, fazendo com que a leitura seja precisa com relação ao volume. Para trocar o óleo é importante que o motor esteja quente, pois desta forma, o óleo flui com mais facilidade, fazendo com que o lubrificante carregue com ele a sujeira do motor e para que a troca seja realizada rapidamente. Lembrando apenas que o nível correto do óleo é entre o máximo e o mínimo da vareta, ou seja, não se deve manter o nível próximo a nenhuma das extremidades da vareta.

Óleo bom é aquele que não baixa o nível e não precisa de reposição e nem fica preto. (Mito)

Durante o uso do veículo é normal que baixe o nível do lubrificante, pois no momento da lubrificação do pistão, um pequeno volume de óleo é “queimado”, juntamente com o combustível. Sendo assim, uma pequena redução do nível do óleo é esperada em qualquer veículo, porém o proprietário deve ficar atento, pois se o consumo do óleo estiver alto, pode significar alguma falha mecânica no motor e o ideal é procurar um mecânico. Com relação à reposição, entre o período de troca do lubrificante o proprietário deve realizar ao menos um “top-up”, que é a reposição do lubrificante consumido.

É importante ressaltar que se o lubrificante ficar preto com o uso é sinal que está cumprindo corretamente sua função, que é a de remover as impurezas do motor e deixá-las “flutuando” no lubrificante até o momento da troca. De modo geral, podemos dizer que a coloração preta do lubrificante informa que o produto está “sujo”. É extremamente importante que a sujeira esteja no óleo e não no motor, para que não venha causar problemas. O óleo deve reter as impurezas até o momento da troca, onde a sujeira flui com o óleo para fora do motor, deixando-o limpo e trabalhando de modo eficaz.

As indústrias fabricantes de óleos lubrificantes devem obedecer a regulamentações, que visam garantir a qualidade e, sobretudo, a pouca agressividade dos produtos ao meio ambiente. (Verdade)

Toda empresa fabricante de lubrificante deve seguir as regulamentações na ANP (Agência Nacional de Petróleo) que regulamenta a produção, qualidade, níveis de desempenho, os óleos básicos e demais legislações referentes ao segmento.
A Total Lubrificantes, por ser uma das cinco maiores empresas petrolíferas do mundo, conduz seus negócios de modo seguro, visando atender a legislação, além de possuir uma real preocupação com relação à qualidade e meio ambiente.

Foto: Divulgação


Fonte:
Equipe MOTO.com.br

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