Acontece
Acontece
Não pude participar do lançamento da Multistrada V4 S mas, essa semana ela chegou até mim, para um teste relativamente rápido. Com apenas 4 dias, sendo dois no final de semana, consegui colocar essa italiana em alguns ambientes que enfrentaríamos com uma moto desse gabarito! Ela é a quarta geração da família Multistrada que inicialmente tinha um DNA mais on road esportivo e, com o passar do tempo, foi se adaptando e entrou no mercado das Big Trails com a versão Enduro (um show) e agora, surge a Multistrada V4 S!
"Dominar as estradas nunca foi tão fácil” está no site da marca, dizendo que ela está mais tudo: esportiva, touring, urbana, leve, compacta e mais forte no off road. Será?
O motor da Ducati, desde sempre teve um som característico, lembro de uma Cagiva 900 que tive e recebia um motor Ducati… quando ligava, a impressão era que estava tudo solto lá dentro mas, não tinha nada solto, ele era daquele jeitinho, e funcionava muito bem, desde que bem cuidado obviamente. Esse som do motor é uma característica da marca, não é um defeito.
Pois bem, o novo motor V4 90˚ Granturismo de 1.158 cc, entrega 170 cv à 10.500rpm, torque de 125 Nm a 8.750 rpm e tem o som característico que mostra bem o DNA da marca e da moto, não nega a origem e está sempre te chamando para uma aceleradinha…pesando apenas 218 kg (peso seco).
Primeiramente obtive uma breve aula dos comandos e funções da motocicleta, que são muitos e, obviamente, impossível de entender e usar todos em tão pouco tempo, mas, a aula que tive me deixou muito impressionado. É muita configuração de tudo. Não é difícil, é até bem intuitivo mas é muita coisa para pouco tempo.
Baixei o app da Ducati, e na concessionária me ajudaram a configurar tudo e deixar funcionando, lindo, ótimo, o mapa aparece no painel de TFT de 6,5 polegadas, dá para escutar música e mais um monte de coisas, porém, como já informei em outros textos, eu não curto essa tecnologia toda, coloquei meu celular no espaço especialmente criado para isso, com cabo USB para carregar, fechei a tampa e tchau! Já entendi que tem muitas funcionalidades mas, com uma moto dessa, a experiência maior é pilotar.
Saí de Sampa no modo URBAN, pré carga para duas pessoas, pois estava com a Tati Paze na garupa. Ela me ajudou no teste e elogiou muito, disse que o lugar da garupa é muito confortável e espaçoso. Além de contar com dois níveis de aquecimento individualizado no banco (que não usou obviamente devido ao calor), ressaltou que as alças laterais ajudam a dar segurança para a garupa. O banco macio e a suspensão ajudam bastante também, proporcionando maior conforto.
Em menos de 50 km rodados a luz da reserva já acendeu, funciona! Encostei no posto e foram quase os 22 litros que ela aceita, e um rim meu já ficou por ali, isso porque nem comecei o teste!
Para o uso urbano, é possível ajustar a pré-carga para o mínimo diretamente no guidão, o que reduz a altura e facilita o apoio dos pés no chão. Boa sacada e prático, fora isso, ainda tem o assento baixo e um kit de suspensão baixo.
Os cilindros traseiros, quando o motor entra em marcha lenta em uma parada, por exemplo, são desligados para irradiar menos calor do motor para o piloto. Muito útil no uso urbano!
O calor do motor não incomodou, o trabalho de engenharia foi eficiente nesse ponto.
Rodas raiadas 19 na frente e 17 atrás seguem a receita da maioria dos modelos.
Marginal sentido Rod. Castelo Branco. A tecnologia começa a trabalhar com a detecção de ponto cego. Trata-se de sensores que captam quando um veículo surge atrás, em determinado ângulo que seria difícil de ver usando os retrovisores. Uma vez detectado, uma luz amarela se acende em cima do retrovisor do lado em que esse veículo se encontra, um alerta para ficar esperto. Poder ser alguém te ultrapassando ou até, uma simples mudança de pista sem prestar atenção, onde havia outro veículo que não foi notado. Pronto! A luz amarela acende e a atenção é retomada! Muito bom!
Quanto ao motor na estrada, "nossasinhora"! Que delícia! Modo TRAVEL selecionado, parabrisa levantado muito facilmente e partiu Castelo Branco! As luzes do ponto cego continuam me alertando mas, a surpresa foi quando liguei o piloto automático (funciona a partir dos 30km/h até os 160km/h), registrei a velocidade da via e esperei para ver o que acontecia, sem acionar freios ou acelerador. Fui me aproximando de um carro mais lento à frente e, como se num passe de mágica, ao ficar aproximadamente uns 10 metros (não sei ao certo mas, dá para configurar essa distância), a moto desacelera sozinha e chega até frear para manter uma distância segura do veículo a frente. E assim vai! Um leve toque no guidão para mudar de faixa, sem acionar freios e acelerador, ficando com a frente livre, a moto retoma a velocidade previamente ajustada! Uau! Que incrível! Nem parece que isso já existe há um tempinho em carros. Mas não importa, é muito interessante! Detalhe, o Radar, como é chamado esse sistema, só funciona quando a moto está em piloto automático e tem sensores na frente e atrás também. Os traseiros detectam quando um veículo se aproxima rapidamente, avisando com luz no painel e nos retrovisores. Show!
Desliguei o piloto automático e fui sentir o V4, que se mostrou suave nas baixas velocidades, fácil de controlar e confortável. Com o aumento de giro ele vai encorpando, mostrando que tem força para, ao girar o acelerador com vontade a porteira se abre e a cavalaria sai com força! A ponto de se preocupar se a garupa está atenta. É empolgante! E pensar que o V4 é mais leve e mais compacto que a geração anterior V2. Incrível!
Cheguei a região de curvas, pista simples, subidas e descidas, mudei para SPORT e os 170 cv a 10.500 rpm mostram as caras! O comportamento muda! Ela já não está tão suave, até porque, a tocada eleva os giros, não está mais no passeio, está no modo divertido! Aí entra todo o conjunto para trabalhar, desde os ajustes da suspensão semi ativa Ducati Skyhook que podem ser acertados em até 400 combinações, o Quick Shift para facilitar as trocas de marcha sem uso da embreagem, a ciclística, o guidão largo e o conjunto mais compacto, favorecem o uso nesse ambiente mais exigente, deixando a moto mais na mão, sob controle! Quem gosta de exigir mais esportividade, cuidado, pois o som do escapamento passa pelos nossos ouvidos, chega ao cérebro e interage com o acelerador diretamente, para mais! Fique atento pois pode ter que exigir bastante do sistema de freio Brembo de última geração. Ele conta com pinças radiais monobloco Stylema e discos de 320 mm na dianteira assistido por ABS cornering e 265 mm no traseiro, e não é por acaso…
Ajustado para o modo ENDURO, ela diminui a entrega de potência para 115 cv, porém, fica mais imediata, como realmente tem que ser. Mesmo assim, com 244 kg (em ordem de marcha) ela se mostrou muito boa de pilotar na terra e, devido a isso, entrar em algumas vias mais estreitas acaba sendo convidativo. As suspensões de curso longo com regulagens eletrônicas, são Marzocchi Ducati Skyhook Suspension (DSS), tem ajuste de altura automático com 170 mm de curso na dianteira e 180 mm na traseira, o que dá mais confiança em se aventurar. Mas não esqueça de desligar o controle anti-wheeling, controle de tração, assistente de saída em aclive e ABS, se for por caminhos bem mais estreitos, deixe essa tecnologia toda que ela oferece para usar no asfalto.
Outro ponto legal é a altura do solo que pode ser ajustável entre 840 a 860 mm.
Rodei aproximadamente 100 km em estradas de terra, muitas subidas e descidas, pedras, poças de lama, enfim, foi bem completo o roteiro e gostei muito do comportamento da moto nessa situação. Mesmo estando com os pneus originais que são bem mais on do que off, foi possível proporcionar diversão. Na volta porém, com alguns trechos molhados e barro, o cuidado foi redobrado. Mas as suspenções e calibragem de ABS e controle de tração, foram ótimos. Posição de lipotagem em pé foi bem agradável também
Falando de consumo, no modo Enduro e andando na terra, a Multistrada V4S fez uma média de combustível de 13km/l. Já na estrada ficou nos 17km/l. Mas quando estamos falando de Ducati, o consumo fica em segundo plano, pois o principal é o prazer que essa máquina italiana pode proporcionar.
Pedal de freio sem regulagem. A Ducati Enduro tem pedal com regulagem…porque não veio para essa? Já que tem a pegada off road, não atrapalha para uso com “mocassim" e ajuda no uso com bota de off road. A não ser que esteja a caminho com a DesertX, que já tem carimbo para o Brasil conforme o novo CEO da Ducati, Daniel Paixão, divulgou na sua apresentação. Clique aqui para saber mais.
A iluminação da placa poderia ser menos exposta para uma moto destinada ao uso on e off road, sempre pode enroscar algo pelo caminho ou desaparecer em uma deitada.
As pedaleiras no uso off road são muito estreitas para quem pilota em pé, cansa rapidamente e incomoda um pouco os pés.
A moto usada veio equipada com o PACOTE PERFORMANCE SPORT MTS 1706 que trás vários acessórios. São eles:
A moto é “dú caramba”, enérgica quando necessário e dócil se assim desejar. O visual é literalmente intimidador! Cada parada em semáforo, simplesmente todos olham para a moto! Fora esse afago no ego, tem esportividade sobrando, conforto na medida e emoção para distribuir! Tecnológica ao extremo, trás segurança onde nem pensava existir (piloto-automático)! Certamente fará a alegria de quem puder colocá-la na garagem.
Preço: R$ 144.990,00 (sem o pacote Performance Sport MTS 1706)