Teste: Yamaha R3 quer ser esportiva para o dia-a-dia
Com 42 cavalos e bom torque em médios giros, modelo é porta de entrada para o mundo das esportivas, mas se sai bem no uso urbano
Por Alexandre Ciszewski
Por Alexandre Ciszewski
Mesmo com linhas que exalam esportividade e muitas soluções técnicas provenientes dos modelos maiores da marca japonesa, a Yamaha YZF-R3 se propõe a ser uma esportiva para o dia-a-dia. Como havíamos experimentado a pequena esportiva equipada com motor de dois cilindros paralelos, de 321 cm³ de capacidade e 42 cavalos de potência somente na pista, rodamos agora nas ruas e estradas para ver como ela se comporta.
Com preço inicial de R$ 19.990 (STD) e R$ 22.590 para a versão com freios ABS, a R3 tem sido bem sucedida nas vendas, se levarmos em consideração o cenário de quedas que afeta o segmento de motos. O modelo chegou ao mercado em meados de setembro e, desde então, foram emplacadas cerca de 300 R3 por mês. Número próximo à meta da Yamaha de comercializar 400 unidades da pequena esportiva. Mas será que ela é uma boa companheira para o dia-a-dia? Confira.
Na cidade
Ágil e fácil de pilotar a R3 não decepciona no trânsito. Ainda que seu torque máximo de 3,02 kgf.m só esteja disponível nos 9.000 rpm, o motor desta Yamaha desperta rapidamente a partir dos 5.000 rpm, com entrega de torque e potência de forma bastante progressiva. Nos corredores apertados dos grandes centros, a moto roda em quarta/quinta marchas, aproveitando bem os médios regimes. Com a quinta marcha engatada, por exemplo, e a 4.000 giros, a miniesportiva nipônica mantém com facilidade a velocidade de 55 km/h.
Nessa situação o que impressiona é a eficiência do câmbio de seis marchas, com bom escalonamento e engates precisos. O bom desempenho em baixos e médios regimes e o vigor em alta rotação são provenientes dos pistões forjados que são mais leves e permitem que o motor ganhe giros com maior facilidade, uma herança das superesportivas maiores da marca.
Seu chassi é construído em tubos de aço com o motor fazendo parte da estrutura (tipo Diamante). O peso de 179 kg (versão ABS) em ordem de marcha confirma sua filosofia de ser uma esportiva leve para o dia-a-dia.
Os pontos negativos ficam por conta do posicionamento dos espelhos retrovisores desta Yamaha, que ficam na mesma altura dos retrovisores dos carros. E isso, às vezes, atrapalha na questão da mobilidade urbana. No quesito consumo urbano, nossa média foi de 22 km/l – boa para a categoria, mas ainda longe de modelos mais econômicos.
Outro detalhe é que a R3 não faz muitas concessões à garupa, como outras esportivas. Não há alça para o passageiro e também não existem pontos de fixação de bagagem. Um ponto negativo se o motociclista precisa de uma moto prática: será preciso usar mochila todos os dias ou instalar um bauleto que, convenhamos, arruinaria a estética dessa pequena esportiva.
Na estrada
Depois de enfrentar a semana em meio ao caótico trânsito de São Paulo, era hora de rodar na estrada. A opção foi o Complexo AutoBan – rodovias Anhanguera – Bandeirantes –, que liga a capital paulista ao interior do Estado. Com asfalto bom, pista livre e sempre em sexta marcha, o motor ia crescendo de forma gradativa: 80 km/h (5.000 rpm), 95 km/h (6.000 rpm), 110 km/h (7.000 rpm), 125 km/h (8.000 rpm). Até 9.000 rpm há ainda bastante torque para uma aceleração extra e, consequentemente, uma ultrapassagem na estrada com segurança.
Mas para ter a potência total (42 cv) é preciso fazer o motor chegar a quase 11.000 rpm. Em aceleração máxima, a miniesportiva da Yamaha chega a 170 km/h. Porém sem sustos, sem trancos, tudo com muita suavidade e esbanjado sua filosofia e concepção dos modelos maiores: as superesportivas R6 e R1.
Em quase 300 Km rodados na estrada, o consumo médio foi de 28 km/l. Com o consumo instantâneo variando entre 21 km/l e 39 km/l, segundos dados em tempo real mostrados pelo computador de bordo no completo painel. O tanque tem capacidade para 14 litros e sua autonomia pode superar os 400 km, mas claro que dependerá muito do estilo de pilotagem.
Ergonomia e ciclística
Por outro lado, a miniesportiva R3 é confortável. O assento é largo e oferece espuma de boa densidade. As pernas do piloto vão bem encaixadas entre o tanque e carenagem, além disso, os semiguidões e a mesa em alumínio, mais alta, também contribuem para uma pilotagem prazerosa. O que confirma sua aptidão de ser uma esportiva para todos os dias e uma boa companheira de estrada. Entretanto, as pedaleiras estão recuadas no melhor estilo racing.
Na dianteira, garfo telescópico de 41 mm de diâmetro com 130 mm de curso e freios disco flutuante de 298 mm de diâmetro, com pinça de dois pistões. Já na traseira, a balança alongada, com monoamortecedor de 125 mm de curso, conta com ajuste na pré-carga da mola. Usa disco simples de 220 mm de diâmetro com pinça de único pistão. Na unidade avaliada, ambas as rodas contam com sistema de freios ABS.
Na prática, o conjunto se mostrou bastante estável e equilibrado, copiando bem as imperfeições do piso. O que realmente merece destaque são os freios. Diferentemente de outros produtos de baixa e média cilindradas da Yamaha, o sistema de freios dessa R3 tem atuação digna de elogios: frenagens seguras e eficazes. Acrescidas da segurança do sistema ABS na unidade testada, transmitiu boa dose de segurança e tranquilidade.
Já os pneus de perfil esportivo e radiais, Metzeler Sportec ME Interact, medidas 110/70-R17 (diant.)/ 140/70-R17 (tras.), apresentaram boa aderência, permitindo desfrutar das curvas mais radicais – como é a proposta da R3. Além disso, o componente manteve o conjunto equilibrado e ajudou também na absorção de impactos.
Conclusão
Só para comparar, sua principal concorrente, a Kawasaki Ninja 300 também está equipada com motor de dois cilindros paralelos, porém de menor capacidade cúbica 296cc. A potência máxima é de 39 cv a 11.000 rpm e torque máximo de 2,8 kgf.m a 10.000 rpm. No motor da R3, porém, as respostas são mais instantâneas, uma vez que o torque aparece mais cedo.
Em função de suas características mecânicas e ciclísticas, a Yamaha YZF-R3 é uma boa opção para quem quer fugir do lugar comum – já que conta com um design agressivo que sugere uma moto de porte maior –, roda na cidade com fluidez, além de ser uma boa companheira de viagem.
Estável nas retas, a R3 contorna curvas com muita propriedade e esportividade. Pode sim ser uma esportiva para o dia-a-dia, com bom nível de conforto, mas sem alguns itens de praticidade. O preço da unidade avaliada, com freios ABS, é de R$ 22.590 à vista. Hoje, a Yamaha tem uma campanha especial de vendas para este modelo: entrada de R$ 6.777, mais 48 parcelas de R$ 508.
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Ficha Técnica
Yamaha YZF-R3 ABS
Motor Dois cilindros paralelos, oito válvulas, DOHC e arrefecimento líquido
Capacidade cúbica 321 cm³
Diâmetro x curso 68 x 44,1 mm
Taxa de compressão 11,2:1
Potência máxima 42 cv a 10.750 rpm
Torque máximo 3,02 kgf.m a 9.000 rpm
Câmbio Seis marchas
Transmissão final Corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Tubular em aço do tipo diamond
Suspensão dianteira Garfo telescópico convencional de 41 mm de diâmetro com 130 mm de curso
Suspensão traseira Balança monoamortecida com 125 mm de curso e ajuste na pré-carga da mola
Freio dianteiro Disco flutuante de 298 mm de diâmetro com pinça de dois pistões (ABS opcional)
Freio traseiro Disco simples de 220 mm de diâmetro com pinça de um pistão (ABS opcional)
Pneus 110/70-R17 (diant.)/ 140/70-R17 (tras.)
Comprimento 2.090 mm
Largura 720 mm
Altura 1.135 mm
Distância entre-eixos 1.390 mm
Distância do solo 160 mm
Altura do assento 780 mm
Peso em ordem de marcha 179 kg (com ABS)
Tanque de combustível 14 litros
Cores Azul/prata, vermelha e preta
Preço R$ 22.590, com ABS
TEXTO: Aldo Tizzani/ Agência INFOMOTO
FOTOS: Mario Villaescusa/ Agência INFOMOTO
VÍDEO: Kiko Tokuda/MOTO.com.br
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